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Entrevista exclusiva com Ana Rosa sobre Nosso Lar
Entrevista exclusiva com Ana Rosa sobre Nosso Lar
Esta semana aconteceu a pré-estreia do filme Nosso Lar em Salvador e eu tive o prazer de entrevistar a atriz Ana Rosa para o CinePipocaCult. Em sua vasta carreira, figurando inclusive no Guinness Book com a atriz com maiores participações em telenovelas, a atriz tem se destacado também por personagens espíritas, religião que desde 95 declarou seguir. A atriz tem viajado pelo país divulgando Nosso Lar, sempre com simpatia e emoção como podem perceber na conversa a seguir.
Bezerra de Menezes, Chico Xavier, Nosso Lar... Algumas pessoas estão falando que está surgindo no Brasil um gênero de filme espírita. Você concorda com essa definição?
- É evidente que estamos vendo hoje uma grande quantidade de obras com essa temática espírita. Mas, no cinema americano, por exemplo, a gente teve Ghost, Os Outros, O Sexto Sentido, Amor Além da Vida, que mostra tudo o que nós falamos em nossos filmes brasileiros, mas não falam em espiritismo, porque não se prendem a doutrina. Lá eles se prendem muito mais a fenomenologia, e para nós é mais importante o lado moral. E como aqui são adaptadas de obras espíritas, talvez pudéssemos realmente chamar de filmes espíritas.
E você, atriz, como encara esse fenômeno? Tem medo de ficar marcada por esse gênero de filme?
- Pois é, eu entrei no Guinness em 97/98 como a atriz que mais fez telenovelas no Brasil. Desde que criou o videotape, tenho 56 telenovelas. E agora, a minha filha brinca comigo dizendo que eu vou entrar no Guinness como a atriz que mais fez filmes espíritas. (risos) Eu fiz o Bezerra, o Chico, Nosso Lar, terminei de filmar E a vida continua que vai ser lançado apenas em DVD e também O livro dos Espíritos pela TV Mundo Maior. E tive alguns outros convites, mas não pude aceitar por falta de tempo.
Você fez também outras obras espíritas, no teatro na televisão.
- Sim, fiz Violetas na Janela no teatro, participei da primeira versão de A Viagem e de O Profeta na TV Tupi. Na Globo, fiz As três irmãs que não era uma novela espírita, mas a personagem era e agora A Cura. (risos)
Mas, você gosta, vê com bons olhos?
- Gosto, e não tenho medo de ficar marcada, como você falou. O que eu não pretendo é ficar só nisso. Eu gosto muito de fazer uma comédia, estou inclusive com um projeto de uma peça que só falta correr atrás de patrocínio. Mas, não tenho essa preocupação de ficar marcada, porque desde 1995 eu me declarei publicamente espírita, já era há muito tempo, mas nessa época minha filha desencarnou, as pessoas começaram a me procurar, eu fiz Violetas na Janela e não tinha porque me esconder. Então, a partir daí a imprensa, os colegas sabem que eu sou espírita e acho que por isso, quando fazem uma obra espírita lembram de mim. Mas, nem sempre, viu? Não me chamaram para fazer Escrito nas Estrelas, não (risos).
E tem alguma obra espírita que você gostaria de fazer em especial?
- Tem alguns livros sim, a literatura espírita é muito vasta, tem alguns livros lindíssimos. Não tenho uma específica, mas vou começar a pesquisar (risos).
Falando especificamente do filme Nosso Lar, você interpreta a dona Laura. Fala um pouco dela, da preparação para interpretá-la.
- A Laura é aquela entidade que vive em Nosso Lar e não tem mais a necessidade de reencarnar, mas acaba pedindo para voltar a Terra por amor a sua neta. Agora, um livro é muito grande, não dá para colocar tudo no filme, você tem que se ater a determinados acontecimentos. O filme não mostra, mas o livro explora muito mais essa decisão de reencarnar para ajudar a neta, o sofrimento do filho que ela tem que deixar em Nosso Lar, todo o processo. Eles eram uma família bem estabilizada, pretendendo ascender e ela não tinha necessidade de correr esse novo desafio. Então, é um personagem que tem um ato de amor, de doação, muito grande.
