Oito anos após Moana conquistar o oceano e nossos corações, a jovem polinésia retorna às telas em uma nova aventura que se passa três anos após os eventos de sua primeira jornada. Continuações sempre representam um risco, mas a Disney, conhecida por suas sequências bem-sucedidas, aposta novamente nesse universo com resultados majoritariamente positivos. Com Moana não é diferente.
Dessa vez, o oceano não é mais um mistério a ser desvendado. Moana, agora uma navegadora experiente, explora as águas em busca de outros povos e terras distantes. Porém, sua busca não tem resultados e ela acaba descobrindo que uma maldição foi lançada sobre seu povo. Ao lado de um grupo improvável e do semideus Maui, ela embarca em uma missão para enfrentar um deus egoísta, cujo propósito é dividir os humanos para enfraquecê-los.
O roteiro mantém a essência feminista que marcou o filme original. Moana, mais do que uma sucessora de seu pai, é agora uma líder nata, uma heroína reverenciada como uma lenda viva. Sua influência se estende não apenas aos adultos de sua aldeia, mas também aos jovens, especialmente à sua pequena irmã. A relação entre as duas é um dos pontos altos da trama, com momentos tocantes que equilibram fofura e profundidade.
O conflito, no entanto, não está no mesmo nível de criatividade e complexidade da primeira aventura. O enredo do filme original, do roubo do coração da deusa Te Fiti e, principalmente, o seu desfecho, era extremamente bem construído e embasado, trazendo camadas muito boas para a obra. Apesar de abordar a separação entre os povos de maneira simbólica, a narrativa peca por certa ingenuidade e deixa de explorar mais a fundo a relação entre o deus antagonista e sua misteriosa ajudante, o que poderia ter adicionado maior densidade à trama.
Ainda assim, a obra possui ritmo. A dinâmica equilibrada entre aventura, humor e emoção prende a atenção do espectador do início ao fim. As suas músicas cadenciadas (ainda que nenhuma tão marcante quanto “Saber quem sou”), sustentam o ritmo e contribuem para a ambientação. Além disso, a narrativa amplia o universo da franquia, sugerindo que há espaço para outras histórias igualmente cativantes.
Os elementos místicos, como a relação de Moana com o oceano e sua avó, continuam presentes, agora enriquecidos pela interação com novas criaturas e forças sobrenaturais. Esses aspectos reforçam a conexão emocional com a protagonista e seu mundo, mantendo viva a magia que conquistou o público na primeira jornada.
Moana 2 mantém o espírito da obra original, ao mesmo tempo em que expande o universo da protagonista com novas aventuras e desafios. Apesar de não atingir o mesmo impacto narrativo do primeiro filme, entrega uma experiência envolvente, repleta de emoção e significado. Mais do que um retorno à história de Moana, o filme reafirma sua posição como uma líder e símbolo de inspiração para gerações, dentro e fora das telas. É um convite para navegar novamente pelas águas da imaginação e revisitar o poder transformador das histórias.
Moana 2 (2024 / Estados Unidos)
Direção: David G. Derrick Jr., Jason Hand, Dana Ledoux Miller
Roteiro: Dana Ledoux Miller, Jared Bush
Com: Dwayne Johnson, Nicole Scherzinger, Alan Tudyk, Temuera Morrison, Rose Matafeo, Auliʻi Cravalho, Rachel House, Hualalai Chung