É difícil até de imaginar a representação disso, já que a realidade brasileira é outra, mas a onda criada em cima do orgulho nacional pode ser comparado, de repente, à massificação negativa que os militares fizeram em cima da seleção canarinho na Copa de 70. Mandela, pelo menos, teve um bom motivo. Ver brancos e negros juntos com um mesmo objetivo é bonito e algumas cenas emocionam profundamente. Eu confesso que chorei em vários momentos.
O mais impressionante é que, mesmo não gostando de rubgy, a gente se envolve com o jogo. Os planos em Invictus são construídos de uma maneira muito harmônica, quase não dá para se angustiar com aquela violência toda em campo. E os paralelos dentro da casa presidencial e da família de François Pienaar, o capitão do time, são bastante felizes para condução da trama. É nos pequenos gestos que se forma a grande mensagem do filme.
A caracterização de Morgan Freeman é um caso a parte. Além da interpretação esplêndida do ator, a maquiagem e o figurino capricharam de uma forma que, por vezes, parece estarmos vendo Nelson Mandela em cena. Já Matt Damon consegue dar um tom dramático bem interessante ao capitão François Pienaar.
No filme Invictus, mais uma vez, Clint Eastwood utiliza-se do poder do esporte para tratar de temas bastante profundos, aqui a questão racial e a união de um povo, e consegue construir um melodrama verdadeiramente emocionante, sem ser piegas, nem abusar dos clichês. Uma história inspiradora, principalmente por ser tão verdadeira.