Um país em três horas
A história de qualquer país, por menor que seja, não pode ser contada em um filme. E foi isso que tentou Baz Luhrmann, o que tornou seu novo filme Austrália uma saga maçante, pois tenta falar de tudo ao mesmo tempo e acaba não fortalecendo o principal. Tem Segunda Guerra, tem aborígenes, tem disputa de terra e briga de gado, tem amor, tem corrupção e vilania. Foi lançado como um "filme de antigamente", sendo comparado pelos produtores a dois grandes clássicos do cinema: E o vento levou e Entre dois amores. Semelhanças entre os três, há, não resta dúvidas. Afinal, Austrália é um épico sobre uma época, onde a personagem principal é uma mulher forte, destemida, avessa à convenções. Ela também é uma mulher em um país estranho, que se apaixona por um homem rústico e por esse país. E aí está o problema maior. Tentar juntar os dois filmes. É muita informação para uma única projeção. O espectador cansa e se perde em muitos momentos.
A pior coisa para um roteiro é parecer que acabou e ainda ter muita história a ser contada. A gente tem essa sensação em diversos momentos do filme. Vi muita gente saindo no meio e muita gente impaciente sair reclamando. Mas, não deixa de ser um filme corajoso. E tem bons momentos. Uma bela fotografia, cenas de ação de tirar o fôlego, momentos de poesia. Se deixarmos nos levar pelo melodrama, seja na relação amorosa ou na relação de Sara Ashley com o pequeno aborígene, em algumas cenas podemos até mesmo nos emocionar. Mas, até nisso os clichês são fortes demais. Tudo é exagerado demais em Austrália.
Fora a construção de Sara Ashley que no início beira ao pastelão. O que dizer da cena em que ela vê pela primeira vez um canguru? Ou quanto chega ao porto australiano e o Capataz está lutando com suas malas? Cenas pitorescas como a de Rei George em meio ao bombardeio do porto, ou a corrida de bois para embarcar no navio, também são over ao extremo. Mas, o pior ainda está por vir. Se você não viu o filme e não quer perder a surpresa, não leia o próximo parágrafo. Fique com o trailer do filme e volte aqui após sua jornada. Mas, se você é do tipo que não gosta de clássicos melodramáticos, pode continuar e não veja o filme, vai ser perda de tempo.
Matar a personagem principal seria algo extremamente corajoso, um final triste, mas poético, com o Capataz criando o menino aborígene, na fazenda. Cheguei a pensar que teriam a coragem de finalizar o filme ali. Porém, apesar de vermos Sara ser a primeira atingida com a explosão do local, não é ela quem morre. Em uma aparição surreal, ela ressurge e reencontra o seu amado e seu filho adotivo. Nem aí, o filme acaba. Já na fazenda, mais algumas cenas de família feliz, antes do aborígene finalmente aceitar o convite de Rei George para sua jornada de vida. Afinal, ele é um aborígene e pertence ao mundo, não à "senhora patroa". Definitivamente, há bons momentos, mas Austrália não chega aos pés de um clássico do cinema.
A pior coisa para um roteiro é parecer que acabou e ainda ter muita história a ser contada. A gente tem essa sensação em diversos momentos do filme. Vi muita gente saindo no meio e muita gente impaciente sair reclamando. Mas, não deixa de ser um filme corajoso. E tem bons momentos. Uma bela fotografia, cenas de ação de tirar o fôlego, momentos de poesia. Se deixarmos nos levar pelo melodrama, seja na relação amorosa ou na relação de Sara Ashley com o pequeno aborígene, em algumas cenas podemos até mesmo nos emocionar. Mas, até nisso os clichês são fortes demais. Tudo é exagerado demais em Austrália.
Fora a construção de Sara Ashley que no início beira ao pastelão. O que dizer da cena em que ela vê pela primeira vez um canguru? Ou quanto chega ao porto australiano e o Capataz está lutando com suas malas? Cenas pitorescas como a de Rei George em meio ao bombardeio do porto, ou a corrida de bois para embarcar no navio, também são over ao extremo. Mas, o pior ainda está por vir. Se você não viu o filme e não quer perder a surpresa, não leia o próximo parágrafo. Fique com o trailer do filme e volte aqui após sua jornada. Mas, se você é do tipo que não gosta de clássicos melodramáticos, pode continuar e não veja o filme, vai ser perda de tempo.
Matar a personagem principal seria algo extremamente corajoso, um final triste, mas poético, com o Capataz criando o menino aborígene, na fazenda. Cheguei a pensar que teriam a coragem de finalizar o filme ali. Porém, apesar de vermos Sara ser a primeira atingida com a explosão do local, não é ela quem morre. Em uma aparição surreal, ela ressurge e reencontra o seu amado e seu filho adotivo. Nem aí, o filme acaba. Já na fazenda, mais algumas cenas de família feliz, antes do aborígene finalmente aceitar o convite de Rei George para sua jornada de vida. Afinal, ele é um aborígene e pertence ao mundo, não à "senhora patroa". Definitivamente, há bons momentos, mas Austrália não chega aos pés de um clássico do cinema.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Um país em três horas
2009-02-01T23:31:00-03:00
Amanda Aouad
aventura|critica|drama|
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