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O amor acontece

Jennifer Aniston e Aaron EckhartQuando alguém vê o título "O amor acontece" pensa logo em uma comédia romântica. Da mesma forma como quem vê o título "Amor sem escalas". Aliás, o início dos dois filmes é bem parecido. Um homem, se preparando para viajar a negócios, planos rápidos, preparação, não se sabe exatamente o que ele faz... Engraçado que nenhum dos dois é uma comédia romântica. O filme de Brandon Camp é, na verdade, um drama. Que traz em seu mote a fórmula de auto-ajuda, a princípio parecendo que vai criticá-la, mas acaba se tornando um belo exemplar do gênero.

Não posso dizer que esta era a intenção do diretor ao criar a história de Burke Ryan, mas durante toda a projeção tem alguns indícios de crítica à fórmula fácil de se ganhar dinheiro com a dor e fé alheia. Principalmente, quando o empresário do "guru" apresenta uma proposta milionária com um determinado grupo que irá lançar vários produtos com a marca do rapaz, incluindo um método de emagrecer com o slogan surreal de "finalmente uma perda que vale a pena". Há também algumas práticas questionáveis como o ritual de andar em brasas ou a própria terapia grupal feita no workshop por uma pessoa que não é um psicólogo.

Jennifer Aniston e Aaron EckhartNa verdade, Burke Ryan perdeu a sua esposa em um acidente de carro e resolveu escrever um livro sobre como superar a dor. A obra virou rapidamente um best seller e desde, então, ele faz palestrar pelo país ajudando as pessoas a superar suas próprias perdas. Interessante que o nome do livro é "Estou OK", o que não deixa de ter um fundo psicológico. A teoria da okeydade foi criada por Eric Berne, fundador da Análise Transacional e imortalizada no livro "Eu estou ok e você está ok" do Dr. Thomas Harris. A teoria fala de posições existenciais adotadas pelo ser humano durante a vida e que o estado "ok" é o ideal esperado. No filme nada disso é explicado, sendo apenas um bordão do protagonista e seus fiéis seguidores.

O Amor AconteceO fato é que o filme pega esse personagem e o coloca conduzindo um workshop em Seattle, onde conhece Eloise, uma vendedora de flores com atitudes bem insusitadas como deixar palavras estranhas atrás de quadros do hotel. A relação dos dois vai dando os plots necessários para a história andar, que tem tons de comédias, pouco romance e muito drama.

Aaron Eckhart está bem no papel do guru cheio de traumas. Sofre, ri e nos convence com aquele papo de "você pode", "eu sei que é difícil, eu passei por isso". Ao mesmo tempo, vemos desde o início o quão complicado ele é, afinal tem medo de elevador, tendo que subir vários lances de escada. Esse problema lembra Richard Gere em Uma Linda Mulher, que morria de medo de altura, mas ficava sempre na cobertura do hotel, porque "eram os melhores quartos". Já Eloise é totalmente bem resolvida, sem medos, nem traumas. Algo completamente irreal. Seu único defeito é não encontrar o homem perfeito. Apesar da pouca plausibilidade da personagem, no entanto, como boa fã da série Friends, não posso deixar de simpatizar com personagens de Jennifer Aniston.

No geral, O amor acontece é um filme interessante, com pontos fortes e fracos, bons e maus momentos. Nada de especial, marcante, nem que mereça fazer parte de uma filmoteca seleta. Ainda assim, uma experiência válida para quem não tem preconceitos com histórias de alto-ajuda.

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