Meu Querido John
Amanda Seyfried virou mesmo queridinha da América, seus três últimos papéis foram marcantes e diferentes. Se em O Preço da Traição ela é dissimulada e em Cartas para Julieta, uma mulher bem resolvida, em Querido John vem como uma adolescente pronta para se apaixonar. Em todos os papéis se sai bem, apesar de não ter nenhuma interpretação fora do comum. Já seu par, Chaning Tatum tem uma interpretação bastante rasa, apesar do belo físico. Ambos, porém, protagonizam uma bela história de amor, envolvente, emocionante que nos deixa satisfeitos mesmo com uma enorme quantidade de clichês e problemas fílmicos.
Lasse Hallström já demonstrou talento para emocionar, vide o belo Sempre ao seu lado. Ao dirigir a adaptação do livro de Nicholas Sparks, com roteiro de Jamie Linden, o sueco consegue trazer boas cenas e envolvimento do espectador, mas parece que algo fica faltando, principalmente depois que John vai para guerra. A história centra no romance entre Savannah e John, dois jovens que se conhecem em suas férias na praia e se apaixonam. A diferença de milhares de histórias de amor adolescente é que apesar dela estar voltando para a faculdade, ele está voltando para o exército. Poderíamos, então, citar milhares de filmes sobre amor e guerra. Porém, mais uma vez temos a diferença de Querido John retratar uma guerra recente, a guerra do Iraque.
Apesar de centrar no casal, destaco aqui duas outras participações fundamentais na narrativa. Uma é o ator Richard Jenkins, pai de John, que tem a melhor interpretação do filme em seu personagem contido e tímido, que se revela algo mais que isso. O personagem vive em seu mundo particular entre coleção de moedas e cardápio diário. Outra é Henry Thomas, ex-garotinho de ET, que apesar de não ter conseguido manter uma carreira sólida a exemplo de sua "irmã" Drew Barrymore, continua tendo boas atuações. Ele é o amigo do pai de Savannah e está sempre acompanhado de seu filho autista, Alan.
Quando John e Savannah têm que se separar, prometem se encontrar em breve em um pacto de amor. Ele tem que cumprir mais um ano de exército e poderá voltar para casa, quando finalmente os dois vão viver uma vida juntos. Após um terço de filme, ficamos então, com uma narrativa feita por cartas, único meio de comunicação entre os amantes, porém é nesse ponto que Hallström não é tão feliz e não consegue manter o frescor de um Diário de uma Paixão, por exemplo. O filme cai em seu entusiasmo e ficamos aguardando o reencontro. É quando o inesperado acontece: 11 de setembro de 2001, faltando poucos dias para John terminar seu serviço, ele se sente obrigado a se reapresentar por mais dois anos.
Pausa para meus sentimentos. Entendo a ombridade de um soldado em guerra querendo defender o seu país, mas diante do que conhecemos da tal guerra ao terror que os Estados Unidos gerou a partir do 11 de setembro não consigo me compadecer e ser cúmplice da escolha de John. Aquela vontade dos soldados de ficarem para lutar me dá agonia. Mas, isso é uma opinião própria. Voltemos ao filme.
Savannah, como eu, não aceita que John tenha que voltar, mas continua até onde pode mantendo o relacionamento a distância. É nesse ponto que o roteiro nos surpreende duas vezes. Primeiro revelando o significado da narração inicial do filme, em uma das cenas mais emocionantes e bonitas da narrativa, única que me deu verdadeira vontade de chorar. Segundo trazendo para primeiro plano um personagem secundário que nem mesmo foi desenvolvido para tal desfecho, o que fica um pouco forçado.
De qualquer forma, Querido John é um filme sobre a capacidade de amar, de entrega e de transformação do ser humano. Tem uma história bonita, com pequenos problemas de condução que poderiam torná-lo uma obra mais gostosa de acompanhar. Ainda assim, nos envolve, nos fazendo torcer pelo óbvio final feliz.
