Coco antes de Chanel
Se você é mulher, adora roupas folgadas, calça e não entende como nossas antepassadas usavam aqueles vestidos de várias camadas, apertados e cheio de babados, deve agradecer a Coco Chanel. Muito mais do que uma grife, um corte de cabelo ou um perfume, a estilista é o símbolo da revolução na vestimenta feminina no início do século XX. Ousada, forte e controversa, chegou a ser presa durante a guerra por se envolver com nazistas.
Mas nada disso será visto no filme de Anne Fontaine. Como o título bem define, é a história de Coco antes de Chanel, quando era orfã de mãe, abandonada pelo pai, costurava pela manhã e cantava em um cabaré à noite a singela música "Onde está Coco" de onde vem seu apelido. Gabrielle era uma garota ranzinza, que falava o que achava e não acreditava no amor. Paradoxalmente, a trama foca exatamente em seu envolvimento amoroso com dois homens: o milionário Étienne Balsan e o inglês Boy Capel. Tentando nos comover com aquela história, Anne Fontaine, que também assina o roteiro adaptado do livro de Edmonde Charles-Roux, constrói um melodrama até competente, mas que se torna um lugar comum. Milhares de histórias já foram vistas com aquele contexto. Ir ao cinema para ver a cinebiografia de um ícone como Coco Chanel nos traz a expectativa de algo mais.
Audrey Tautou comprova mais uma vez o seu talento, incorporando trejeitos, a forma de fumar ou beber café e a postura da estilista com seu humor difícil. Mas exatamente por Coco não ser uma heroína romântica, algo fica fora do contexto na história. Sua relação com Balsan é, no entanto, bonita. Principalmente pela transformação, bem defendida por Benoît Poelvoorde, daquele homem que só queria se divertir, em um ser sensível que aprende a amar uma mulher. Já Alessandro Nivola é puro charme na tela, mas sem chamar muita atenção pela interpretação.
A direção é correta, sem grandes inovações. Destaco apenas o primor da cena final, com o primeiro desfile de Chanel. Não considero um spoiler o que vou falar, pois não revelarei nenhuma novidade, nem resolução sobre a trama apresentada no filme. A construção artística da cena é muito bonita, com Coco sentada na escada, quase um bicho acuado, com aquelas manequins altas, magras e imponentes descendo as escadas com roupas que hoje consideramos comuns, mas na época eram verdadeiras revoluções. A música, criando um clima crescente, a fotografia e edição de imagens tornando tudo mais mais grandioso do que realmente é. O quase sorriso da protagonista logo recomposto. É um vislumbre apenas do que seria aquela mulher para a moda mundial.
Entendo a intenção de mostrar a mulher por trás do mito, recortando um pedaço de sua vida para mostrar como foi sofrida. Acho válida a construção de um melodrama e uma bela história. O único problema é que a protagonista poderia se chamar qualquer coisa. E por se tratar de Gabrille "Coco" Chanel eu esperava um outro enfoque.
Mas nada disso será visto no filme de Anne Fontaine. Como o título bem define, é a história de Coco antes de Chanel, quando era orfã de mãe, abandonada pelo pai, costurava pela manhã e cantava em um cabaré à noite a singela música "Onde está Coco" de onde vem seu apelido. Gabrielle era uma garota ranzinza, que falava o que achava e não acreditava no amor. Paradoxalmente, a trama foca exatamente em seu envolvimento amoroso com dois homens: o milionário Étienne Balsan e o inglês Boy Capel. Tentando nos comover com aquela história, Anne Fontaine, que também assina o roteiro adaptado do livro de Edmonde Charles-Roux, constrói um melodrama até competente, mas que se torna um lugar comum. Milhares de histórias já foram vistas com aquele contexto. Ir ao cinema para ver a cinebiografia de um ícone como Coco Chanel nos traz a expectativa de algo mais.
Audrey Tautou comprova mais uma vez o seu talento, incorporando trejeitos, a forma de fumar ou beber café e a postura da estilista com seu humor difícil. Mas exatamente por Coco não ser uma heroína romântica, algo fica fora do contexto na história. Sua relação com Balsan é, no entanto, bonita. Principalmente pela transformação, bem defendida por Benoît Poelvoorde, daquele homem que só queria se divertir, em um ser sensível que aprende a amar uma mulher. Já Alessandro Nivola é puro charme na tela, mas sem chamar muita atenção pela interpretação.
A direção é correta, sem grandes inovações. Destaco apenas o primor da cena final, com o primeiro desfile de Chanel. Não considero um spoiler o que vou falar, pois não revelarei nenhuma novidade, nem resolução sobre a trama apresentada no filme. A construção artística da cena é muito bonita, com Coco sentada na escada, quase um bicho acuado, com aquelas manequins altas, magras e imponentes descendo as escadas com roupas que hoje consideramos comuns, mas na época eram verdadeiras revoluções. A música, criando um clima crescente, a fotografia e edição de imagens tornando tudo mais mais grandioso do que realmente é. O quase sorriso da protagonista logo recomposto. É um vislumbre apenas do que seria aquela mulher para a moda mundial.
Entendo a intenção de mostrar a mulher por trás do mito, recortando um pedaço de sua vida para mostrar como foi sofrida. Acho válida a construção de um melodrama e uma bela história. O único problema é que a protagonista poderia se chamar qualquer coisa. E por se tratar de Gabrille "Coco" Chanel eu esperava um outro enfoque.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Coco antes de Chanel
2009-11-25T09:28:00-03:00
Amanda Aouad
cinebiografia|cinema europeu|critica|drama|Oscar 2010|
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