Adaptação: dos palcos para as telas
Grande sucesso nos palcos, estreia nesta sexta-feira o filme Tempos de Paz, do diretor "sucesso de bilheteria" Daniel Filho. Ele é um dos poucos que conseguiu êxito nas telas com adaptações do teatro: A Dona da História e A Partilha. Do segundo, posso falar com propriedade, pois assisti a peça e ao filme, e posso afirmar que a peça é muito melhor.
Não pelas atrizes (Arlete Sales, Suzana Vieira, Natália do Vale e Thereza Piffer), já que o elenco do filme também é muito bom (Lília Cabral, Andréa Beltrão, Glória Pires, Paloma Duarte), mas por todo o contexto. O palco é diferente das telas. Parece óbvio esta afirmação, mas é que uma vez experimentada a emoção ao vivo, a sensação de ver a história na tela, sempre será inferior. Além disso, no caso de A Partilha, outras tramas tiveram que ser acrescidas, com novos personagens e cenários para dar dinâmica, já que a peça acontece o tempo todo no apartamento da falecida mãe. Houve também um peso maior ao drama, a parte final do filme é bastante emotiva, ao contrário da peça que tem um ritmo maior de comédia.
Muitos seriam os motivos apontados, porém nada seria conclusivo. A verdade é que a arte da adaptação, como já foi exaustivamente comentado aqui, é difícil. É outro meio, outra técnica, outra linguagem, então, temos outra história e o espectador sempre irá fazer comparações. Por mais que você tente ser fiel, tem que adaptar para o meio, causando estranheza e, por vezes, revolta de um fã fiel. A única coisa que deve permanecer é a essência da obra, isso não deve ser mexido, mas o formato tem que ser adaptado. Mesmo um texto de Shakespeare não é a mesma coisa nos palcos e nas telas. Pode até ficar melhor, mas sempre será diferente. Clássicos da Broadway viraram verdadeiras obras-primas em Hollywood, a exemplo de A Noviça Rebelde ou My Fair Lady.
No Brasil, no entanto, grandes peças ao passar para o cinema foram verdadeiros fracassos. Um exemplo é a peça Irma Vap que entrou para o Guinness como o espetáculo que permaneceu mais tempo em cartaz com o mesmo elenco, no cinema foi um verdadeiro fracasso. As justificativas são variadas, porém, a questão é que existem textos e histórias para cada meio. Ao adaptar, é necessário a sensibilidade para saber com que veículo estamos lidando e se aquela história funciona ou não.
Uma obra bastante cinematográfica que veio dos palcos e fez sucesso no Brasil foi A Máquina. Na verdade, a história original era um livro. Duplamente adaptado, o filme pode não ter sido um grande sucesso, mas funciona bem, tendo momentos bastante interessantes. A força da história e seu inusitado desfecho ajudam para que seja bem sucedido em qualquer meio.
Agora é aguardar para ver se Daniel Filho irá conseguir com um drama o mesmo sucesso que conseguiu com seus filmes de comédia.
P.S. Este post foi sugestão de Lucas Nobre.
Não pelas atrizes (Arlete Sales, Suzana Vieira, Natália do Vale e Thereza Piffer), já que o elenco do filme também é muito bom (Lília Cabral, Andréa Beltrão, Glória Pires, Paloma Duarte), mas por todo o contexto. O palco é diferente das telas. Parece óbvio esta afirmação, mas é que uma vez experimentada a emoção ao vivo, a sensação de ver a história na tela, sempre será inferior. Além disso, no caso de A Partilha, outras tramas tiveram que ser acrescidas, com novos personagens e cenários para dar dinâmica, já que a peça acontece o tempo todo no apartamento da falecida mãe. Houve também um peso maior ao drama, a parte final do filme é bastante emotiva, ao contrário da peça que tem um ritmo maior de comédia.
Muitos seriam os motivos apontados, porém nada seria conclusivo. A verdade é que a arte da adaptação, como já foi exaustivamente comentado aqui, é difícil. É outro meio, outra técnica, outra linguagem, então, temos outra história e o espectador sempre irá fazer comparações. Por mais que você tente ser fiel, tem que adaptar para o meio, causando estranheza e, por vezes, revolta de um fã fiel. A única coisa que deve permanecer é a essência da obra, isso não deve ser mexido, mas o formato tem que ser adaptado. Mesmo um texto de Shakespeare não é a mesma coisa nos palcos e nas telas. Pode até ficar melhor, mas sempre será diferente. Clássicos da Broadway viraram verdadeiras obras-primas em Hollywood, a exemplo de A Noviça Rebelde ou My Fair Lady.
No Brasil, no entanto, grandes peças ao passar para o cinema foram verdadeiros fracassos. Um exemplo é a peça Irma Vap que entrou para o Guinness como o espetáculo que permaneceu mais tempo em cartaz com o mesmo elenco, no cinema foi um verdadeiro fracasso. As justificativas são variadas, porém, a questão é que existem textos e histórias para cada meio. Ao adaptar, é necessário a sensibilidade para saber com que veículo estamos lidando e se aquela história funciona ou não.
Uma obra bastante cinematográfica que veio dos palcos e fez sucesso no Brasil foi A Máquina. Na verdade, a história original era um livro. Duplamente adaptado, o filme pode não ter sido um grande sucesso, mas funciona bem, tendo momentos bastante interessantes. A força da história e seu inusitado desfecho ajudam para que seja bem sucedido em qualquer meio.
Agora é aguardar para ver se Daniel Filho irá conseguir com um drama o mesmo sucesso que conseguiu com seus filmes de comédia.
P.S. Este post foi sugestão de Lucas Nobre.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Adaptação: dos palcos para as telas
2009-08-12T17:37:00-03:00
Amanda Aouad
cinema brasileiro|Especial|materias|
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