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Cinema do MAM - Padecendo no paraíso

Dom Lula Nascimento Gosto muito das salas de arte de Salvador, da proposta, dos filmes, da filosofia, e dentre eles, o MAM sempre me pareceu o mais agradável por sua bela vista. É possível ver um filme e depois curtir o pôr-do-sol, por exemplo. O problema é que, como programa de sábado, a beleza torna-se uma pequena tortura. É que às 18h, como todo soteropolitano já sabe, acontece o jazz e mesmo que você vá para a sessão de 13:30 (que foi o meu caso), não se pode estacionar lá dentro. Resta a opção de parar na rua, pagando R$3,00 adiantado ao guardador da comunidade ao lado. A saída depois é outro capítulo à parte. Depois dizem que o cinema fica vazio porque baiano não gosta de filme de arte...

Enfim, após esse pequeno desabafo, queria falar da experiência positiva. Fui para assistir A Teta Assustada, o belo filme peruano de que falarei ainda essa semana aqui, mas chegando lá, descobri que às 16:20 iria passar um documentário sobre Dom Lula Nascimento. O baterista que toca na JAM (Jazz do MAM) é uma verdadeira lenda na cidade, já tendo tocado com diversos músicos internacionais de renome e sendo autor do método da ambidestria. Já tinha "pago" o estacionamento mesmo, fiquei para conferir e não me arrependi.

Além de ótimo músico, Dom Lula é uma figura ímpar. Estava lá com toda a família para prestigiar seu filme e foi aplaudido de pé ao final da sessão. Merece. Pelo talento, pela história, pela simpatia. O filme de Zeca Freitas, no entanto, ainda está longe de ser uma grande obra. Ele próprio apresentou como uma grande brincadeira, deve ter sido mesmo, pois o clima é bastante descontraído. Os problemas técnicos, no entanto, são visíveis. O som muitas vezes fica inaudível, a câmera treme muito e o roteiro é inexistente. O próprio diretor falou que o filme foi acontecendo, sem roteiro. A gravação de um documentário pode ser assim, boas coisas saem da espontaneidade. O problema é que depois é preciso decupar o material bruto e criar um roteiro interessante para ele, senão acontecem coisas como vimos no filme: repetições de cenas e uma falta de fechamento, o filme vai se estendendo sem saber aonde parar. Além disso, faltou um diretor de arte para dar um acabamento legal à edição.

De qualquer forma, foi uma investida ousada de Zeca Freitas e um registro mais do que merecido de um dos maiores músicos de nossa terra. Tá na hora de Salvador começar a dar valor a algo que não seja axé e pagode.



Este documentário foi produzido pelo guitarrista e produtor musical Tavinho Magalhães, com imagens geradas pela TV Educativa da Bahia e mostra um pouco do movimento Jazz/Rock na Bahia.

Completando o post, um trecho do filme de Zeca Freitas.

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