Home
acao
aventura
critica
Denzel Washington
drama
Gary Oldman
Jennifer Beals
Mila Kunis
O Livro de Eli
O Livro de Eli
Sexta-feira da paixão, filmes religiosos sempre surgem na televisão, cada ano menos, é verdade, mas um ou outro ainda está lá. No Brasil, esse ano ainda temos uma coincidência interessante, já que hoje é também dia do nascimento de Chico Xavier, médium espírita que completaria cem anos se estivesse vivo, e tem sua cinebiografia lançada em diversos cinemas. Resolvi, então, falar de um filme que ainda não havia escrito e está fazendo um razoável sucesso nos cinemas: O Livro de Eli.
A grande diferença desse filme pós-apocalíptico é que em vez de brigar por água, terra, ar, ou qualquer outra coisa material, a grande luta é pelo que parece ser o último exemplar da Bíblia no mundo. O poder da fé e da palavra de Deus parecem claros. Aliás, o filme força a barra, sugerindo que, por ter o tal livro, Eli tem o corpo fechado, é quase imortal. Gary Oldman, o vilão Carnegie, chega a dizer para seus capangas que "ele é apenas um homem". Que novidade, hein? Essa necessidade é porque como todo filme pós-apocalíptico há um quê de "o escolhido". Novo messias? Só que o mocinho vivido por Denzel Washington, não parece tão interessado em salvar a humanidade, vide que passa por bandidos matando um casal no meio da estrada e só repete "você não tem nada com isso, siga seu caminho".
O fato é que, apesar da Bíblia, da atmosfera Mad Max e das cenas de luta, o roteiro do filme é muito fraco. Se perde no meio da construção confusa que nos leva do nada a lugar nenhum e no final parece tornar tudo aquilo que foi dito em vão. Não explico melhor isso para não virar um tremendo spoiler. O livro de Eli se sustenta por pequenas referências interessantes e pelas cenas de luta com efeitos especiais incríveis. Nunca vi tanta cabeça voando. A primeira cena em que Eli pega em uma espada surpreende pela agilidade e rapidez.
Enquanto Denzel Washington constrói um Eli meio jedi, um monge que passa o dia estudando a Bíblia e meditando, mas que ao pegar sua "espada" vira o maior dos guerreiros, Gary Oldman consegue ser uma imitação barata dele mesmo. Em O Quinto Elemento ele era Jean-Baptiste Emanuel Zorg, o vilão que buscava desesperadamente pelo quinto elemento. Em Livro de Eli ele faz Carnegie, que também tem sua busca implacável pela Bíblia, só que em uma caricatura piorada. Destaque também para Jennifer Beals, a eterna protagonista de Flashdance, como a escrava cega.
Se tem algo de bom no filme, é mesmo as cenas de luta, efeitos especiais e os movimentos de câmera instigantes como quando ela entra na casa do velho casal solitário no meio da luta. Ou, em muitas das fusões desconcertantes durante as batalhas. A direção de arte é bem construída, e muitas vezes nos faz imaginar esse mundo destruído, pelo pouco que é explicado por uma enorme guerra que destruiu a camada de ozônio (um buraco no céu) e queimou quase tudo.
O que ele nos vende é que o livro é uma arma, capaz de controlar os desesperados e aflitos. O que não deixa de ser verdade. O que as igrejas fazem senão controlar as mentes humanas através da fé? Carnegie diz, "já funcionou uma vez, vai funcionar de novo". Esse argumento que pode gerar horas de filosofia é interessante, a forma como ele foi construído é que fica forçada. O filme apela demais em todos os momentos. A própria epifania do protagonista é forçada. Levando a um final que nos dá a sensação de vazio. Afinal, não aprendemos nada? Eu espero que não seja assim. E que aproveitando a Semana Santa, possamos refletir um pouco sobre nossas atitudes.
Boa Páscoa para todos.