Lasse Hallström já demonstrou talento para emocionar, vide o belo Sempre ao seu lado. Ao dirigir a adaptação do livro de Nicholas Sparks, com roteiro de Jamie Linden, o sueco consegue trazer boas cenas e envolvimento do espectador, mas parece que algo fica faltando, principalmente depois que John vai para guerra. A história centra no romance entre Savannah e John, dois jovens que se conhecem em suas férias na praia e se apaixonam. A diferença de milhares de histórias de amor adolescente é que apesar dela estar voltando para a faculdade, ele está voltando para o exército. Poderíamos, então, citar milhares de filmes sobre amor e guerra. Porém, mais uma vez temos a diferença de Querido John retratar uma guerra recente, a guerra do Iraque.
Apesar de centrar no casal, destaco aqui duas outras participações fundamentais na narrativa. Uma é o ator Richard Jenkins, pai de John, que tem a melhor interpretação do filme em seu personagem contido e tímido, que se revela algo mais que isso. O personagem vive em seu mundo particular entre coleção de moedas e cardápio diário. Outra é Henry Thomas, ex-garotinho de ET, que apesar de não ter conseguido manter uma carreira sólida a exemplo de sua "irmã" Drew Barrymore, continua tendo boas atuações. Ele é o amigo do pai de Savannah e está sempre acompanhado de seu filho autista, Alan.
Quando John e Savannah têm que se separar, prometem se encontrar em breve em um pacto de amor. Ele tem que cumprir mais um ano de exército e poderá voltar para casa, quando finalmente os dois vão viver uma vida juntos. Após um terço de filme, ficamos então, com uma narrativa feita por cartas, único meio de comunicação entre os amantes, porém é nesse ponto que Hallström não é tão feliz e não consegue manter o frescor de um Diário de uma Paixão, por exemplo. O filme cai em seu entusiasmo e ficamos aguardando o reencontro. É quando o inesperado acontece: 11 de setembro de 2001, faltando poucos dias para John terminar seu serviço, ele se sente obrigado a se reapresentar por mais dois anos.
Pausa para meus sentimentos. Entendo a ombridade de um soldado em guerra querendo defender o seu país, mas diante do que conhecemos da tal guerra ao terror que os Estados Unidos gerou a partir do 11 de setembro não consigo me compadecer e ser cúmplice da escolha de John. Aquela vontade dos soldados de ficarem para lutar me dá agonia. Mas, isso é uma opinião própria. Voltemos ao filme.
Savannah, como eu, não aceita que John tenha que voltar, mas continua até onde pode mantendo o relacionamento a distância. É nesse ponto que o roteiro nos surpreende duas vezes. Primeiro revelando o significado da narração inicial do filme, em uma das cenas mais emocionantes e bonitas da narrativa, única que me deu verdadeira vontade de chorar. Segundo trazendo para primeiro plano um personagem secundário que nem mesmo foi desenvolvido para tal desfecho, o que fica um pouco forçado.
De qualquer forma, Querido John é um filme sobre a capacidade de amar, de entrega e de transformação do ser humano. Tem uma história bonita, com pequenos problemas de condução que poderiam torná-lo uma obra mais gostosa de acompanhar. Ainda assim, nos envolve, nos fazendo torcer pelo óbvio final feliz.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Meu Querido John
2010-08-27T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
Amanda Seyfried|Channing Tatum|critica|drama|livro|romance|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
King Richard: Criando Campeãs (2021), dirigido por Reinaldo Marcus Green , é mais do que apenas uma cinebiografia : é um retrato emocionalm...
-
Cinema Sherlock Homes O filme de destaque atualmente é esta releitura do clássico do mistério pelas mãos de Guy Ritchie. O ex de Madonna p...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...
-
Clint Eastwood me conquistou aos poucos. Ele sabe como construir um filme que emociona e, agora, parece ter escolhido Matt Damon como seu ...
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
Olhando para A Múmia (1999), mais de duas décadas após seu lançamento, é fácil perceber como o filme se tornou um marco do final dos anos ...
-
Amor à Queima Roupa (1993), dirigido por Tony Scott e roteirizado por Quentin Tarantino , é um daqueles filmes que, ao longo dos anos, se...
-
Fui ao cinema sem grandes pretensões. Não esperava um novo Matrix, nem mesmo um grande filme de ação. Difícil definir Gamer, que recebeu du...
-
O CinePipocaCult adverte: se você sofre de claustrofobia, síndrome do pânico ou problemas cardíacos é melhor evitar esse filme. Brincadeiras...