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Duna: Parte 2
Duna: Parte 2
Três anos após a primeira parte, finalmente, Duna demonstrou a que veio nessa versão de Denis Villeneuve. A construção de mundo e efeitos especiais que tornaram possível realizar o universo imaginado por Frank Herbert continuam impressionantes. E agora, trazem uma trama igualmente instigante, ao contrário da primeira parte que mais pareceu uma grande introdução de duas horas de projeção.
Encontramos Paul Atreides e sua mãe em busca de vingança contra a conspiração que quase dizimou sua família. Para isso, precisam se adaptar ao deserto e serem aceitos pelos Fremen. Mas, aos poucos, ele vai compreendendo que é mais do que isso. Fazendo-se cumprir a profecia, ele precisa aceitar ser Muad'Dib, convencendo também as tribos sobre isso para evitar o futuro terrível que o assombra em suas visões.
A trama política religiosa de Duna não é muito diferente de tudo que já conhecemos, inclusive a própria Bíblia e o mito do messias. A trama do escolhido, do herói que vem para salvar o mundo e libertar um povo um império ameaçador e ditatorial. Ainda assim, consegue ter sua mitologia própria com algumas regras e estruturas distintas, a começar pela seita de mulheres que têm papel importante nessa guerra santa.
A irmandade das Bene Gesserit, a lógica da Madre Superiora, dos mistérios reservados apenas para as mulheres que são treinadas durante toda a vida para lidar com o sagrado subverte e alguma maneira a lógica patriarcal das religiões dominantes em nosso mundo. O Muad’Dib acaba sendo a quebra da regra, o único homem que transcende essa barreira religiosa. Ainda assim, continua sendo um elemento de controle de um povo. Controle esse combatido e denunciado a todo tempo por Chani, personagem de Zendaya.
Timothée Chalamet consegue sustentar bem esse herói trágico. Nos convence em sua jornada, equilibrando a coragem e raiva desse menino que vê a reviravolta de sua vida e por vezes parece até mesmo apático diante de uma missão que parece impossível. Ao mesmo tempo, ao expandir a mente e ir amadurecendo, consegue também nos convencer de sua força e papel fundamental naquela trama.
A construção das cenas no deserto continuam impressionando, em especial quando envolve os vermes. A busca pela dominação dos seres gigantes a ponto de cavalgar neles é visualmente incrível, misturando a adrenalina da aventura com o simbolismo do poder. Mesmo com tanta poeira levantada, é possível perceber os detalhes dos gestos. As batalhas também conseguem ser grandiosas e envolventes, mas é nos detalhes das disputas micros que a obra acaba sendo mais empolgante.
O embate entre fé e poder perpassa todos os núcleos. É possível comprar a ideia daquele mundo e a força daquelas mulheres nas decisões de estado. Desde o imperador, passando pelo Barão e chegando aos próprios Fremen. Ao mesmo tempo, as disputas políticas nos envolvem e dão o tom da narrativa.
É curioso também que em um universo fílmico em que as batalhas trazem armas de fogo diversas, é na disputa com uma faca que a adrenalina nos toma e as batalhas mais importantes são travadas. Uma mistura de mundo futurista e tempos antigos com cavaleiros em duelos pela honra. A força tem diversas camadas e todas são exploradas nas escolhas e estratégias desse mundo que está sendo reconstruído. Isso empolga.
Duna: Parte 2 mantém os aspectos positivos da primeira parte e acrescenta uma narrativa mais consistente e satisfatória. Ainda que a história continue aberta, temos aqui o fechamento de um ciclo. O problema é esperar a continuação que tudo indica começará a ser feita em 2026. Só nos resta aguardar.
Duna - Parte 2 (EUA, 2024)
Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Denis Villeneuve, Jon Spaihts
Com: Timothée Chalamet, Zendaya, Rebecca Ferguson, Josh Brolin, Austin Butler, Florence Pugh, Dave Bautista, Christopher Walken
Duração: 166 min.
![Amanda Aouad](https://lh5.googleusercontent.com/-y3gySJ7opMY/T8BPG_pNY3I/AAAAAAAAHjo/6q24Qi8NDqA/s80/amanda.jpg)
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Duna: Parte 2
2025-02-06T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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