Melhor Filme:
Apesar de dez concorrerem, três tem alguma chance de levar, onde dois são apostas precisas: Guerra ao Terror ou Avatar? Se Bastardos Inglórios levar, é surpresa, mas não é tão improvável quanto qualquer um dos outros sete concorrentes. De certa forma, três filmes de guerra, cada um com seu estilo próprio e com algo a acrescentar à história do cinema. Bastardos Inglórios não inova, aliás bebe na fonte dos clássicos do velho oeste, com a linguagem já registrada de Tarantino. Mas, é uma aula de cinema, por isso, merece o título. Avatar traz uma grande inovação tecnológica, uma nova forma de filmar em 3D, um jogo de imagens ímpar que conseguiu até mesmo colocar legenda nas projeções dos filmes neste formato. A história, apesar de parecida com muitas, é bem contada, tornando o filme um clássico moderno desde seu nascimento. Já Guerra ao Terror é a surpresa da tensão realista com um ritmo eletrizante na montagem. Tudo é detalhadamente calculado para que fiquemos roendo as unhas na cadeira. A briga é boa, e amanhã a gente confere.
Melhor Diretor
O diretor é o nome principal de uma obra cinematográfica, ele é o chefe da equipe, então, seu trabalho é fundamental para o resultado deste. Nada mais natural então, que os melhores filmes apresentem também os melhores diretores do ano. Então, aqui novamente, temos os três encabeçando as apostas. James Cameron é o sonhador, que mergulha de cabeça em seu sonho e vai buscá-lo. Blockbuster assumido, revolucionou o cinema de ficção científica ao trazer o Exterminador do Futuro 2 e parece "fadado" a grandes bilheterias. Quentin Tarantino é o gênio incompreendido. Um moleque brincando de fazer cinema, tachado de violento, mas que conhece a técnica com a qual brinca de uma maneira impressionante. Qualquer cinéfilo que se preze tira o chapéu para esse homem que até hoje só teve um Oscar, com o roteiro de Pulp Fiction. Kathryn Bigelow tem uma vantagem e desvantagem ao mesmo tempo: é mulher. Vencendo, ela quebra o tabu na categoria, mas, principalmente, entra para história do cinema. Antes de Guerra ao Terror seu maior destaque foi ser esposa de James Cameron. K-19, Tempestade no Mar ou Estranhos Prazeres nunca tiveram grandes repercussões.
Melhor Ator
Quando a gente pensa na categoria melhor ator e melhor atriz, sempre vem em mente grandes interpretações, de tirar o fôlego com cenas de catarse. Nem sempre é assim. Às vezes, a melhor interpretação é aquela que passa naturalidade simplesmente. Você acredita estar vendo o personagem e não um ator interpretando um personagem. Esse ano, as indicações são boas e variadas, mas dificilmente alguém tira a estatueta das mãos de Jeff Bridges. Sua interpretação como o cantor country e alcoólatra que busca uma reabilitação foi a chance de coroar, merecidamente, uma carreira sólida. Outro forte concorrente é Jeremy Renner, quase desconhecido, ele traz tanta realidade para o sargento James de Guerra ao Terror que não me surpreenderia se ele subisse ao palco no dia 07. Já George Clooney e Morgan Freeman têm seu fãs clubes próprios. O astro sedutor de Amor sem Escalas está muito bem no papel e chegou a ser cotado como favorito, mas não chega a ser uma interpretação fantástica. Já Freeman conseguiu uma caracterização excepcional do líder Mandela, mas também não brilha ao ponto de levar a estatueta.
Melhor Atriz
Esta categoria é sempre uma aposta difícil, já fomos surpreendidos com várias surpresas não muito agradáveis. Este ano estamos entre duas estrelas distintas: Meryl Streep e Sandra Bullock. A verdade é que nenhuma das cinco indicações teve uma interpretação de tirar o fôlego. Mas, Streep e Bullock venceram as principais premiações do ano e uma das duas deve levar a estatueta. Carey Mulligan ganhou fôlego após a vitória no BAFTA, mas um prêmio inglês para uma inglesa é compreensível. Gabourey Sidibe chegou como uma novidade na categoria, mas sua Preciosa apesar de bem defendida é pouco para analisar até que ponto ela é uma grande atriz ou não. Apesar de estar em sua décima sexta indicação, não acredito que Meryl Streep leve, finalmente, seu terceiro Oscar. Sua interpretação da cozinheira Júlia não é das melhores de sua carreira e os holofotes estão todos em Sandra Bulock, a eterna atriz de comédias românticas que teve sua grande chance como a socialite Leigh Anne Tuohy, e soube defender bem o papel, provavelmente a academia vai recompensá-la.
Melhor Ator Coadjuvante
Esta é uma categoria praticamente unânime. Não conheço uma só pessoa que não concorde que Christoph Waltz leve, merecidamente o Oscar de ator coadjuvante. Ele é a alma do filme, interpretando Hans Landa tornou Bastardos Inglórios ainda melhor de ser visto. Todas as outras interpretações ficam secundárias, apesar de ter gostado de ver Stanley Tucci em um papel diferente.
