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Contato: a eterna luta entre ciência e fé
Contato: a eterna luta entre ciência e fé
Há filmes que marcam a nossa vida de uma forma inexplicável. Não dá para fazer uma análise técnica e explicar racionalmente. Por vezes, ele nem mesmo é o melhor nesses quesitos. Mas, esta é a mágica do cinema. Algumas histórias, construções narrativas ou mesmo uma única cena nos pegam de jeito, algo nos acontece e guardamos na memória. A sensação que nos causou é o mais importante. Isso aconteceu comigo quando fui ao cinema em 1997 assistir Contato, primeiro filme de Robert Zemeckis três anos após revolucionar o cinema com Forrest Gump.
A história parece absurda. Uma cientista procurando provas de vida alienígena encontra uma mensagem codificada e faz de tudo para desvendá-la. Quando o governo dos Estados Unidos finalmente a decodifica, descobre um vídeo de uma estação da estrela Vega que ensina a construir uma nave alienígena capaz de viajar pelo espaço ao encontro de provas de vida fora da Terra. Vários países, então, se reúnem para financiar esse projeto. Várias peripécias acontecem até que Dra. Ellie consiga subir em uma nave e procurar seu sonho de menina. Mas, não é isso que importa. A forma como a trama é conduzida é que foi mágica para mim.
A história, baseada no livro de Carl Sagan com o mesmo nome, foi roteirizada por James V. Hart e Michael Goldenberg de uma forma fascinante porque nos pega sempre no contra-pé, quando achamos que vai acontecer algo, uma surpresa nos é mostrada. É difícil explicar sem alguns spoilers, mas a primeira construção da nave, o julgamento de quem será o astronauta nela e a justificativa. "Não acho que alguém que não acredita em Deus deva ser o representante da Terra nessa viagem." Material para muitos anos de discussão filosófica. Afinal, acreditar em Deus nos faz melhores? Quantos dizem que acreditam, mas praticam os atos mais insanos, enquanto que outros são, na verdade, "ateus, graças a Deus", sendo éticos e bons tal qual a Dra. Ellie? Entre um ateu como ela e um terrorista religioso como o que explode a primeira nave, fico com ela.
Depois vem a outra questão principal do filme: existe vida fora da Terra? Se não existisse seria um grande desperdício de espaço, já sentenciou a Dra. Ellie, o que concordo plenamente. Lembro de uma frase no final do filme que me deixou na cadeira do cinema pensativa por um bom tempo. "Por mais insignificantes que sejamos, quão grandiosos somos". Cada ser microscópico nesse universo tem a sua importância no conjunto. Não somos nada e ao mesmo tempo somos tanto. Contato mostra isso de uma forma simples e direta. Lembro que me arrepiei com a cena-chave do filme, o tal contato do título. É tão simbólica. O que procuramos fora é o que temos de mais profundo dentro de nós. É mesmo muita filosofia.
Vários reclamam do final, que consideram frustrante. Mas, acredito que a humanidade não esteja preparada para algumas revelações, ainda mais em 1997, por isso aquela solução. A pista é dada. "Não entendo porque a câmera dela mostra doze horas de inércia". Não importa se o mundo não descobriu, se a verdade não foi revelada, afinal, a verdade é de cada um. Cada homem carrega a sua própria verdade e a Dra. Ellie encontrou a sua, modificou sua vida e evoluiu. Destaque para Jodie Foster que conseguiu dar a essa mulher toda a força, sentimento e crença que a personagem precisava para nos conquistar e fazer embarcar nessa viagem profunda. Pelo menos para mim.
A história parece absurda. Uma cientista procurando provas de vida alienígena encontra uma mensagem codificada e faz de tudo para desvendá-la. Quando o governo dos Estados Unidos finalmente a decodifica, descobre um vídeo de uma estação da estrela Vega que ensina a construir uma nave alienígena capaz de viajar pelo espaço ao encontro de provas de vida fora da Terra. Vários países, então, se reúnem para financiar esse projeto. Várias peripécias acontecem até que Dra. Ellie consiga subir em uma nave e procurar seu sonho de menina. Mas, não é isso que importa. A forma como a trama é conduzida é que foi mágica para mim.
A história, baseada no livro de Carl Sagan com o mesmo nome, foi roteirizada por James V. Hart e Michael Goldenberg de uma forma fascinante porque nos pega sempre no contra-pé, quando achamos que vai acontecer algo, uma surpresa nos é mostrada. É difícil explicar sem alguns spoilers, mas a primeira construção da nave, o julgamento de quem será o astronauta nela e a justificativa. "Não acho que alguém que não acredita em Deus deva ser o representante da Terra nessa viagem." Material para muitos anos de discussão filosófica. Afinal, acreditar em Deus nos faz melhores? Quantos dizem que acreditam, mas praticam os atos mais insanos, enquanto que outros são, na verdade, "ateus, graças a Deus", sendo éticos e bons tal qual a Dra. Ellie? Entre um ateu como ela e um terrorista religioso como o que explode a primeira nave, fico com ela.
Depois vem a outra questão principal do filme: existe vida fora da Terra? Se não existisse seria um grande desperdício de espaço, já sentenciou a Dra. Ellie, o que concordo plenamente. Lembro de uma frase no final do filme que me deixou na cadeira do cinema pensativa por um bom tempo. "Por mais insignificantes que sejamos, quão grandiosos somos". Cada ser microscópico nesse universo tem a sua importância no conjunto. Não somos nada e ao mesmo tempo somos tanto. Contato mostra isso de uma forma simples e direta. Lembro que me arrepiei com a cena-chave do filme, o tal contato do título. É tão simbólica. O que procuramos fora é o que temos de mais profundo dentro de nós. É mesmo muita filosofia.
Vários reclamam do final, que consideram frustrante. Mas, acredito que a humanidade não esteja preparada para algumas revelações, ainda mais em 1997, por isso aquela solução. A pista é dada. "Não entendo porque a câmera dela mostra doze horas de inércia". Não importa se o mundo não descobriu, se a verdade não foi revelada, afinal, a verdade é de cada um. Cada homem carrega a sua própria verdade e a Dra. Ellie encontrou a sua, modificou sua vida e evoluiu. Destaque para Jodie Foster que conseguiu dar a essa mulher toda a força, sentimento e crença que a personagem precisava para nos conquistar e fazer embarcar nessa viagem profunda. Pelo menos para mim.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Contato: a eterna luta entre ciência e fé
2010-06-06T17:06:00-03:00
Amanda Aouad
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