Amor à distância
Amor à distância é daqueles filmes que passam, a gente vê, mas nem se lembra dele daqui a alguns anos. Mais uma tentativa de reinvenção das comédias românticas, o roteiro de Geoff LaTulipe tenta fugir do clichê com sexo verbal, cenas escatológicas e uma incerteza real do destino de seus protagonistas. Ainda assim, nem ele nem a diretora Nanette Burstein conseguem um resultado que possa ser chamado de inovador e marcante como 500 Dias com Ela, por exemplo. As melhores cenas, na verdade, são de humor fácil como o casal transando na mesa da sala da irmã, sem perceber que o cunhado tomava sopa.
A trama gira em torno de Erin e Garrett, ela uma estudante de jornalismo em São Francisco, ele um produtor caça-talentos em Nova York. Os dois se conhecem e ficam juntos por dois meses, enquanto Erin estagia em um jornal nova iorquino. O que parecia um caso passageiro, no entanto, vira paixão e quando Erin tem que retornar a São Francisco o dilema está criado. Entre viagens, conversas pelo telefone, computador e pensamentos, eles vão tentando levar o relacionamento à distância. E aí está o problema, o filme fica só nisso. Nessas idas e vindas, indefinições, medos. Torna-se monótono.
A grande sacada interessante está nas personalidades dos protagonistas, longe de serem os ideais românticos americanos, tornam-se reais, instigantes e nos deixam envolvidos com a história que poderia acontecer em qualquer esquina. Eles não são jovens promissores, nem adultos bem sucedidos. Pelo contrário, ela já passou da idade de estar na faculdade, apesar de demonstrar talento, não encontrou sua grande oportunidade e vive de favor na casa da irmã. Ah, para sobreviver trabalha como garçonete. Ele é um produtor frustrado, que odeia o que faz e tem que ficar procurando o novo grande talento adolescente musical. Nenhum deles têm dinheiro suficiente para bancar o outro. Logo, a união de ambos fica a mercê do destino. Se ela conseguir um trabalho em Nova York, ou se ele conseguir ser transferido para São Francisco, talvez aí, o vai e vem termine e possam ficar juntos.
Então, como torcer pelo casal se o resultado daquilo não depende deles? A história parece meio sem solução e ficamos apenas observando o desenrolar, sem muitas expectativas. Por outro lado, a escolha dos atores acaba sendo feliz, já que na vida real Drew Barrymore e Justin Long vivem um amor de vai e vem infinito. Fica a sensação de a vida como ela é. Mas, isso não parece suficiente para prender um espectador. Enquanto Barrymore condiz com a figura de uma mulher inteligente, bem resolvida que não tem problemas de falar palavrão, nem beber bastante. Justin Long tem uma eterna cara de amigo do galã, completamente sem sal, fica difícil entender o que ela viu nele.
Temos cenas memoráveis, como a já citada de sexo na mesa, ou o desenrolar desta com o jantar e todas as referências ao que aconteceu na noite anterior pelas caras e bocas da irmã neurótica por limpeza. Mas, temos também cenas lamentáveis como o amigo de Garrett sentado na latrina de porta aberta, tomando cerveja e dando conselhos sobre relacionamentos. Também a cena em que Erin fica bêbada no bar, junto com um amigo. Interpretar uma pessoa bêbada é algo delicado que pode cair facilmente no ridículo. Drew Barrymore não precisava ter passado por isso.
O fato é que com umas piadinhas ou outras, umas situações interessantes ou outras, Amor à Distância é um filme morno. Não acrescenta nada a nossa vida, não nos marca por nenhuma situação profunda, engraçada ou bela. Uma sensação de diversão instantânea que logo passa e procuramos algo melhor para nos distrair. Mas, como eu sempre digo, cada filme pode trazer um ensinamento ou uma epifania a cada um das formas mais diversas. É sempre bom conferir e tirar suas próprias conclusões. Sem pressa. Estreia hoje em todo o Brasil.
A trama gira em torno de Erin e Garrett, ela uma estudante de jornalismo em São Francisco, ele um produtor caça-talentos em Nova York. Os dois se conhecem e ficam juntos por dois meses, enquanto Erin estagia em um jornal nova iorquino. O que parecia um caso passageiro, no entanto, vira paixão e quando Erin tem que retornar a São Francisco o dilema está criado. Entre viagens, conversas pelo telefone, computador e pensamentos, eles vão tentando levar o relacionamento à distância. E aí está o problema, o filme fica só nisso. Nessas idas e vindas, indefinições, medos. Torna-se monótono.
A grande sacada interessante está nas personalidades dos protagonistas, longe de serem os ideais românticos americanos, tornam-se reais, instigantes e nos deixam envolvidos com a história que poderia acontecer em qualquer esquina. Eles não são jovens promissores, nem adultos bem sucedidos. Pelo contrário, ela já passou da idade de estar na faculdade, apesar de demonstrar talento, não encontrou sua grande oportunidade e vive de favor na casa da irmã. Ah, para sobreviver trabalha como garçonete. Ele é um produtor frustrado, que odeia o que faz e tem que ficar procurando o novo grande talento adolescente musical. Nenhum deles têm dinheiro suficiente para bancar o outro. Logo, a união de ambos fica a mercê do destino. Se ela conseguir um trabalho em Nova York, ou se ele conseguir ser transferido para São Francisco, talvez aí, o vai e vem termine e possam ficar juntos.
Então, como torcer pelo casal se o resultado daquilo não depende deles? A história parece meio sem solução e ficamos apenas observando o desenrolar, sem muitas expectativas. Por outro lado, a escolha dos atores acaba sendo feliz, já que na vida real Drew Barrymore e Justin Long vivem um amor de vai e vem infinito. Fica a sensação de a vida como ela é. Mas, isso não parece suficiente para prender um espectador. Enquanto Barrymore condiz com a figura de uma mulher inteligente, bem resolvida que não tem problemas de falar palavrão, nem beber bastante. Justin Long tem uma eterna cara de amigo do galã, completamente sem sal, fica difícil entender o que ela viu nele.
Temos cenas memoráveis, como a já citada de sexo na mesa, ou o desenrolar desta com o jantar e todas as referências ao que aconteceu na noite anterior pelas caras e bocas da irmã neurótica por limpeza. Mas, temos também cenas lamentáveis como o amigo de Garrett sentado na latrina de porta aberta, tomando cerveja e dando conselhos sobre relacionamentos. Também a cena em que Erin fica bêbada no bar, junto com um amigo. Interpretar uma pessoa bêbada é algo delicado que pode cair facilmente no ridículo. Drew Barrymore não precisava ter passado por isso.
O fato é que com umas piadinhas ou outras, umas situações interessantes ou outras, Amor à Distância é um filme morno. Não acrescenta nada a nossa vida, não nos marca por nenhuma situação profunda, engraçada ou bela. Uma sensação de diversão instantânea que logo passa e procuramos algo melhor para nos distrair. Mas, como eu sempre digo, cada filme pode trazer um ensinamento ou uma epifania a cada um das formas mais diversas. É sempre bom conferir e tirar suas próprias conclusões. Sem pressa. Estreia hoje em todo o Brasil.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Amor à distância
2010-09-10T15:12:00-03:00
Amanda Aouad
comedia|critica|Drew Barrymore|romance|
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