
Vamos começar pelos positivos. O Grilo Feliz já é um personagem conhecido, do primeiro longametragem de 2001. Um inseto cantor que sonha em gravar o seu CD. Acho ótima a idéia e a forma como Walbercy Ribas constrói o personagem, a função social agregada, a música como caminho para as crianças. Enfim, tudo que enriquece a história. Os personagens, em geral, são muito bem trabalhados. A construção narrativa dos bichos da floresta, Butuquinho e suas invenções, Rafael, Pétala, o professor Vareta. Todos são bem embasados, possuem profundidade. A construção típica dos sapos cantores de rap também é muito interessante.

A técnica utilizada pode não ser de ponta, mas é muito bem realizada. Tanto que a animação tem um resultado melhor do que, por exemplo, a animação peruana"O Golfinho: A História de um Sonhador". A modelagem dos personagens e cenários, assim como os efeitos e interferências diversas, a direção de arte, a critividade com os cenários, a composição das cenas, tudo torna um filme agradável de se ver. E fico feliz que o Brasil já possa produzir obras assim.

Além disso a linguagem é infantil demais. Claro, é uma animação para crianças, mas a Pixar já provou que é possível atingir crianças e agradar adultos. Fora que os pequenos são espertos, não é porque é infantil que tem que ser bobo. As soluções são muito rápidas, com situações sem profundidade. A explicação que o professor Vareta encontra para os insetos gigantes, por exemplo, sem nem vê-los, chega a ser ridícula. A separação de Grilo e Pétala então, não faz sentido. Mas, em meio a toda essa junção de soluções frágeis há muita criatividade para construir esse universo fantástico. Uma porta que se abre. Tomara que o Brasil cresça muito ainda neste setor.