
Francisco e Thomás são dois meio-irmãos, filhos de Julieta (Júlia Lemmertz), e, desde o nascimento do caçula, nutrem um amor incondicional. Em dado momento, a mãe começa a observar que os dois só vivem grudados e muito timidamente os aborda, assim como o faz Pedro, o pai do mais velho, depois os dois trocam idéias sobre isso. São os três únicos momentos do filme em que algum esboço de censura acontece. Após um acontecimento que eles definem como libertador, o mundo mágico reina e vemos apenas cenas de amor tórrido clipados e pouca história. Sem conflito, a trama não anda, se arrasta em um emaranhado de irrealidades.

A despeito do conto de fadas, há cenas bonitas e plásticas, como algumas em que Abranches se utiliza muito bem de um espelho para fazer um jogo de efeitos. A cena do tango também é empolgante, além de um pesadelo de Francisco entre o mar e piscina. A primeira cena de amor entre os dois, no entanto, parece pura vontade de chocar, além de muito lenta e com uma musiquinha irritante que já tinha sido utilizada em outras cenas.
João Gabriel Vasconcellos e Rafael Cardoso conseguem trazer verdade aos seus personagens e emocionam em muitas cenas, seja pelo amor que sentem ou pelo sofrimento da saudade em um momento de separação. E conseguiram escalar duas crianças muito parecidas para os interpretar na primeira fase da projeção. O resto do elenco, tirando Fábio Assunção que já teve momentos mais inspirados, dá suporte ao filme. No caso deste ator, no entanto, acho que a construção rasa do personagem pode ter ajudado para sua falta de expressão.
Enfim, ainda estou esperando o tal fim prometido no título e a discussão polêmica prometida no trailer. O que Aluízio Abranches demonstrou foi ser um excelente "marketeiro" se utilizando de um tema extremamente polêmico (incesto homossexual) para nos apresentar um filme vazio. Uma pena...