Eles não usam black-tie
Um dos fundadores do Cinema Novo, Leon Hirszman sempre foi extremamente sensível. Sua direção, com uma linguagem neo-realista e temas relativos à pobreza, sempre retrataram a realidade social brasileira. Assim, em 1981 ele resolveu adaptar para o cinema a peça homônima de Gianfrancesco Guarnieri, escrita para o Teatro de Arena em 1958.
O filme conta a história de uma família de operários, onde Otávio, o pai, é um ativista politizado, que já foi preso pela ditadura e quer lutar por melhorias da classe enquanto que seu filho, Tião, quer apenas se dar bem na vida. Quando engravida a namorada Maria e tem que casar, acaba tornando-se dedo-duro e fura-greve, decepcionando a todos.
Apesar de pouco conhecido hoje em dia, Eles não usam Black-Tie fez sucesso de público, de crítica nacional e internacional, ganhou prêmios expressivos como o Festival de Veneza. Além de se tornar um marco no cinema político brasileiro. Sua expressividade social e ideológica é tamanha que mesmo hoje, causa impacto. É também precursor, já que fala em greve dois anos depois da primeira grande paralização no ABC paulista.
Mais do que falar apenas da classe operária e dificuldades do povo, o filme traz uma reflexão sobre o nosso papel na vida. Na luta pelos próprios direitos. Na passividade da maioria da população. Na lei da vantagem que muitos gostam de exaltar. Ou seja, os ideais comunistas estão dissolvidos pelas falas e ações do filme, porém de uma maneira salutar, questionadora, que vale a reflexão do mundo em que vivemos. Destaco esta cena específica:
O elenco também chama a atenção. Gianfrancesco Guarnieri, Fernanda Montenegro, Bete Mendes, Milton Gonçalves, Francisco Milani e mesmo Carlos Alberto Riccelli estão muito bem em seus papéis. Com interpretações realistas, comoventes. Um filme que vale a pena ser lembrado, visto e revisto. Cinema nacional de ótima qualidade.
Prêmios:
Leão de Ouro do Festival de Veneza, 1981; prêmio FIPRESCI (Federação Internacional de Crítica Cinematográfica; prêmio OCIC (Office Catholique International du Cinéma); prêmio AGIS da Banca Nazionale del Lavoro; prêmio FICE (Federação Italiana dos Cinemas de Arte); Grande Prêmio do Festival dos Três Continentes, Nantes, França, 1981; Grande Prêmio Coral do III Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano, Havana, Cuba, 1981; Espiga de Ouro do Festival Internacional de Valladolid, Espanha, 1981; melhor filme do X Festival Internacional de Cinema de Montreuil, França, 1982; prêmio da crítica para o melhor filme ibero-americano no Festival de Cartagena, Colômbia, 1983; Margarida de Prata da CNBB para o melhor longa-metragem de 1981; Prêmios Air France de Cinema de 1981 para melhor filme, diretor e atriz (Fernanda Montenegro), e prêmio especial para Gianfrancesco Guarnieri; prêmio Curumim do Cineclube de Marília, SP, 1982.
O filme conta a história de uma família de operários, onde Otávio, o pai, é um ativista politizado, que já foi preso pela ditadura e quer lutar por melhorias da classe enquanto que seu filho, Tião, quer apenas se dar bem na vida. Quando engravida a namorada Maria e tem que casar, acaba tornando-se dedo-duro e fura-greve, decepcionando a todos.
Apesar de pouco conhecido hoje em dia, Eles não usam Black-Tie fez sucesso de público, de crítica nacional e internacional, ganhou prêmios expressivos como o Festival de Veneza. Além de se tornar um marco no cinema político brasileiro. Sua expressividade social e ideológica é tamanha que mesmo hoje, causa impacto. É também precursor, já que fala em greve dois anos depois da primeira grande paralização no ABC paulista.
Mais do que falar apenas da classe operária e dificuldades do povo, o filme traz uma reflexão sobre o nosso papel na vida. Na luta pelos próprios direitos. Na passividade da maioria da população. Na lei da vantagem que muitos gostam de exaltar. Ou seja, os ideais comunistas estão dissolvidos pelas falas e ações do filme, porém de uma maneira salutar, questionadora, que vale a reflexão do mundo em que vivemos. Destaco esta cena específica:
O elenco também chama a atenção. Gianfrancesco Guarnieri, Fernanda Montenegro, Bete Mendes, Milton Gonçalves, Francisco Milani e mesmo Carlos Alberto Riccelli estão muito bem em seus papéis. Com interpretações realistas, comoventes. Um filme que vale a pena ser lembrado, visto e revisto. Cinema nacional de ótima qualidade.
Prêmios:
Leão de Ouro do Festival de Veneza, 1981; prêmio FIPRESCI (Federação Internacional de Crítica Cinematográfica; prêmio OCIC (Office Catholique International du Cinéma); prêmio AGIS da Banca Nazionale del Lavoro; prêmio FICE (Federação Italiana dos Cinemas de Arte); Grande Prêmio do Festival dos Três Continentes, Nantes, França, 1981; Grande Prêmio Coral do III Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano, Havana, Cuba, 1981; Espiga de Ouro do Festival Internacional de Valladolid, Espanha, 1981; melhor filme do X Festival Internacional de Cinema de Montreuil, França, 1982; prêmio da crítica para o melhor filme ibero-americano no Festival de Cartagena, Colômbia, 1983; Margarida de Prata da CNBB para o melhor longa-metragem de 1981; Prêmios Air France de Cinema de 1981 para melhor filme, diretor e atriz (Fernanda Montenegro), e prêmio especial para Gianfrancesco Guarnieri; prêmio Curumim do Cineclube de Marília, SP, 1982.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Eles não usam black-tie
2009-05-11T15:10:00-03:00
Amanda Aouad
cinema brasileiro|critica|drama|filme brasileiro|
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