Comer, Rezar e Amar...
Baseado no livro homônimo de Elizabeth Gilbert, Comer, Rezar e Amar é um típico filme de auto-ajuda. Através da história real da escritora, viajamos pela Itália, Índia e Indonésia comendo, rezando e amando, mesmo que em pensamento. Não há como uma mulher não se identificar com, pelo menos, uma situação, um questionamento de vida ou uma cobrança de "cadê o marido". É impressionante como, aos olhos gerais, uma mulher precisa de um homem para ser considerada plenamente realizada. Mas, ao contrário de contestar, a heroína de Julia Roberts só comprova isso.
Qual o sentido da vida? Apesar de uma vida aparentemente agradável e bem realizada Elizabeth Gilbert não está satisfeita. Falta algo em sua existência e, para se encontrar, ela resolve passar um ano viajando em uma jornada de auto descoberta. Em vez de fazer o caminho de Santiago como a maioria, no entanto, ela resolve passar uns meses na Itália comendo, outros na Índia rezando e o restante na Indonésia consultando um xamã, mas como está em Bali acaba tendo a oportunidade de amar novamente.
O filme de Ryan Murphy chega a ser ingênuo em muitos momentos, com uma direção básica e cenas clichês, apesar da tentativa de passeio da câmera. Seu roteiro com Jennifer Salt, baseado no livro, é também estruturado de forma bastante didática. Primeiro ela come, depois ela reza e por fim ama. Mas, parece que, na verdade, ela sempre esteve em busca do amor. Fica então, meio incongruente que ela largue o amor em Nova York para correr o mundo atrás de um amor. É claro que eu entendo a questão básica da personagem, ela não consegue viver com um homem sem se anular. Casada ela vivia a vida de seu marido, ao se separar e começar um romance com um jovem ator, ela passa a ser como este. O auto-exílio é para encontrar seu verdadeiro ser. O problema é que a cada passo ela está sendo cobrada para ter um relacionamento ou se sentindo sozinha. E o roteiro nos leva a acreditar que a história só terá um final feliz quando ela encontrar sua cara metade.
Apesar de toda a incongruência e clima de auto-ajuda, é divertido ver as cenas da Itália. Haja massa! Não vá ao cinema com fome. O clima, as músicas, tudo ótimo. Vem a Índia e suas referências religiosas, os animais sagrados, a cultura tão diferente. É interessante que apesar de estar em um templo de meditação a primeira coisa que chama a atenção de outro americano em relação a protagonista é a quantidade de comida que ela ingere. Opa, agora é hora de rezar. Por fim, vamos a Bali, o xamã e sua auxiliar são muito caricatos, assim como o clima de festa e romance eternos. "Todo mundo tem um caso em Bali". As melhores cenas são com a médica que atende a protagonista.
O filme que chamou a atenção pela volta de Julia Roberts a filmes de destaque, pode não ser um grande filme, mas é bom ver a performance da estrela com nos velhos tempos. Com muita simpatia, abusando do sorriso exagerado que marcou sua carreira de comédias românticas e com uma entrega verdadeira à personagem e sua busca, Julia satisfaz em sua interpretação. Pode ser considerado um bom papel. O mesmo não podemos dizer do grande ator Javier Bardem. Enquanto a crítica italiana reclamou da imagem retratada de seu povo e país, cabe a nós reclamar do personagem do espanhol. Ele faz um brasileiro com um sotaque de português falando portunhol e ainda arruma uma tradição brasileira de pai e filho se beijar na boca. Fora que basta o personagem entrar em cena que a trilha sonora vira bossa nova. Apesar de adorar ouvir a música de Tom Jobim fica meio clichê isso, não?
No balanço geral é um filme gostoso de se ver, suas duas horas e vinte não são sentidas. Dá para pensar em algumas frases, além de meditar sobre a própria existência como cabe a todo livro de auto-ajuda. Pode não ser um grande filme, nem um grande marco na carreira da atriz, mas com certeza não chega a ser um lamentável engano. Saí leve do cinema e isso já vale.
Qual o sentido da vida? Apesar de uma vida aparentemente agradável e bem realizada Elizabeth Gilbert não está satisfeita. Falta algo em sua existência e, para se encontrar, ela resolve passar um ano viajando em uma jornada de auto descoberta. Em vez de fazer o caminho de Santiago como a maioria, no entanto, ela resolve passar uns meses na Itália comendo, outros na Índia rezando e o restante na Indonésia consultando um xamã, mas como está em Bali acaba tendo a oportunidade de amar novamente.
O filme de Ryan Murphy chega a ser ingênuo em muitos momentos, com uma direção básica e cenas clichês, apesar da tentativa de passeio da câmera. Seu roteiro com Jennifer Salt, baseado no livro, é também estruturado de forma bastante didática. Primeiro ela come, depois ela reza e por fim ama. Mas, parece que, na verdade, ela sempre esteve em busca do amor. Fica então, meio incongruente que ela largue o amor em Nova York para correr o mundo atrás de um amor. É claro que eu entendo a questão básica da personagem, ela não consegue viver com um homem sem se anular. Casada ela vivia a vida de seu marido, ao se separar e começar um romance com um jovem ator, ela passa a ser como este. O auto-exílio é para encontrar seu verdadeiro ser. O problema é que a cada passo ela está sendo cobrada para ter um relacionamento ou se sentindo sozinha. E o roteiro nos leva a acreditar que a história só terá um final feliz quando ela encontrar sua cara metade.
Apesar de toda a incongruência e clima de auto-ajuda, é divertido ver as cenas da Itália. Haja massa! Não vá ao cinema com fome. O clima, as músicas, tudo ótimo. Vem a Índia e suas referências religiosas, os animais sagrados, a cultura tão diferente. É interessante que apesar de estar em um templo de meditação a primeira coisa que chama a atenção de outro americano em relação a protagonista é a quantidade de comida que ela ingere. Opa, agora é hora de rezar. Por fim, vamos a Bali, o xamã e sua auxiliar são muito caricatos, assim como o clima de festa e romance eternos. "Todo mundo tem um caso em Bali". As melhores cenas são com a médica que atende a protagonista.
O filme que chamou a atenção pela volta de Julia Roberts a filmes de destaque, pode não ser um grande filme, mas é bom ver a performance da estrela com nos velhos tempos. Com muita simpatia, abusando do sorriso exagerado que marcou sua carreira de comédias românticas e com uma entrega verdadeira à personagem e sua busca, Julia satisfaz em sua interpretação. Pode ser considerado um bom papel. O mesmo não podemos dizer do grande ator Javier Bardem. Enquanto a crítica italiana reclamou da imagem retratada de seu povo e país, cabe a nós reclamar do personagem do espanhol. Ele faz um brasileiro com um sotaque de português falando portunhol e ainda arruma uma tradição brasileira de pai e filho se beijar na boca. Fora que basta o personagem entrar em cena que a trilha sonora vira bossa nova. Apesar de adorar ouvir a música de Tom Jobim fica meio clichê isso, não?
No balanço geral é um filme gostoso de se ver, suas duas horas e vinte não são sentidas. Dá para pensar em algumas frases, além de meditar sobre a própria existência como cabe a todo livro de auto-ajuda. Pode não ser um grande filme, nem um grande marco na carreira da atriz, mas com certeza não chega a ser um lamentável engano. Saí leve do cinema e isso já vale.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Comer, Rezar e Amar...
2010-09-30T08:15:00-03:00
Amanda Aouad
comedia|critica|drama|Javier Bardem|Julia Roberts|livro|romance|
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