Paixão de Cristo
Sexta-Feira Santa, pensei em fazer uma lista de filmes que retratam a vida de Jesus, o significado da Páscoa para cristãos e para judeus (lembrando que a Páscoa Judaica não ocorrerá neste domingo), porém, me veio fortemente a vontade de falar do filme que Mel Gibson levou as telas no ano de 2004.
A Paixão de Cristo chegou aos cinemas sob muitas polêmicas, principalmente a acusação de ser anti-semita. Cristão conservador, Mel Gibson bancou 25 dos 30 milhões necessários para o filme, que rendeu isso já na primeira semana, dando lucro suficiente para vários outros. E ele fez o filme que queria. Retratando as doze últimas horas da vida de Cristo, sendo o mais fiel possível as sagradas escrituras, chegou a fazer seus atores falarem aramaico e latim coloquial da época. E incomodou a comunidade judaica que se sentiu com sangues nas mãos, diante de cenas tão explícitas.
O filme impressiona e é, sem dúvidas, muito bem feito. Mel Gibson é um excelente diretor e já provou sua capacidade de envolver o espectador com suas imagens. Com a câmera quase grudada no corpo de Cristo, expõe o sofrimento real de uma crucificação, deixando uma inquietante certeza de que homens bons e justos continuarão sofrendo nas mãos da humanidade. A fotografia é muito bem feita, a reconstrução de época impecável e os atores estão excelentes, demonstrando o sofrimento do calvário de Jesus até o Monte das Oliveiras.
Jesus morreu na cruz para nos salvar, aprendemos isso na aula de catecismo. Será que precisávamos ver tanto sangue na tela para sentir essa responsabilidade? Do excelente filme, porque como filme nos termos cinematográficos ele é excelente, fica a inquietante pergunta: foi pra isso que ele morreu na cruz? Para que dois mil anos depois a gente esteja assistindo sua Paixão e nos sintamos culpados? Incomodados? Vários filmes encenaram a Paixão de Cristo, está na Bíblia o seu calvário. Porém, em ambos os casos, é retratado também os seus três anos de vida pública, seus milagres, suas pregações, enfim, sua mensagem. O filme de Gibson se foca apenas nas doze horas de sofrimento e torna todo o resto insignificante.
Jesus é o Deus vivo, pelo menos em minha concepção e a mensagem que ele trouxe ao mundo foi a de amor. Ele disse: "Eu vos deixo um único mandamento, amai-vos uns aos outros, como eu vos amei". Então, por que sofrer e cultuar sua morte a cada ano? Por que não cultuar suas mensagens a cada dia? Por que não procurar viver de acordo com seus ensinamentos e seguir em frente? Se Mel Gibson é tão cristão assim, em vez de gastar 25 milhões com um filme que só mostra sofrimento, ele podia fazer algo de bom pela humanidade, não? O filme é uma poderosa arma de comunicação. Não foi à toa que os Estados Unidos usaram Hollywood para disseminar sua cultura de vida e dominar os outros países. Vamos usá-lo de forma positiva, então.
Boa Páscoa a todos!
A Paixão de Cristo chegou aos cinemas sob muitas polêmicas, principalmente a acusação de ser anti-semita. Cristão conservador, Mel Gibson bancou 25 dos 30 milhões necessários para o filme, que rendeu isso já na primeira semana, dando lucro suficiente para vários outros. E ele fez o filme que queria. Retratando as doze últimas horas da vida de Cristo, sendo o mais fiel possível as sagradas escrituras, chegou a fazer seus atores falarem aramaico e latim coloquial da época. E incomodou a comunidade judaica que se sentiu com sangues nas mãos, diante de cenas tão explícitas.
O filme impressiona e é, sem dúvidas, muito bem feito. Mel Gibson é um excelente diretor e já provou sua capacidade de envolver o espectador com suas imagens. Com a câmera quase grudada no corpo de Cristo, expõe o sofrimento real de uma crucificação, deixando uma inquietante certeza de que homens bons e justos continuarão sofrendo nas mãos da humanidade. A fotografia é muito bem feita, a reconstrução de época impecável e os atores estão excelentes, demonstrando o sofrimento do calvário de Jesus até o Monte das Oliveiras.
Jesus morreu na cruz para nos salvar, aprendemos isso na aula de catecismo. Será que precisávamos ver tanto sangue na tela para sentir essa responsabilidade? Do excelente filme, porque como filme nos termos cinematográficos ele é excelente, fica a inquietante pergunta: foi pra isso que ele morreu na cruz? Para que dois mil anos depois a gente esteja assistindo sua Paixão e nos sintamos culpados? Incomodados? Vários filmes encenaram a Paixão de Cristo, está na Bíblia o seu calvário. Porém, em ambos os casos, é retratado também os seus três anos de vida pública, seus milagres, suas pregações, enfim, sua mensagem. O filme de Gibson se foca apenas nas doze horas de sofrimento e torna todo o resto insignificante.
Jesus é o Deus vivo, pelo menos em minha concepção e a mensagem que ele trouxe ao mundo foi a de amor. Ele disse: "Eu vos deixo um único mandamento, amai-vos uns aos outros, como eu vos amei". Então, por que sofrer e cultuar sua morte a cada ano? Por que não cultuar suas mensagens a cada dia? Por que não procurar viver de acordo com seus ensinamentos e seguir em frente? Se Mel Gibson é tão cristão assim, em vez de gastar 25 milhões com um filme que só mostra sofrimento, ele podia fazer algo de bom pela humanidade, não? O filme é uma poderosa arma de comunicação. Não foi à toa que os Estados Unidos usaram Hollywood para disseminar sua cultura de vida e dominar os outros países. Vamos usá-lo de forma positiva, então.
Boa Páscoa a todos!
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Paixão de Cristo
2009-04-10T14:09:00-03:00
Amanda Aouad
critica|drama|Jim Caviezel|Mel Gibson|
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