Vinte e cinco anos depois, o diretor Samuel Bayer, com o roteiro de Wesley Strick e Eric Heisserer, resolvem revisitar o mito com tecnologia mais apurada, efeitos especiais interessantes, e uma história melhor amarrada. Mas que, ainda assim, esbarra em um detalhe importantíssimo: o primeiro Freddy Krueger é Robert Englund e, por mais que Jackie Earle Haley seja um excelente ator, não é a mesma coisa. A nova tecnologia também acabou atrapalhando uma característica fundamental, o rosto do vilão. Mais aberto e derretido, ele perdeu todas as expressões faciais que lhe davam um tom ainda mais sarcástico.
Na verdade, a melhor coisa desse filme foi eu ter assistido em uma pré-estreia especial à meia noite. O cinema estava todo caracterizado com luzes vermelhas, cartazes e exposição de DVDs, bonecos e acessórios de Freddy. O boneco é tão bem feito que, fotografado de perto ficou parecendo que o personagem estava lá com a gente.
Do filme em si, alguns detalhes da história foram alterados, o que, para mim, soou melhor. Agora confesso que achei estranha a escolha, já que pelo trailer dava a impressão de que o longa privilegiaria a trama anterior ao ocorrido no original. Na verdade, da forma como foi construído, o trailer acaba sendo um grande spoiler, já que o filme foca boa parte da narrativa na descoberta dos pesadelos misteriosos. Tudo bem que os realizadores podem contra-argumentar que todos já viram algo de A Hora do Pesadelo e sabem do que se trata, mas, então, pra que essa construção fílmica?
A grande sacada de A Hora do Pesadelo ao ser lançado em 1984 foi misturar realidade com imaginação, brincando com o medo que toda criança tem do desconhecido. Talvez por isso, a história funcione tão melhor aos olhos infantis, onde a sensação de ameaça é muito maior. Porque o filme não se baseia no efeito do susto. Ele está sempre enunciado e previsível. A gente sabe quando o personagem está sonhando, e a gente sabe que quando ele está sonhando Krueger irá aparecer. Tudo é repleto de clichês e poucas vezes somos surpreendidos. A própria música colabora com esse efeito, sempre dando indícios de quando o perigo está iminente. Aliás, a trilha sonora é outro ponto forte do filme, sempre eficaz.
O terror que A Hora do Pesadelo tenta despertar é a confirmação de nossos maiores medos e a forma como o vilão mata, sempre de forma exageradamente cruel, com sangue jorrando para todos os lados. Para a criança que vê aquilo, o medo é grande, para o adulto pode tornar-se risível depois de tantos filmes. Nancy continua sendo um contra-ponto interessante, e a novata Rooney Mara defende bem o seu papel, mas falta algo para este filme que nunca chegará aos pés do clássico dos anos 80. Aliás, eu espero, sinceramente que não venham outras continuações por aí.