Juntos pelo acaso
Fui ao cinema esperando ver mais uma comédia romântica com temas requentados para Katherine Heigl brilhar fazendo charme. Fui surpreendida. O filme de Greg Berlanti lembra muito Presente de Grego, Três solteirões e um bebê, além de todas as comédias românticas onde o casal começa se odiando e vai se envolvendo aos poucos. Ainda assim, o roteiro de Ian Deitcman e Kristin Rusk Robinson é bem dosado, nos envolvendo em todos os momentos. Primeiro conhecemos os protagonistas, depois nos envolvemos com a situação da família feliz e os amigos. Temos o impacto do drama que deixa os olhos cheios de lágrimas e finalmente o plot do filme que nos leva até o seu final óbvio, mas nem por isso ruim. Acho que Juntos pelo Acaso pode ser considerada a comédia romântica do ano.
Katherine Heigl e Josh Duhamel são Holly e Messer duas pessoas que só se conhecem pelos amigos em comun Peter e Alison, mas desde o primeiro encontro se detestam profundamente. O problema é que Peter e Alison morrem em um acidente de carro deixando em testamento a guarda da única filha para os dois amigos. Agora eles terão que criar juntos um bebê e ainda dividir o mesmo teto, para a criança não sair do seu ambiente conhecido. É um acaso extremo, dito assim, até pode parecer forçado. Mas somos apresentados aos familiares do casal e, realmente, não há nenhuma boa opção para pais substitutos. Os melhores amigos parece mesmo a escolha mais plausível. É uma situação até mais verossímil do que Presente de Grego, onde Diane Keaton recebe de herança um bebê que ela nunca viu, vinda de um tio que ela não tem o menor contato.
Falo que o roteiro é orgânico porque sabe nos envolver aos poucos. A cena da notícia do acidente é forte, emociona, nos colocamos com a dor dos protagonistas e ao receber a notícia da tutoria levamos o baque juntos, apesar de já estar na sinopse e no trailer. É possível entender porque eles aceitaram, já que conhecíamos suas trajetórias. É divertido vê-los analisando os parentes de Peter e Alison. Chegamos a conclusão juntos, de que a criança tem mesmo que ficar com eles. E é aí que começa, para muitos a história. A partir daí muitas situações lembram Três Solteirões e um bebê, pelo simples fato de que são pessoas totalmente sem jeito para criar uma criança. Trocas de fralda, tentativas de dar comida, choros incontroláveis, ter que trabalhar e não ter com quem deixar o bebê. Isso tudo acrescido do fato de que o suposto casal tem horror um pelo outro.
É óbvio que com a convivência e os encantos da pequena Sophie, esse ódio vai sendo dissipado e todos apostam em um romance futuro. Mas, até mesmo alguns clichês são conduzidos de forma interessante. Há uma discussão forte entre os dois que torna-se totalmente irônica por ambos estarem pintados de gatinhos. Os personagens secundários ajudam na condução da história. Os vizinhos sempre se intrometendo e observando. A presença da assistente social. O médico que se envolve com Holly, vivido por Josh Lucas. Até ele está bem no papel. Não é possível destacar uma grande atuação, mas também ninguém sai do tom.
Juntos pelo Acaso tem drama, humor, romance, comédia bem dosadas. Diverte, nos envolve e faz torcer por situações específicas. É o que se espera de uma comédia romântica. Cumpre bem o seu papel e faz Katherine Heigl achar o tom. Agora está na hora dela partir para um filme que lhe exija mais, saindo dessa fórmula fácil, para ser vista como uma boa atriz pela crítica. Por enquanto, ela continua sendo a moça que largou Grey´s Anatommy para investir na carreira cinematográfica.
Katherine Heigl e Josh Duhamel são Holly e Messer duas pessoas que só se conhecem pelos amigos em comun Peter e Alison, mas desde o primeiro encontro se detestam profundamente. O problema é que Peter e Alison morrem em um acidente de carro deixando em testamento a guarda da única filha para os dois amigos. Agora eles terão que criar juntos um bebê e ainda dividir o mesmo teto, para a criança não sair do seu ambiente conhecido. É um acaso extremo, dito assim, até pode parecer forçado. Mas somos apresentados aos familiares do casal e, realmente, não há nenhuma boa opção para pais substitutos. Os melhores amigos parece mesmo a escolha mais plausível. É uma situação até mais verossímil do que Presente de Grego, onde Diane Keaton recebe de herança um bebê que ela nunca viu, vinda de um tio que ela não tem o menor contato.
Falo que o roteiro é orgânico porque sabe nos envolver aos poucos. A cena da notícia do acidente é forte, emociona, nos colocamos com a dor dos protagonistas e ao receber a notícia da tutoria levamos o baque juntos, apesar de já estar na sinopse e no trailer. É possível entender porque eles aceitaram, já que conhecíamos suas trajetórias. É divertido vê-los analisando os parentes de Peter e Alison. Chegamos a conclusão juntos, de que a criança tem mesmo que ficar com eles. E é aí que começa, para muitos a história. A partir daí muitas situações lembram Três Solteirões e um bebê, pelo simples fato de que são pessoas totalmente sem jeito para criar uma criança. Trocas de fralda, tentativas de dar comida, choros incontroláveis, ter que trabalhar e não ter com quem deixar o bebê. Isso tudo acrescido do fato de que o suposto casal tem horror um pelo outro.
É óbvio que com a convivência e os encantos da pequena Sophie, esse ódio vai sendo dissipado e todos apostam em um romance futuro. Mas, até mesmo alguns clichês são conduzidos de forma interessante. Há uma discussão forte entre os dois que torna-se totalmente irônica por ambos estarem pintados de gatinhos. Os personagens secundários ajudam na condução da história. Os vizinhos sempre se intrometendo e observando. A presença da assistente social. O médico que se envolve com Holly, vivido por Josh Lucas. Até ele está bem no papel. Não é possível destacar uma grande atuação, mas também ninguém sai do tom.
Juntos pelo Acaso tem drama, humor, romance, comédia bem dosadas. Diverte, nos envolve e faz torcer por situações específicas. É o que se espera de uma comédia romântica. Cumpre bem o seu papel e faz Katherine Heigl achar o tom. Agora está na hora dela partir para um filme que lhe exija mais, saindo dessa fórmula fácil, para ser vista como uma boa atriz pela crítica. Por enquanto, ela continua sendo a moça que largou Grey´s Anatommy para investir na carreira cinematográfica.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Juntos pelo acaso
2010-10-21T15:13:00-03:00
Amanda Aouad
comedia|critica|Katherine Heigl|romance|
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