E você releu o livro para se preparar, fez algum laboratório em especial?
- Sim, eu reli. Quando o Wagner (Assis) me convidou para fazer o filme, eu fiquei surpresa porque sabia que era uma obra de difícil de adaptação. Gostei do roteiro que ele fez, acho que foi inspirado. Tivemos então, ensaios, conversas, exercícios para viver essa família espiritual.
Como foi atuar em cenários virtuais, filmando com fundo azul, alguma diferença?
- Não, porque em televisão eu já tinha feito algumas novelas com cenários virtuais. Na Record, eu tinha participado de Caminhos do Coração que tinha mais efeito especial do que texto (risos). Brincadeira, mas tinha muitos efeitos especiais, que tomava um tempo enorme. Então, não foi uma novidade e eu não tive dificuldades nas filmagens.
E o resultado, depois do filme pronto, que achou?
- Muito bom. Acima de minhas expectativas.
Qual a importância de uma obra tão grandiosa, com o nível de pós produção desse filme em um mercado como o Brasil?
- Eu acho que em termos de cinema brasileiro, a gente chegou em um patamar para equiparar com filmes estrangeiros, em termos de técnica. Os efeitos especiais foram feitos em Toronto, os cenários da cidade espiritual, o umbral, a música, tudo impecável.
Em Chico Xavier, o elenco relatou alguns casos nas filmagens, Nelson Xavier falou que sentiu a presença de Chico ao seu lado, Ângelo Antonio sentiu o perfume que ele usava. E em Nosso Lar, teve algum caso parecido?
- Infelizmente quando eu filmei, não. Eu participei apenas de seis ou sete diárias e não soube de nenhum caso parecido nas filmagens.
O que você acha mais importante em Nosso Lar?
- Acho que a mensagem. É uma história que leva a uma reflexão. Eu assisti ao filme semana passada em uma sessão só para o elenco, depois em São Paulo e Brasília, quando termina o filme as pessoas continuam sentadas vendo os créditos e pensando. O importante da obra é levar cada pessoa a uma reflexão, independente de religião. Porque esse negócio de eu sou católica, protestante, espírita, são rótulos que as pessoas colocam e o que difere são os rituais ou a falta deles, porque o espiritismo não tem rituais. Mas, todas as religiões te levam a uma mesma finalidade que é uma conexão com um ser supremo. Então, independente de religião, o ser humano enquanto encarnado tem que pensar no seu papel, de porque está aqui, para que e até quando. Questões fundamentais, atemporais, independentes de país.
Você tem alguma preferência entre televisão, cinema e teatro?
- Não. Eu gosto de um bom papel, se o personagem é bom, independe se você está fazendo televisão, cinema ou teatro. O que acontece é que no teatro tem aquela coisa gostosa da reação imediata do público, a troca de energia, mas em compensação, depois de três, quatro meses, eu fico enjoada de ficar fazendo o mesmo texto toda noite. Na televisão é mais dinâmico, você recebe seis capítulos por semana, vem sempre uma coisa nova que você não sabe o que é, tem que decorar, estudar, mas tem essa coisa solitária, só as câmeras. E o cinema, que até algum tempo atrás era uma forma de fazer diferente, hoje está muito parecido com a televisão. Porque você faz todo intercalado, na televisão, quando eu comecei, a gente gravava na seqüência, mas hoje em dia também grava por cenários, grava o capítulo vinte, volta pro dez, então está muito parecido. Mas o bom é quando você pega um bom personagem, em qualquer veículo, qualquer forma.
Você está no ar agora com A Cura. A série já está toda gravada ou ainda estão envolvidos em alguma produção?
- Não, já terminamos de gravar.
