JCVD
Quem vê filmes da Sessão da Tarde como O Grande Dragão Branco, Kickboxer, Soldado Universal ou Timecop nunca espera um bom filme interpretado por Van Damme. E eu escolhi os melhores, nem querendo lembrar de coisas como Cyborg ou Street Fighter. Alguns podem lembrar de O Alvo, primeiro filme dirigido por John Woo e que tem uma aceitação melhor pela crítica. Ainda assim, é um filme de ação, considerado menor e onde a capacidade de interpretação de um ator é quase nenhuma. Por isso, JCVD é uma grande surpresa em todos os sentidos. Primeiro, não é um filme de ação, mas um drama com grande tensão emocional. Depois, Van Damme interpreta a ele mesmo em uma biografia satirizada com uma carga dramática impressionante. Por fim, o longa expõe sem dó toda a insatisfação do ator com Hollywood, seus problemas com as drogas, fazendo piadas com críticas veladas a filmes bobos de ação e ao "ator" Steven Seagal.
O mote da história é totalmente surreal, Van Damme precisa de dinheiro para pagar seus advogados que trabalham no caso da custódia de sua filha. Ao entrar no banco, é envolvido em um assalto com reféns que tem reviravoltas surpreendentes. A narrativa é montada de uma forma não completamente linear, fazendo paralelos interessantes e nos revelando aos poucos o que realmente aconteceu dentro da agência. A direção é crua, realista, com bastante câmera na mão, o que ajuda na sensação quase documental. Há também muita metalinguagem, com Van Damme em cena e na real, reforçada pelo fanatismo dos belgas pelo ator.
Próximo ao fim do filme, Van Damme nos brinda com um monólogo sincero e sem censuras, onde expõe toda a sua trajetória e dificuldades em Hollywood. Um desabafo incômodo, quase uma resposta aos críticos que o vêem como um lutador fútil. Aqui, e na cena final, Van Damme mostra que é capaz de passar emoção verdadeira. Toda essa mistura gera, no entanto, uma dúvida sobre o que é verdade e o que é ficção em JCVD, e, principalmente, o que Van Damme queria passar de fato com esse filme. Fica para nós a insatisfação com o sistema de produção americano e a ingratidão de algumas pessoas como John Woo, que é citado várias vezes como tendo sido levado pelo ator para Hollywood e que depois o esqueceu. Além do próprio Steven Seagal, alvo de várias piadas durante a projeção. De qualquer forma, Van Damme conseguiu chamar a atenção e fazer um bom filme, onde suas habilidades com as pernas não são o foco principal.
O mote da história é totalmente surreal, Van Damme precisa de dinheiro para pagar seus advogados que trabalham no caso da custódia de sua filha. Ao entrar no banco, é envolvido em um assalto com reféns que tem reviravoltas surpreendentes. A narrativa é montada de uma forma não completamente linear, fazendo paralelos interessantes e nos revelando aos poucos o que realmente aconteceu dentro da agência. A direção é crua, realista, com bastante câmera na mão, o que ajuda na sensação quase documental. Há também muita metalinguagem, com Van Damme em cena e na real, reforçada pelo fanatismo dos belgas pelo ator.
Próximo ao fim do filme, Van Damme nos brinda com um monólogo sincero e sem censuras, onde expõe toda a sua trajetória e dificuldades em Hollywood. Um desabafo incômodo, quase uma resposta aos críticos que o vêem como um lutador fútil. Aqui, e na cena final, Van Damme mostra que é capaz de passar emoção verdadeira. Toda essa mistura gera, no entanto, uma dúvida sobre o que é verdade e o que é ficção em JCVD, e, principalmente, o que Van Damme queria passar de fato com esse filme. Fica para nós a insatisfação com o sistema de produção americano e a ingratidão de algumas pessoas como John Woo, que é citado várias vezes como tendo sido levado pelo ator para Hollywood e que depois o esqueceu. Além do próprio Steven Seagal, alvo de várias piadas durante a projeção. De qualquer forma, Van Damme conseguiu chamar a atenção e fazer um bom filme, onde suas habilidades com as pernas não são o foco principal.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
JCVD
2010-02-04T08:46:00-03:00
Amanda Aouad
critica|drama|Van Damme|
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