9, a salvação
O trailer de 9 não me empolgou, sua premissa de um futuro caótico, onde máquinas dominam e a humanidade está perdida me pareceu batida e cansativa. Duas coisas me atrairam ao cinema: a produção ser de Tim Burton e a curiosidade de entender melhor o que significavam aqueles bonequinhos. Originalmente um curta-metragem que concorreu ao Oscar de 2006, o novato Shane Acker me surpreendeu. O filme constrói uma relação interessante e nos identificamos com aquela criaturinha esperta e decidida chamada 9, que na versão original é dublado por Elijah Wood.
9, último bonequinho de pano feito por um cientista, acorda em um mundo destruído e vai vagando sem rumo. O início do filme é mudo e solitário, lembrando Wall-E em alguns aspectos. A diferença é que o mundo sombrio de Tim Burton está ali, uma melancolia domina todo o filme, não foi à toa que o diretor se interessou pelo projeto. Logo 9 encontra 2, outro bonequinho, visivelmente um cientista, que é capturado por um monstro-máquina. Na tentativa de encontrar o novo amigo, 9 conhece os demais bonequinhos do cientista e analisando-os juntos, percebemos que cada um parece simbolizar uma emoção humana. 1 é o líder, ancião que teme mudança e prefere se esconder. 3 e 4 são gêmeos curiosos, que catalogam cada coisa que encontram (lembram muito Wall-E), 5 é o aprendiz e amigo fiel, 6 é a intuição, visionário que sabe a chave do mistério, 7 é a garota corajosa e 8 é o forte, mas com pouco raciocínio. A questão de serem nove bonequinhos parece mesmo ter algo de cabalístico.
O problema é que acabou aí. Pamela Pettler vai recheando seu roteiro de cenas e mais cenas de ação, porque a narrativa não tem muito a dizer, não desenvolve. No final do filme vem uma explicação mística/filosófica para tudo aquilo, que faz sentido, mas cai no vazio. Não tinha necessidade de manter como uma surpresa, uma revelação final. Se desde o início trabalhasse a idéia, não ficaria no superficial e poderia ser um grande filme, marco da história cinematográfica. Porque tecnologia e efeitos especiais eles tem. Cada boneco, cada cenário, cada cena de ação é de uma perfeição ímpar. A construção dos nove personagens também é muito feliz. São completos, verossímeis e coerentes. Faltou uma história mais bem amarrada para eles passearem.
Perto do fim, "Somewhere over the rainbow" trilha uma sequência absolutamente desnecessária, que corta todo o clima e soa falso naquele mundo caótico e não finalizado. Mas, o final do filme é bem construído, com uma pincelada de espiritualismo que soa surreal, mas que tem uma explicação plausível.
9, último bonequinho de pano feito por um cientista, acorda em um mundo destruído e vai vagando sem rumo. O início do filme é mudo e solitário, lembrando Wall-E em alguns aspectos. A diferença é que o mundo sombrio de Tim Burton está ali, uma melancolia domina todo o filme, não foi à toa que o diretor se interessou pelo projeto. Logo 9 encontra 2, outro bonequinho, visivelmente um cientista, que é capturado por um monstro-máquina. Na tentativa de encontrar o novo amigo, 9 conhece os demais bonequinhos do cientista e analisando-os juntos, percebemos que cada um parece simbolizar uma emoção humana. 1 é o líder, ancião que teme mudança e prefere se esconder. 3 e 4 são gêmeos curiosos, que catalogam cada coisa que encontram (lembram muito Wall-E), 5 é o aprendiz e amigo fiel, 6 é a intuição, visionário que sabe a chave do mistério, 7 é a garota corajosa e 8 é o forte, mas com pouco raciocínio. A questão de serem nove bonequinhos parece mesmo ter algo de cabalístico.
O problema é que acabou aí. Pamela Pettler vai recheando seu roteiro de cenas e mais cenas de ação, porque a narrativa não tem muito a dizer, não desenvolve. No final do filme vem uma explicação mística/filosófica para tudo aquilo, que faz sentido, mas cai no vazio. Não tinha necessidade de manter como uma surpresa, uma revelação final. Se desde o início trabalhasse a idéia, não ficaria no superficial e poderia ser um grande filme, marco da história cinematográfica. Porque tecnologia e efeitos especiais eles tem. Cada boneco, cada cenário, cada cena de ação é de uma perfeição ímpar. A construção dos nove personagens também é muito feliz. São completos, verossímeis e coerentes. Faltou uma história mais bem amarrada para eles passearem.
Perto do fim, "Somewhere over the rainbow" trilha uma sequência absolutamente desnecessária, que corta todo o clima e soa falso naquele mundo caótico e não finalizado. Mas, o final do filme é bem construído, com uma pincelada de espiritualismo que soa surreal, mas que tem uma explicação plausível.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
9, a salvação
2009-10-23T09:40:00-03:00
Amanda Aouad
animacao|aventura|critica|
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