E quais são seus projetos agora?
- Eu estou com um projeto de teatro, uma produção bastante encaminhada. Já com Lei Rouanet e está em fase de captação de recursos, temos que batalhar mais para conseguir. Mas, se Deus quiser, começamos a produzir ano que vem.
Bezerra de Menezes, Chico Xavier, Nosso Lar... Algumas pessoas estão falando que está surgindo no Brasil um gênero de filme espírita. Você concorda com essa definição?
- É evidente que estamos vendo hoje uma grande quantidade de obras com essa temática espírita. Mas, no cinema americano, por exemplo, a gente teve Ghost, Os Outros, O Sexto Sentido, Amor Além da Vida, que mostra tudo o que nós falamos em nossos filmes brasileiros, mas não falam em espiritismo, porque não se prendem a doutrina. Lá eles se prendem muito mais a fenomenologia, e para nós é mais importante o lado moral. E como aqui são adaptadas de obras espíritas, talvez pudéssemos realmente chamar de filmes espíritas.
E você, atriz, como encara esse fenômeno? Tem medo de ficar marcada por esse gênero de filme?
- Pois é, eu entrei no Guinness em 97/98 como a atriz que mais fez telenovelas no Brasil. Desde que criou o videotape, tenho 56 telenovelas. E agora, a minha filha brinca comigo dizendo que eu vou entrar no Guinness como a atriz que mais fez filmes espíritas. (risos) Eu fiz o Bezerra, o Chico, Nosso Lar, terminei de filmar E a vida continua que vai ser lançado apenas em DVD e também O livro dos Espíritos pela TV Mundo Maior. E tive alguns outros convites, mas não pude aceitar por falta de tempo.
Você fez também outras obras espíritas, no teatro na televisão.
- Sim, fiz Violetas na Janela no teatro, participei da primeira versão de A Viagem e de O Profeta na TV Tupi. Na Globo, fiz As três irmãs que não era uma novela espírita, mas a personagem era e agora A Cura. (risos)
Mas, você gosta, vê com bons olhos?
- Gosto, e não tenho medo de ficar marcada, como você falou. O que eu não pretendo é ficar só nisso. Eu gosto muito de fazer uma comédia, estou inclusive com um projeto de uma peça que só falta correr atrás de patrocínio. Mas, não tenho essa preocupação de ficar marcada, porque desde 1995 eu me declarei publicamente espírita, já era há muito tempo, mas nessa época minha filha desencarnou, as pessoas começaram a me procurar, eu fiz Violetas na Janela e não tinha porque me esconder. Então, a partir daí a imprensa, os colegas sabem que eu sou espírita e acho que por isso, quando fazem uma obra espírita lembram de mim. Mas, nem sempre, viu? Não me chamaram para fazer Escrito nas Estrelas, não (risos).
E tem alguma obra espírita que você gostaria de fazer em especial?
- Tem alguns livros sim, a literatura espírita é muito vasta, tem alguns livros lindíssimos. Não tenho uma específica, mas vou começar a pesquisar (risos).
Falando especificamente do filme Nosso Lar, você interpreta a dona Laura. Fala um pouco dela, da preparação para interpretá-la.
- A Laura é aquela entidade que vive em Nosso Lar e não tem mais a necessidade de reencarnar, mas acaba pedindo para voltar a Terra por amor a sua neta. Agora, um livro é muito grande, não dá para colocar tudo no filme, você tem que se ater a determinados acontecimentos. O filme não mostra, mas o livro explora muito mais essa decisão de reencarnar para ajudar a neta, o sofrimento do filho que ela tem que deixar em Nosso Lar, todo o processo. Eles eram uma família bem estabilizada, pretendendo ascender e ela não tinha necessidade de correr esse novo desafio. Então, é um personagem que tem um ato de amor, de doação, muito grande.
E você releu o livro para se preparar, fez algum laboratório em especial?
