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Lunar - Do DVD para fama

LunarEm janeiro chegou ao Brasil um filme discreto, direto para o DVD, sem passar pelos cinemas. O maior atrativo na imprensa era o fato de ser dirigido por Duncan Jones, filho de David Bowie. Confesso que não dei muita atenção a ele. Agora vejo que, na votação da Sociedade de Blogueiros Cinéfilos, ele fica em primeiro lugar com 100% de aprovação. Tive que ir em busca, tal qual os cinemas correram à procura de Guerra ao Terror ao ver seu sucesso. E fico pensando, como um filme desses não foi bem sucedido.

Na verdade, é bem previsível o porquê dele ter parado direto nas prateleiras das locadoras. A indústria transformou Ficção Científica em sinônimo de explosões, correrias e muita ação. A filosofia de filme como 2001 ou Solaris não é muito bem recebida. Além do que, o longa não conta com grandes estrelas, nem na direção, nem no elenco. Aliás, o elenco se resume praticamente a Sam Rockwell, o mesmo de O Guia do Mochileiro das Galáxias e a voz de Kevin Spacey que dubla o robô Gerty. Ou seja, o filme é cult demais para a indústria apostar no grande público. Uma grande bobagem, diga-se de passagem. Pelo menos nas salas de arte, ele poderia ter vez, principalmente com a comparação que a crítica vem fazendo a 2001.

Sam RockwellNa verdade, do filme de Kubrick ele só tem o fato de a história centrar-se em um astronauta e uma máquina inteligente no espaço. A condução do roteiro de Nathan Parker e Duncan Jones vai por vertentes diferentes. Não explico melhor as referências que me lembrou para não entregar a história toda. O fato é que acompanhamos a rotina de Sam Bell, um astronauta que está prestes a terminar seu contrato em uma estação na Lua e alguns problemas que acontecem nessa reta final.

Um destaque é o robô Gerty, que além da voz de Kevin Spacey com entonações ótimas, traz uma tela com emoticons que indicam seu estado de humor. É um personagem que nos deixa em suspense o tempo todo, até pela lembrança de HAL, mas nos deixa sempre envolvidos com suas demonstrações humanas. Já Sam Bell é a exemplificação do problema da solidão humana. Lembrei muito da rotina de Desmond em Lost, não apenas por estar só, mas pela espera do seu substituto para voltar à Terra.

GertyLunar toca em questões profundas das relações humanas, ética científica e emoções primárias. Nos leva a pensar na evolução humana, ou seria involução? Até que ponto nós conseguimos evoluir a cada um de nossos avanços tecnológicos? Somos responsáveis pelas nossas criações, mas acabamos pensando que são apenas objetos em nossas mãos. O filme traz mais uma vez um robô com sentimentos, o que é questionável para alguns. E retoma a essência das ficções científicas, que não é correr e explodir máquinas diversas, mas o espírito a frente de seu tempo utilizado para discutir a filosofia profunda de sua época.

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