Doze homens e uma sentença
Pode-se dizer que Sidney Lumet começou sua carreira com o pé direito ao dirigir em 1957 o clássico roteirizado por Reginald Rose. Doze homens e uma sentença é uma obra-prima dos filmes de tribunal, que consegue prender a nossa a atenção em uma hora e meia dentro da sala de um júri que tem que decidir se um garoto de dezoito anos matou ou não seu pai, sendo assim condenado à cadeira elétrica.
É interessante perceber que o filme começa com o juiz dizendo que o júri deve se reunir e decidir pela inocência ou culpa do réu, sendo que a culpa só deve ser votada se não houver nenhuma dúvida. Não somos apresentados ao caso, vamos descobrindo no decorrer da discussão dentro da sala. Os doze homens se reunem e fazem uma votação preliminar. Onze não têm dúvidas de que o garoto é culpado e querem logo ir embora. Mas a voz do jurado número oito, vivido por Henry Fonda, se faz valer e começa a trajetória de questionamentos, análises dos fatos e discussões sobre a certeza e a dúvida do veredito.
Os doze homens conseguem defender seus papéis de forma impressionante, o já citado nº 8 , Henry Fonda é o questionador, não se pode condenar um rapaz a morte tão rapidamente, é preciso discutir os fatos, verificar se não há furos. Como ter tanta certeza de que ele é culpado? Martin Balsam, faz o jurado nº 1, que é o relator e sempre procura organizar as discussões. Ed Begley, o preconceituoso jurado nº 10 e Jack Warden, o jurado nº 7 que só queria ir para um jogo de beisebol, são os principais contrapontos de Fonda, travando brigas memoráveis. Joseph Sweeney faz McCardle, o jurado nº 9, primeiro a dar apoio ao questionamento justo do nº 8. Os demais vão sendo levados pela trajetória: John Fiedler (jurado nº 2), Lee J. Cobb (jurado nº 3), E.G. Marshall (jurado nº 4), Jack Klugman (jurado nº 5), Ed Binns (jurado nº 6), George Voskovec (jurado nº 11), Robert Webber (jurado nº 12), mas sempre mantendo o nível de tensão e discussão.
É importante ressaltar que o que importa ali não é se o garoto é culpado ou inocente de fato, mas se há margens à dúvida. A constituição americana deixa bem claro que "todos são inocentes até que se prove o contrário". Então, não se trata de provar sua inocência, mas sim, de verificar se foi realmente provada sua culpa. Todo o jogo psicológico vai sendo baseado em analisar as "provas" da promotoria e perceber onde há brecha para uma falha, uma dupla interpretação ou mesmo, um engano.
Mas, nem só de roteiro, diálogos e interpretações se sustenta o filme. O lugar da câmera e os elementos de cenas são importantíssimos para criar o clima de tensão. A sala fechada, com um ventilador que não funciona dá uma sensação exata do calor que os homens sentem, tanto que, aos poucos, estes vão tirando o paletó, afrouxando a gravata e procurando molhar o rosto no banheiro. E a câmera de Lumet vai se fechando à medida que o "cerco" vai sendo fechado ao redor do caso. Começa-se com uma câmera mais aberta, por vezes do alto. No meio do filme, ela já está sempre em plano médio. No final, todos os planos são bem fechados, closes, detalhes. A claustrofobia vai sendo formada. Tudo é muito tenso e nem percebemos que se passou uma hora e meia, envolvidos naquele veredito.
É fato que vamos sendo induzidos a acreditar na dúvida desde o princípio, afinal, o garoto não pode ser condenado à morte em menos de um minuto, sem ao menos discutirem o caso. Mas, a forma como as evidências vão caindo é fascinante, tornando Doze homens e uma sentença um dos melhores filmes de tribunal de todos os tempos.
É interessante perceber que o filme começa com o juiz dizendo que o júri deve se reunir e decidir pela inocência ou culpa do réu, sendo que a culpa só deve ser votada se não houver nenhuma dúvida. Não somos apresentados ao caso, vamos descobrindo no decorrer da discussão dentro da sala. Os doze homens se reunem e fazem uma votação preliminar. Onze não têm dúvidas de que o garoto é culpado e querem logo ir embora. Mas a voz do jurado número oito, vivido por Henry Fonda, se faz valer e começa a trajetória de questionamentos, análises dos fatos e discussões sobre a certeza e a dúvida do veredito.
Os doze homens conseguem defender seus papéis de forma impressionante, o já citado nº 8 , Henry Fonda é o questionador, não se pode condenar um rapaz a morte tão rapidamente, é preciso discutir os fatos, verificar se não há furos. Como ter tanta certeza de que ele é culpado? Martin Balsam, faz o jurado nº 1, que é o relator e sempre procura organizar as discussões. Ed Begley, o preconceituoso jurado nº 10 e Jack Warden, o jurado nº 7 que só queria ir para um jogo de beisebol, são os principais contrapontos de Fonda, travando brigas memoráveis. Joseph Sweeney faz McCardle, o jurado nº 9, primeiro a dar apoio ao questionamento justo do nº 8. Os demais vão sendo levados pela trajetória: John Fiedler (jurado nº 2), Lee J. Cobb (jurado nº 3), E.G. Marshall (jurado nº 4), Jack Klugman (jurado nº 5), Ed Binns (jurado nº 6), George Voskovec (jurado nº 11), Robert Webber (jurado nº 12), mas sempre mantendo o nível de tensão e discussão.
É importante ressaltar que o que importa ali não é se o garoto é culpado ou inocente de fato, mas se há margens à dúvida. A constituição americana deixa bem claro que "todos são inocentes até que se prove o contrário". Então, não se trata de provar sua inocência, mas sim, de verificar se foi realmente provada sua culpa. Todo o jogo psicológico vai sendo baseado em analisar as "provas" da promotoria e perceber onde há brecha para uma falha, uma dupla interpretação ou mesmo, um engano.
Mas, nem só de roteiro, diálogos e interpretações se sustenta o filme. O lugar da câmera e os elementos de cenas são importantíssimos para criar o clima de tensão. A sala fechada, com um ventilador que não funciona dá uma sensação exata do calor que os homens sentem, tanto que, aos poucos, estes vão tirando o paletó, afrouxando a gravata e procurando molhar o rosto no banheiro. E a câmera de Lumet vai se fechando à medida que o "cerco" vai sendo fechado ao redor do caso. Começa-se com uma câmera mais aberta, por vezes do alto. No meio do filme, ela já está sempre em plano médio. No final, todos os planos são bem fechados, closes, detalhes. A claustrofobia vai sendo formada. Tudo é muito tenso e nem percebemos que se passou uma hora e meia, envolvidos naquele veredito.
É fato que vamos sendo induzidos a acreditar na dúvida desde o princípio, afinal, o garoto não pode ser condenado à morte em menos de um minuto, sem ao menos discutirem o caso. Mas, a forma como as evidências vão caindo é fascinante, tornando Doze homens e uma sentença um dos melhores filmes de tribunal de todos os tempos.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Doze homens e uma sentença
2010-02-18T08:46:00-03:00
Amanda Aouad
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