A grande diferença desse filme pós-apocalíptico é que em vez de brigar por água, terra, ar, ou qualquer outra coisa material, a grande luta é pelo que parece ser o último exemplar da Bíblia no mundo. O poder da fé e da palavra de Deus parecem claros. Aliás, o filme força a barra, sugerindo que, por ter o tal livro, Eli tem o corpo fechado, é quase imortal. Gary Oldman, o vilão Carnegie, chega a dizer para seus capangas que "ele é apenas um homem". Que novidade, hein? Essa necessidade é porque como todo filme pós-apocalíptico há um quê de "o escolhido". Novo messias? Só que o mocinho vivido por Denzel Washington, não parece tão interessado em salvar a humanidade, vide que passa por bandidos matando um casal no meio da estrada e só repete "você não tem nada com isso, siga seu caminho".
O fato é que, apesar da Bíblia, da atmosfera Mad Max e das cenas de luta, o roteiro do filme é muito fraco. Se perde no meio da construção confusa que nos leva do nada a lugar nenhum e no final parece tornar tudo aquilo que foi dito em vão. Não explico melhor isso para não virar um tremendo spoiler. O livro de Eli se sustenta por pequenas referências interessantes e pelas cenas de luta com efeitos especiais incríveis. Nunca vi tanta cabeça voando. A primeira cena em que Eli pega em uma espada surpreende pela agilidade e rapidez.
Enquanto Denzel Washington constrói um Eli meio jedi, um monge que passa o dia estudando a Bíblia e meditando, mas que ao pegar sua "espada" vira o maior dos guerreiros, Gary Oldman consegue ser uma imitação barata dele mesmo. Em O Quinto Elemento ele era Jean-Baptiste Emanuel Zorg, o vilão que buscava desesperadamente pelo quinto elemento. Em Livro de Eli ele faz Carnegie, que também tem sua busca implacável pela Bíblia, só que em uma caricatura piorada. Destaque também para Jennifer Beals, a eterna protagonista de Flashdance, como a escrava cega.
Se tem algo de bom no filme, é mesmo as cenas de luta, efeitos especiais e os movimentos de câmera instigantes como quando ela entra na casa do velho casal solitário no meio da luta. Ou, em muitas das fusões desconcertantes durante as batalhas. A direção de arte é bem construída, e muitas vezes nos faz imaginar esse mundo destruído, pelo pouco que é explicado por uma enorme guerra que destruiu a camada de ozônio (um buraco no céu) e queimou quase tudo.
O que ele nos vende é que o livro é uma arma, capaz de controlar os desesperados e aflitos. O que não deixa de ser verdade. O que as igrejas fazem senão controlar as mentes humanas através da fé? Carnegie diz, "já funcionou uma vez, vai funcionar de novo". Esse argumento que pode gerar horas de filosofia é interessante, a forma como ele foi construído é que fica forçada. O filme apela demais em todos os momentos. A própria epifania do protagonista é forçada. Levando a um final que nos dá a sensação de vazio. Afinal, não aprendemos nada? Eu espero que não seja assim. E que aproveitando a Semana Santa, possamos refletir um pouco sobre nossas atitudes.
Boa Páscoa para todos.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Livro de Eli
2010-04-02T09:38:00-03:00
Amanda Aouad
acao|aventura|critica|Denzel Washington|drama|Gary Oldman|Jennifer Beals|Mila Kunis|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
King Richard: Criando Campeãs (2021), dirigido por Reinaldo Marcus Green , é mais do que apenas uma cinebiografia : é um retrato emocionalm...
-
Cinema Sherlock Homes O filme de destaque atualmente é esta releitura do clássico do mistério pelas mãos de Guy Ritchie. O ex de Madonna p...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
Clint Eastwood me conquistou aos poucos. Ele sabe como construir um filme que emociona e, agora, parece ter escolhido Matt Damon como seu ...
-
Olhando para A Múmia (1999), mais de duas décadas após seu lançamento, é fácil perceber como o filme se tornou um marco do final dos anos ...
-
Amor à Queima Roupa (1993), dirigido por Tony Scott e roteirizado por Quentin Tarantino , é um daqueles filmes que, ao longo dos anos, se...
-
Fui ao cinema sem grandes pretensões. Não esperava um novo Matrix, nem mesmo um grande filme de ação. Difícil definir Gamer, que recebeu du...
-
O CinePipocaCult adverte: se você sofre de claustrofobia, síndrome do pânico ou problemas cardíacos é melhor evitar esse filme. Brincadeiras...