
Quem é de Salvador conhece bem o estilo do Cual - Coletivo Urgente Audiovisual. O grupo de jovens cineastas está sempre experimentando linguagens e construindo sentidos em cima da realidade seja da cidade, seja da própria experiência.
Não é de se estranhar, então, a proposta de O Regresso de Saturno, novo filme de Marcus Curvelo em parceria com Bianca Muniz, que estreia na direção. De um jeito bem próprio, o curta-metragem fala de separação.

O clima caseiro de filmagem, a participação que quase constrói uma gag da cachorrinha, a porta de entrada com uma gravação de uma festa no computador. Tudo vai se arrumando em uma lógica ilógica que parecem fragmentos de pensamentos. Poderia-se quase ousar chamar de estética surrealista.
Só não é, porque, por mais estranho que pareça, há uma narrativa bastante clara que busca a nossa função cognitiva, construindo a trama daquele casal em processo de separação. As próprias conversas, principalmente no terraço, com explicações explícitas inclusive do título do filme, não deixam que a dupla embarque completamente nesse experimento estético.

Ainda assim, a obra tem qualidade e consegue construir um diálogo estético. Além de ser corajosa na própria concepção da dupla. Um filme que pode chocar, mas também instiga e reforça esse desejo do coletivo de se expressar cada vez mais por meio de linguagens audiovisuais.
Filme visto no 6º Olhar de Cinema de Curitiba.
O Regresso de Saturno (Brasil, 2017)
Direção: Bianca Muniz e Marcus Curvelo
Roteiro: Bianca Muniz e Marcus Curvelo
Com: Bianca Muniz e Marcus Curvelo
Duração: 20 min.