- Sim, eu reli. Quando o Wagner (Assis) me convidou para fazer o filme, eu fiquei surpresa porque sabia que era uma obra de difícil de adaptação. Gostei do roteiro que ele fez, acho que foi inspirado. Tivemos então, ensaios, conversas, exercícios para viver essa família espiritual.
Como foi atuar em cenários virtuais, filmando com fundo azul, alguma diferença?
- Não, porque em televisão eu já tinha feito algumas novelas com cenários virtuais. Na Record, eu tinha participado de Caminhos do Coração que tinha mais efeito especial do que texto (risos). Brincadeira, mas tinha muitos efeitos especiais, que tomava um tempo enorme. Então, não foi uma novidade e eu não tive dificuldades nas filmagens.
E o resultado, depois do filme pronto, que achou?
- Muito bom. Acima de minhas expectativas.
Qual a importância de uma obra tão grandiosa, com o nível de pós produção desse filme em um mercado como o Brasil?
- Eu acho que em termos de cinema brasileiro, a gente chegou em um patamar para equiparar com filmes estrangeiros, em termos de técnica. Os efeitos especiais foram feitos em Toronto, os cenários da cidade espiritual, o umbral, a música, tudo impecável.
Em Chico Xavier, o elenco relatou alguns casos nas filmagens, Nelson Xavier falou que sentiu a presença de Chico ao seu lado, Ângelo Antonio sentiu o perfume que ele usava. E em Nosso Lar, teve algum caso parecido?
- Infelizmente quando eu filmei, não. Eu participei apenas de seis ou sete diárias e não soube de nenhum caso parecido nas filmagens.
O que você acha mais importante em Nosso Lar?
- Acho que a mensagem. É uma história que leva a uma reflexão. Eu assisti ao filme semana passada em uma sessão só para o elenco, depois em São Paulo e Brasília, quando termina o filme as pessoas continuam sentadas vendo os créditos e pensando. O importante da obra é levar cada pessoa a uma reflexão, independente de religião. Porque esse negócio de eu sou católica, protestante, espírita, são rótulos que as pessoas colocam e o que difere são os rituais ou a falta deles, porque o espiritismo não tem rituais. Mas, todas as religiões te levam a uma mesma finalidade que é uma conexão com um ser supremo. Então, independente de religião, o ser humano enquanto encarnado tem que pensar no seu papel, de porque está aqui, para que e até quando. Questões fundamentais, atemporais, independentes de país.
Você tem alguma preferência entre televisão, cinema e teatro?
- Não. Eu gosto de um bom papel, se o personagem é bom, independe se você está fazendo televisão, cinema ou teatro. O que acontece é que no teatro tem aquela coisa gostosa da reação imediata do público, a troca de energia, mas em compensação, depois de três, quatro meses, eu fico enjoada de ficar fazendo o mesmo texto toda noite. Na televisão é mais dinâmico, você recebe seis capítulos por semana, vem sempre uma coisa nova que você não sabe o que é, tem que decorar, estudar, mas tem essa coisa solitária, só as câmeras. E o cinema, que até algum tempo atrás era uma forma de fazer diferente, hoje está muito parecido com a televisão. Porque você faz todo intercalado, na televisão, quando eu comecei, a gente gravava na seqüência, mas hoje em dia também grava por cenários, grava o capítulo vinte, volta pro dez, então está muito parecido. Mas o bom é quando você pega um bom personagem, em qualquer veículo, qualquer forma.
Você está no ar agora com A Cura. A série já está toda gravada ou ainda estão envolvidos em alguma produção?
- Não, já terminamos de gravar.
E quais são seus projetos agora?
- Eu estou com um projeto de teatro, uma produção bastante encaminhada. Já com Lei Rouanet e está em fase de captação de recursos, temos que batalhar mais para conseguir. Mas, se Deus quiser, começamos a produzir ano que vem.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Entrevista exclusiva com Ana Rosa sobre Nosso Lar
2010-08-28T09:10:00-03:00
Amanda Aouad
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