Melhor Atriz Coadjuvante
Outra categoria sem surpresas. A comediante Mo’Nique deve levar o prêmio em uma categoria das mais tranquilas da noite. Todas as outras concorrentes me deixam um pouco preocupada, será que não haviam melhores indicações? Anna Kendrick e Vera Farmiga estão bem em Amor sem Escalas, mas continuo sem entender o que viram tanto nesse filme. Já Penélope Cruz é uma das piores coisas de Nine, no próprio filme você encontra interpretações melhores. Maggie Gyllenhaal, por sua vez, estava esquecida em outras premiações e surgiu no Oscar como zebra da vez, uma boa atriz, mas sem muito destaque no filme.
Melhor Roteiro Original
O que é um melhor roteiro? Normalmente é aquele que você não percebe na tela, afinal, a função do filme é fazer com que você entre naquele universo sem ser lembrado a todo momento que está assistindo a uma obra fictícia. A economia narrativa, os pontos de virada, a preparação para o clímax, tudo tem que ser estudado com muita técnica, assim como os diálogos, uma arte a parte que poucos conseguem escrever sem ser artificial. Por isso, a classe briga tanto com diretores que insistem em querer roteirizar seus filmes. Mas, claro, há exceções. Se tem uma coisa que Tarantino já provou é que é um bom roteirista. Todos os seus filmes têm uma capacidade ímpar de contar histórias e com Bastardos Inglórios não é diferente. A forma como as histórias se cruzam, as sátiras ao nazismo, as brincadeiras com as línguas e o jeito alemão de ser. Sem dúvidas é quem merece o prêmio, mas não será nenhuma surpresa se vencer Guerra ao Terror. O filme está mais cotado e tem crescido nas apostas. É um bom roteiro também, sem dúvidas, bem dosado, com uma curva dramática crescente, mas perde em minha humilde opinião em alguns pequenos deslizes para Bastardos. Ainda assim, são dois grandes roteiros e merecem qualquer premiação. E só para não dizer que não falei dos outros, destaco aqui a obra dos irmãos Coen que trouxeram sua marca registrada em O Homem Sério.
Melhor Roteiro Adaptado
Apesar de ser uma adaptação de uma outra obra qualquer (livro, teatro, HQ), o roteiro adaptado precisa passar pelo mesmo processo de um original. A comparação é sempre inevitável para os fãs do original, mas a idéia aqui é analisar como a história foi contada para um meio específico: uma projeção cinematográfica. Agora, dos cinco indicados, apenas Amor sem Escalas me parece um bom roteiro. Apesar de Preciosa ter levado o prêmio do sindicato de roteiristas, acho uma construção fraca, o forte do filme é mesmo as interpretações e o argumento. Já Distrito 9, teve uma tentativa interessante de simular uma reportagem de televisão, mas acabou se perdendo no meio. Educação, por sua vez, já comentei que não vejo grande novidades. O que me encantou em Amor sem Escalas foi a capacidade de brincar com os clichês e lugar comum, construindo uma história envolvente desde a primeira cena. Tudo ali é bem amarrado e faz completo sentido.
Melhor longa em animação
Outra categoria quase certa. Apesar de ser o primeiro ano em que a categoria tem cinco indicados e que todos eles são excelentes produções, Up - Altas aventuras é a animação da vez. A Pixar em parceria com a Disney criou uma jornada diferente que foca suas emoções em relações humanas. A primeira parte do filme é esplêndida, o amor entre Carl Fredricksen e sua esposa é lindo. A entrada do pequeno Russell também é muito interessante, criando uma relação avô-neto linda. Tudo desanda ao meu ver com a entrada do vilão e seus cachorros falantes, o que era uma inovação incrível virou o maior dos clichês. Por isso eu prefiro todos os outros quatro filmes da categoria, apesar de compreender a qualidade técnica do filme e que é o favorito absoluto, tendo inclusive uma indicação na categoria principal. O Fantástico Sr. Raposo aparece como segundo colocado nas apostas, e é uma boa fábula, repleta de surpresas, gosto bastante. Fico feliz também em ver uma produção como Coraline não ser esquecida. Comemoro a volta dos clássicos Disney com A Princesa e o sapo. E vibro com a lembrança a uma produção franco-belga como O Segredo de Kells, a grande surpresa do ano para mim, adorei a experiência.
Melhor filme estrangeiro
Uma categoria para que o resto do mundo não se sinta fora da festa, o melhor filme estrangeiro é sempre uma escolha delicada. Primeiro, porque o júri é outro, mais tradicional, antigo, depois porque as produções estrangeiras chegam sempre com maior dificuldade por aqui. Em Salvador só passou o peruano A Teta Assustada e agora está em cartaz A Fita Branca. Nem o argentino O Segredo dos seus olhos chegou por aqui. Então, fica complicado uma avaliação mais profunda. Fico apenas com as críticas e apostas de que o alemão é mesmo o franco favorito, com uma pequena ameaça do argentino. O filme de Michael Haneke é muito bom e tem ainda ao seu favor o tema: nazismo sempre é bem visto pelo júri de filme estrangeiro.
Por último, gostaria de incluir aqui o curta-metragem em animação espanhol que, apesar de não ser o favorito na categoria, tem um roteiro e uma produção muito interessante, prendendo a nossa atenção.