A Máquina conta a história de Antônio, um jovem morador da minúscula cidade de Nordestina, que é apaixonado por Karina, uma garota que sonha em se mudar para a cidade grande. Buscando manter a jovem na cidade, Antônio resolve trazer o mundo para Nordestina, vai a um programa de televisão e anuncia que irá viajar no tempo em uma determinada data. Se fracassar, uma máquina da morte irá destruí-lo na frente de todos.
Gustavo Falcão faz um ótimo papel como o jovem Antônio. Ingênuo, apaixonado e cheio de sonhos, o personagem conquista os espectadores que embarcam em sua loucura. Mariana Ximenes e Vladimir Brichta também estão muito bem em seus papéis. Paulo Autran abrilhanta a tela com seu discurso dentro de um hospício (que tem a participação de Lázaro Ramos e Zéu Brito) com falas críticas e uma das melhores definições que já vi sobre televisão.
"Televisão era um negócio que ficava passando umas historinhas, de vez em quando eles interrompiam as historinhas para vender mercadoria. Com o dinheiro da venda dos produtos fazia-se os anúncios e com o dinheiro dos anúncios pagava-se a feição das tais historinhas. Mas, eles faziam umas historinhas tão bem feitas que quem via pensava que a finalidade de tudo eram as historinhas".
Na verdade, todo o texto é uma grande crítica ao ofício de contar histórias através de imagens, sua linguagem alegórica ajuda nesse intento. Algumas cenas acabam sendo rizíveis como a apresentação da personagem de Mariana Ximenes, um clipe lamentável com ela andando de bicicleta. Tanto que um amigo meu saiu do cinema nessa hora. Outras muito bonitas, como a interpretação do casal em uma bacia de água.
O fato é que, se não é uma grande obra, A Máquina é um filme honesto, que fala de amor e sonhos de uma maneira diferente, levando o público ao mundo da fantasia.