Presságio
Que tal misturar Sinais com Os Esquecidos? E destruir o planeta em mais uma obra cinematográfica? Estamos vivendo em pleno Apocalipse segundo profecias diversas. É natural, então, que Hollywood abuse dessas referências. São diversos filmes destruindo o mundo seja por catástrofes naturais, epidemias ou invasões alienígenas. Em 2009, Alex Proyas retoma a atmosfera sombria de Cidade das Sombras em Presságio, mas só consegue um filme regular, principalmente pelo desenvolvimento do roteiro que possui alguns furos e vários clichês.
Nos anos 50, uma escola comemora aniversário com uma ideia de sua excêntrica aluna, Lucinda Embry. Uma "cápsula do tempo" com desenhos infantis sobre o futuro é enterrada com a instrução de só ser aberta 50 anos depois. Acontece que a dona da ideia não fez nenhum desenho com naves espaciais, nem arquitetura futurista. Seu papel continha apenas uma sequência estranha de números que vai ser encontrada por um astrofísico de nome John Koestler e seu filho Caleb. Koestler percebe que os números são previsões de grandes acidentes da história da humanidade nos últimos anos, como o 11 de Setembro, dando inclusive o número de mortos. E que três novas catástrofes estão prestes a acontecer.
Qualquer coisa que eu diga a partir daqui será um spoiler imenso, aliás a sinopse já é um pouco, mas também analisar sem dizer nada é um exercício quase fútil. Fiquemos, então, no meio termo. O roteiro escrito por Ryne Douglas Pearson, Juliet Snowden e Stiles Whit tenta criar um suspense que é eficiente até o momento da revelação do que são todos os números, a partir daí muita coisa desanda, principalmente no que diz respeito a atitude de Koestler. A entrada de outros personagens na história a levam por um caminho estranho que tende ao melodrama familiar. Além, claro, dos quatro cavaleiros do apocalípse e o mistério que os envolve. Esse eu não acho ruim em si, apenas a forma como é revelado o segredo que o torna fraco.
Aliás, pouca coisa faz realmente sentido no filme. Por que a cápsula? Qual o símbolo científico de desenterrar desenhos infantis depois de cinquenta anos? Uma diversão para as crianças, sim. Mas, por que uma menina que prevê o futuro iria sugerir isso? Por que os números só deveriam ser descobertos cinquenta anos depois? Se todos os desastres iriam de fato acontecer e se o que está por vir é ainda maior e sem solução, a profecia só serve para deixar todos tensos. Ou não?
Nicolas Cage é aquele ator de uma cara só, sofredor. Mas como o astrofísico, consegue passar alguma verdade. Ele é viúvo, cético e ama o filho acima de tudo. Sua trajetória é coerente e não torna nem um pouco absurda a atitude final. Aliás, a última sequência do filme ao som da Sétima Sinfonia de Beethoven é emocionante, uma poesia. Apesar de muitos acharem melodramática demais. As crianças, estão bem, também. Já Rose Byrne, apesar da intensidade, constrói uma Diana chata, não dá para torcer por ela.
Se na primeira parte da projeção, Presságio instiga. Nas duas seguintes torna-se confuso, ambíguo e se perde em seu final, apesar da beleza plástica de algumas cenas. A ideia de predestinação torna todas as atitudes do ser humano tão inúteis que nem mesmo valeria estar aqui, lutando por dias melhores. Ainda assim é um filme com momentos instigantes que o fazem ser visto.
Nos anos 50, uma escola comemora aniversário com uma ideia de sua excêntrica aluna, Lucinda Embry. Uma "cápsula do tempo" com desenhos infantis sobre o futuro é enterrada com a instrução de só ser aberta 50 anos depois. Acontece que a dona da ideia não fez nenhum desenho com naves espaciais, nem arquitetura futurista. Seu papel continha apenas uma sequência estranha de números que vai ser encontrada por um astrofísico de nome John Koestler e seu filho Caleb. Koestler percebe que os números são previsões de grandes acidentes da história da humanidade nos últimos anos, como o 11 de Setembro, dando inclusive o número de mortos. E que três novas catástrofes estão prestes a acontecer.
Qualquer coisa que eu diga a partir daqui será um spoiler imenso, aliás a sinopse já é um pouco, mas também analisar sem dizer nada é um exercício quase fútil. Fiquemos, então, no meio termo. O roteiro escrito por Ryne Douglas Pearson, Juliet Snowden e Stiles Whit tenta criar um suspense que é eficiente até o momento da revelação do que são todos os números, a partir daí muita coisa desanda, principalmente no que diz respeito a atitude de Koestler. A entrada de outros personagens na história a levam por um caminho estranho que tende ao melodrama familiar. Além, claro, dos quatro cavaleiros do apocalípse e o mistério que os envolve. Esse eu não acho ruim em si, apenas a forma como é revelado o segredo que o torna fraco.
Aliás, pouca coisa faz realmente sentido no filme. Por que a cápsula? Qual o símbolo científico de desenterrar desenhos infantis depois de cinquenta anos? Uma diversão para as crianças, sim. Mas, por que uma menina que prevê o futuro iria sugerir isso? Por que os números só deveriam ser descobertos cinquenta anos depois? Se todos os desastres iriam de fato acontecer e se o que está por vir é ainda maior e sem solução, a profecia só serve para deixar todos tensos. Ou não?
Nicolas Cage é aquele ator de uma cara só, sofredor. Mas como o astrofísico, consegue passar alguma verdade. Ele é viúvo, cético e ama o filho acima de tudo. Sua trajetória é coerente e não torna nem um pouco absurda a atitude final. Aliás, a última sequência do filme ao som da Sétima Sinfonia de Beethoven é emocionante, uma poesia. Apesar de muitos acharem melodramática demais. As crianças, estão bem, também. Já Rose Byrne, apesar da intensidade, constrói uma Diana chata, não dá para torcer por ela.
Se na primeira parte da projeção, Presságio instiga. Nas duas seguintes torna-se confuso, ambíguo e se perde em seu final, apesar da beleza plástica de algumas cenas. A ideia de predestinação torna todas as atitudes do ser humano tão inúteis que nem mesmo valeria estar aqui, lutando por dias melhores. Ainda assim é um filme com momentos instigantes que o fazem ser visto.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Presságio
2010-09-22T08:52:00-03:00
Amanda Aouad
aventura|critica|drama|ficcao cientifica|Nicolas Cage|suspense|
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