A história, que é verídica, tem um potencial enorme. Mas não consegue ser tão irônica e engraçada quanto deveria. Matt Damon vive Mark Whitacre, um funcionário da Archer Daniels Midland que começa a se enrolar com uma falsa ameaça à empresa. Depois, seu jogo duplo começa a complicar ainda mais ao fingir para os agentes federais Brian Shepard (Scott Bakula) e Bob Herndon (Joel McHale) que existe um grande cartel a ser desmascarado.
O filme é por muitas vezes monótono, falta ritmo e a projeção é muito longa começando a se repetir a partir da segunda hora do filme. Apesar disso, tem momentos interessantes, como a primeira conversa de Mark com os agentes do FBI, ou a reunião do "cartel".
Matt Damon consegue compor um personagem interessante, dando veracidade à sua paranóia, mitomania e nervosismo, mas a construção gera algumas dúvidas. Por trás daquele bigode e óculos enorme está um homem imbecil ou uma imaginação fértil? Mal caráter ou babaca mesmo? Porque querer se dar bem daquela forma beira a idiotice, principalmente pela forma como ele vai enovelando a história e suas conclusões finais. A gente fica se perguntando se ele realmente acreditava que aquilo tudo poderia dar certo.
Quem nunca fantasiou ser um espião? A narração over do protagonista divaga sobre isso, tentando explicar suas atitudes, mas ainda assim, não convence completamente. Queime depois de ler, é um exemplo de como esse mesmo tema pode ser desenvolvido de uma forma muito mais dinâmica e interessante. Apesar de bom diretor, Soderbergh parece perder a mão aqui. Uma pena.
Bonito é o pôr-de-sol quando estamos em boas companhias. É uma vitória maiúscula depois de um dia cansativo. Sabe onde Quincas poderia ver esse espetáculo?