Sylvester Stallone, um lutador
Estereótipos e preconceitos são armas poderosas da mídia. Difícil lutar contra uma imagem negativa, ainda mais quando esta imagem está associada a filmes banais e interpretações medíocres. Assim, é Sylvester Stallone. O ator pouco acreditado no meio, lutou durante toda a sua carreira por um pouco de reconhecimento. Antes da fama chegou a trabalhar como lanterninha de cinema e em zoológicos, limpando jaulas de leão. Resolveu tentar a carreira como ator e chegou a atuar em um filme pornô barato chamado "o garanhão italiano". Ao assistir uma luta entre Mohammad Ali e um boxeador desconhecido teve uma ideia para um roteiro, escrito em três dias. Assim nasceu Rocky Balboa, o personagem que o consagraria e seria repetido em mais cinco filmes.
A consagração com as dez indicações ao Oscar, o sucesso e a carreira promissora, no entanto, não fizeram de Stallone um ator de reconhecido talento. Falar dele e de seus filmes, tornou-se algo passível de críticas. Durante anos, tive em Rocky a imagem de uma série de filmes menor, melodrama barato. Porém, revendo o primeiro filme, comecei a perceber as nuances de um clássico digno de ser visto, revisto e analisado.
A começar, não é uma história de um boxeador qualquer. É a história de um homem comum, sofrido, depressivo que só quer uma oportunidade na vida. Boxeador de terceira categoria, desacreditado por todos, Rocky sobrevive como capanga de um agiota, mora em um apartamento de aspecto sofrível e paquera, sem sucesso, a atendente de uma loja de animais: Adrian. Sua sorte muda, quando o campeão mundial de pesos pesado, Apollo Creed, resolve dar uma "chance" a um lutador local como prova de que a América é a terra das oportunidades. A escolha de Rocky é por causa de seu codinome pouco comum: O garanhão italiano. Sim, o mesmo nome do tal filme pornô que Stallone fez no início de carreira. Apollo acha que o nome dará boas notícias na mídia e promete acabar com a luta no terceiro round. Rocky aceita o desafio e o encara como a grande chance de sua vida. Ele sabe que não pode ganhar de um campeão, mas quer, ao menos, lutar bem e resistir aos quinze assaltos.
Traça-se aqui uma trajetória do herói incomum. Mesmo assim, traz semelhanças com o manual criado por Vogler na década de 90, inspirado nas mil fases do herói de Joseph Campbell . Primeiro, Rocky já é um derrotado. Sofre como um condenado, sua vida é um desafio constante. Não é preciso, então, chamá-lo a aventura. Quando a chance de mudar aparece, ele não recusa, está lá de forma intensa, perseverante. Mas, precisa de um mentor. Apesar da trajetória de Rocky em seu primeiro filme ser basicamente sozinha, ele precisa de Mickey que lhe dá dicas, incentivos e apoio. Ele possui um bem desejado, que é Arien e encontra o seu elixir.
As lutas de Rocky, analisando toda a série, são sempre bem parecidas com a trajetória. Ele apanha muito antes de conseguir encaixar um golpe. É a sua sina, ele sempre começa por baixo e busca a superação. Até no sexto filme, quando ele já é um homem aposentado, está por baixo, sem o apoio do filho, viúvo e com dificuldades em seu restaurante.
Mas, voltando a Rocky - um lutador, o filme funciona sozinho, por mais que peça uma continuação. Afinal, aquele é apenas o início de carreira de Rocky, todos terminam o filme esperando o que vem depois. De qualquer forma, é a história de um homem e sua capacidade de superação. Impossível não se sensibilizar com ele. Até mesmo a sua amada Arien é totalmente atípica. Uma mulher extremamente tímida que desabrocha aos poucos, ao seu lado.
É, sem dúvidas, um ótimo roteiro. Pode não ter ganho o Oscar na categoria específica, mas ajudou-o a ganhar o de melhor filme e direção. Sua história é redonda, consistente e não cai no piegas. Não apela no final, fazendo uma conclusão coerente, possível e bastante satisfatória. Ou seja, é um bom filme e merece reconhecimento.
A consagração com as dez indicações ao Oscar, o sucesso e a carreira promissora, no entanto, não fizeram de Stallone um ator de reconhecido talento. Falar dele e de seus filmes, tornou-se algo passível de críticas. Durante anos, tive em Rocky a imagem de uma série de filmes menor, melodrama barato. Porém, revendo o primeiro filme, comecei a perceber as nuances de um clássico digno de ser visto, revisto e analisado.
A começar, não é uma história de um boxeador qualquer. É a história de um homem comum, sofrido, depressivo que só quer uma oportunidade na vida. Boxeador de terceira categoria, desacreditado por todos, Rocky sobrevive como capanga de um agiota, mora em um apartamento de aspecto sofrível e paquera, sem sucesso, a atendente de uma loja de animais: Adrian. Sua sorte muda, quando o campeão mundial de pesos pesado, Apollo Creed, resolve dar uma "chance" a um lutador local como prova de que a América é a terra das oportunidades. A escolha de Rocky é por causa de seu codinome pouco comum: O garanhão italiano. Sim, o mesmo nome do tal filme pornô que Stallone fez no início de carreira. Apollo acha que o nome dará boas notícias na mídia e promete acabar com a luta no terceiro round. Rocky aceita o desafio e o encara como a grande chance de sua vida. Ele sabe que não pode ganhar de um campeão, mas quer, ao menos, lutar bem e resistir aos quinze assaltos.
Traça-se aqui uma trajetória do herói incomum. Mesmo assim, traz semelhanças com o manual criado por Vogler na década de 90, inspirado nas mil fases do herói de Joseph Campbell . Primeiro, Rocky já é um derrotado. Sofre como um condenado, sua vida é um desafio constante. Não é preciso, então, chamá-lo a aventura. Quando a chance de mudar aparece, ele não recusa, está lá de forma intensa, perseverante. Mas, precisa de um mentor. Apesar da trajetória de Rocky em seu primeiro filme ser basicamente sozinha, ele precisa de Mickey que lhe dá dicas, incentivos e apoio. Ele possui um bem desejado, que é Arien e encontra o seu elixir.
As lutas de Rocky, analisando toda a série, são sempre bem parecidas com a trajetória. Ele apanha muito antes de conseguir encaixar um golpe. É a sua sina, ele sempre começa por baixo e busca a superação. Até no sexto filme, quando ele já é um homem aposentado, está por baixo, sem o apoio do filho, viúvo e com dificuldades em seu restaurante.
Mas, voltando a Rocky - um lutador, o filme funciona sozinho, por mais que peça uma continuação. Afinal, aquele é apenas o início de carreira de Rocky, todos terminam o filme esperando o que vem depois. De qualquer forma, é a história de um homem e sua capacidade de superação. Impossível não se sensibilizar com ele. Até mesmo a sua amada Arien é totalmente atípica. Uma mulher extremamente tímida que desabrocha aos poucos, ao seu lado.
É, sem dúvidas, um ótimo roteiro. Pode não ter ganho o Oscar na categoria específica, mas ajudou-o a ganhar o de melhor filme e direção. Sua história é redonda, consistente e não cai no piegas. Não apela no final, fazendo uma conclusão coerente, possível e bastante satisfatória. Ou seja, é um bom filme e merece reconhecimento.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Sylvester Stallone, um lutador
2009-06-20T14:32:00-03:00
Amanda Aouad
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