Home
aventura
critica
drama
Freya Allan
Kevin Durand
oscar 2025
Owen Teague
Peter Macon
William H. Macy
Planeta dos Macacos: O Reinado
Planeta dos Macacos: O Reinado
Planeta dos Macacos: O Reinado (2024) retoma com coragem a icônica franquia cinematográfica, situada séculos após os eventos da trilogia anterior — onde César, o carismático líder dos macacos, se tornou uma lenda que moldou o futuro do planeta. Sob a direção de Wes Ball, conhecido por sua habilidade em trilogias jovens como Maze Runner, o filme possui a difícil tarefa de ser tanto uma continuação quanto um recomeço. E, embora existam momentos envolventes e instigantes, ficam evidentes as limitações que o desafiam.
A narrativa acompanha Noa, um jovem chimpanzé interpretado por Owen Teague. Ele é membro do Clã das Águias, uma tribo que interage em contato simbiótico com águias, emblemáticas do que a franquia busca transmitir — a necessidade de coexistência entre diferentes espécies. A trajetória de Noa é uma jornada de ascendência, resgatar seu clã das garras do tirano Proximus, representado com eficácia por Kevin Durand. O desafio de Ball e do roteirista Josh Friedman é manter a conexão do público com um legado tão monumental sem desvirtuar o que já foi construído.
De fato, o filme chama a atenção em sua concepção visual, trivializando um cenário pós-apocalíptico que serve de pano de fundo à nova geração símia. A direção de arte se destaca ao criar um mundo rico, mapeado em detalhes que fazem lembrar da rudimentar violência e brutalidade humana, sendo este o verdadeiro antagonista de nossa história. No entanto, a estética apocalíptica, remanescente dos filmes anteriores, por vezes soa como um espaço genérico — um eco visual que poderia se beneficiar de uma identidade mais marcante.
O elenco faz um trabalho considerável, destacando-se a química entre Noa e Raka, interpretado por Peter Macon. O orangotango simboliza a preservação da história símia e a necessidade de recordar César, cujos ensinamentos foram distorcidos pelo regime opressivo de Proximus. O momento em que ele dita as Leis de César para Noa é, sem dúvidas, um dos mais tocantes do filme. Essa relação torna-se um aspecto vital da narrativa, uma ligação que muitas vezes tece uma crítica social sobre a educação, a memória e como os mitos são formados e desvirtuados ao longo do tempo.
Entretanto, não podemos deixar de notar algumas falhas. A construção da personagem Nova, a humana instintiva interpretada por Freya Allan, parece um tanto superficial. Embora tenha seu valor narrativo ao adicionar uma perspectiva humana à história, sua caracterização escorrega em clichês de aventura e não entrega a profundidade esperada. Além disso, a linha narrativa muitas vezes se revela previsível, com momentos que acarretam em uma linearidade infeliz, ao invés de uma ousadia que revigorasse a trama. O ataque na lua cheia, quando o Clã das Águias é atacado pela horda de Proximus, é visualmente impactante, mas a previsibilidade das resoluções poderia ter sido evitada com mais ousadia.
O roteiro, embora simples, tem seus méritos ao tecer questões intrigantes sobre poder, força e comunidade. As discussões sócio-políticas, que sempre foram um pano de fundo crucial na franquia, se mantêm apolíticas — desafiando a audiência a refletir sobre a sociedade moderna. Os diálogos moldam uma ponte entre a narrativa antiga e o futuro traçado no filme, uma conexão que mostra como a história continua a se desenrolar e moldar destinos, mesmo quando o personagem que a iniciou já não está presente.
Em resumo, Planeta dos Macacos: O Reinado é, sem dúvida, uma adição visualmente rica e emocionalmente carregada à franquia, mas que se vê limitada por uma execução narrativa que, em muitos momentos, não acompanha a força de suas ambições. Wes Ball, ainda que tenha uma direção segura, não traça um caminho distinto o suficiente para tornar este filme memorável em sua totalidade. Restam esperanças de que os próximos capítulos nessa saga — que claramente cultivam sementes tanto na tradição quanto na inovação — consigam validar essa jornada assim como César fez em seu tempo, reunindo os macacos numa jornada de compreensão e esperança.
Planeta dos Macacos: O Reinado (Kingdom of the Planet of the Apes, 2024 / EUA)
Direção: Wes Ball
Roteiro: Josh Friedman
Com: Owen Teague, Freya Allan, Kevin Durand, Peter Macon, William H. Macy, Neil Sandilands, Eka Darville, Travis Jeffery, Lydia Peckham
Duração: 145 min.
![Ari Cabral](https://lh3.googleusercontent.com/-vneijQd_q4A/T8BP5-dHdnI/AAAAAAAAHjw/2zILJmaRZ7c/s80/ari.jpg)
Ari Cabral
Bacharel em Publicidade e Propaganda, profissional desde 2000, especialista em tratamento de imagem e direção de arte. Com experiência também em redes sociais, edição de vídeo e animação, fez ainda um curso de crítica cinematográfica ministrado por Pablo Villaça. Cinéfilo, aprendeu a ser notívago assistindo TV de madrugada, o único espaço para filmes legendados na TV aberta.
Planeta dos Macacos: O Reinado
2025-02-18T08:30:00-03:00
Ari Cabral
aventura|critica|drama|Freya Allan|Kevin Durand|oscar 2025|Owen Teague|Peter Macon|William H. Macy|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
A arte pode nos salvar. Pode parecer uma frase de efeito, mas é a mais pura verdade. Vide o período da pandemia em que filmes , músicas, liv...
-
Lançado em 1993 , O Dossiê Pelicano reúne dois dos maiores astros do cinema da época, Julia Roberts e Denzel Washington , em um thriller ...
-
O filme A Única Mulher na Orquestra (The Only Girl in the Orchestra), um documentário em curta metragem dirigido pela cineasta Molly O’Br...
-
Poucos filmes conseguem equilibrar tão bem o senso de aventura, mitologia e inovação técnica como Jasão e os Argonautas (1963), dirigido pe...
-
1988, o Chile vive uma ditadura que já dura 15 anos. A pressão internacional é grande e o ditador Pinochet resolve promover um Plebiscito...
-
“A Bruxa Má do Oeste está morta”. Assim começa Wicked , filme baseado no famoso musical da Broadway que retrocede no tempo para contar a h...
-
Wonderland (2024), dirigido por Kim Tae-yong , chegou ao catálogo da Netflix carregado de expectativas. Anunciado anos atrás, seu lançamen...
-
Não confundam com o filme de terror de 1995 dirigido por Gregory Widen . Relembro hoje, Iron Jawed Angels , um filme da HBO sobre a luta p...
-
Treze indicações ao Oscar , diversos prêmios desde o Festival de Cannes 2024, não há como negar que Emilia Pérez é um fenômeno. O que não s...