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“A Bruxa Má do Oeste está morta”. Assim começa Wicked, filme baseado no famoso musical da Broadway que retrocede no tempo para contar a história de Elphaba (a bruxa má) e Glinda, a bruxa boa do leste muito antes dos acontecimentos em O Mágico de Oz. E é acertada a escolha de começar com Oz inteira comemorando a morte daquela “vilã”, para depois desmistificá-la.
A quebra das narrativas maniqueístas e ressignificação de famosas vilã é uma tarefa complexa, mas ao mesmo tempo fascinante. Traz camadas e apresenta as personagens mais complexas demonstrando que todas as histórias têm, ao menos, dois lados. Desde As Brumas de Avalon, que trouxe os bastidores do reino do Rei Arthur, nos apresentando uma outra Morgana, a lógica de quebra o estereótipo da bruxa má fascina. Afinal, fomos criados com as imagens das mulheres hereges queimadas na fogueira da Inquisição medieval.
Com a Bruxa Má do Oeste isso fica ainda mais instigante, afinal, quem já viu O Mágico de Oz, sabe que ela é o estereótipo do estereótipo. Não apenas em maldade, mas também esteticamente. A bruxa vestida de preto, com chapéu pontudo, nariz grande e voando em uma vassoura. Aqui acrescenta-se ainda o tom de pele verde, que é o gancho para construção aprofundada da história de Elphaba.
“Não, ela não está enjoada, nem comeu capim”, ela sempre foi verde, como gosta de se apresentar. Esse detalhe a fez ser rejeitada pelos próprios pais e ser criada à margem da sociedade. Até que vai acompanhar sua irmã no início do ano letivo da Universidade de Shiz e acaba ficando, afinal, ela tem o dom da magia, como percebe a famosa professora Madame Morrible. É lá também que conhece Glinda, seu oposto, bela e popular, mas sem poderes aparentes.
A construção da trama no contraste das duas bruxas é feliz, pois não simplesmente inverte os papéis colocando Glinda como uma malvada sonsa. Há camadas em ambas, há verdade e há interesses conflitantes. Essa complexidade que nos permite ver que não existe uma dualidade pura e simples de bem vs mal, deixa a relação de rivalidade e posterior amizade envolvente, nos conduzindo junto com elas naquela jornada.
Jon M. Chu dá um ritmo próprio ao musical. As músicas fluem bem, deixando a narrativa orgânica e a composição das cenas e escolhas de direção ajudam na fruição da história e construção de empatia com as personagens. A questão da causa animal, por exemplo, é bem desenvolvida. Destaque, claro, para a música “Defying Gravity”, a mais famosa da trilha sonora e que aqui ganha ainda mais força pela composição da cena.
As atuações também são um ponto forte, em especial Cynthia Erivo e Ariana Grande brilham como as protagonistas, trazendo camadas para suas personagens em cada gesto, além, claro da interpretação das canções. Destaque também para Michelle Yeoh como Madame Morrible e Peter Dinklage que dá voz ao Dr. Dillamond.
Ainda que seja apenas a primeira parte de uma história maior, o roteiro de Wicked consegue construir uma narrativa satisfatória, fechando um arco e não dando exatamente uma sensação de trama interrompida. O universo de Oz já foi explorado em diversas obras, mas parece mesmo não perder a sua força. Estamos sempre dispostos a embarcar naquele mundo de desejos e ilusões que é sempre uma jornada prazerosa.
Wicked (Estados Unidos, 2025)
Direção: Jon M. Chu
Roteiro: Winnie Holzman, Dana Fox
Com: Cynthia Erivo, Ariana Grande, Jonathan Bailey, Ethan Slater, Michelle Yeoh, Jeff Goldblum, Marissa Bode, Bowen Yang, Peter Dinklage
Duração: 160 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Wicked
2025-02-04T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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