A Primeira Coisa Bela
Candidato ao Oscar pela Itália em 2010, A Primeira Coisa Bela é um belo drama familiar. O filme de Paolo Virzì possui uma estética interessante de crônica cotidiana. Fala de pessoas, famílias, preconceitos, fofocas... Além de mostrar a força da mulher.
Anna é uma mãe pouco convencional. Bela e sem muita noção de limites, vence um concurso de Mamãe Mais Bela, despertando o ciúme de seu marido e as fofocas alheias da vizinhança. A história se concentra na relação dessa mãe, seus filhos e a forma como as maledicências vão destruindo a vida de todos. Bruno, o filho mais velho, é o que parece mais se incomodar com a situação. Vive separado da família, sem nenhum contato, chegando a fugir da irmã quando ela aparece de surpresa em seu trabalho. Valéria, a irmã menor, ficou na cidade natal, casou com um bom homem e cuida da mãe que agora está doente, em fase terminal. Da notícia, o filme se constrói com presente e passado montados em paralelo para nos conduzir aos poucos nos segredos daquela família.
Mas não pense que você vai chorar, nem que este é um daqueles dramalhões sem limites. Há cenas tristes, mas sempre sucedidas de piadas e situações inusitadas. Um único momento, as lágrimas quase caíram de meus olhos. Nem por isso, deixei de me envolver com a trajetória de Anna. É mesmo uma mulher encantadora, interpretada pela bela Micaela Ramazzotti na juventude e por Stefania Sandrelli no presente. Ponto negativo para maquiagem em Ramazzotti em uma determinada passagem de tempo. A tentativa de deixar Anna um pouco mais madura ficou estranho.
A construção de Bruno também é bastante interessante. Ele é o protagonista do filme, que sente viver uma vida vazia, sem objetivos nem prazeres, mesmo tendo um bom emprego, uma mulher bonita e amável e uma casa aconchegante. Falta algo. A convivência com a família e as lembranças do passado, ajudam a explicar o porquê dele ter ficado assim. Mas, a solução para a depressão parece mais simples do que tudo isso, gerando uma bela cena final.
O filme é simples, singelo e recheado de emoções. Bem construído, envolvente, faz bem a quem assiste. Torço para que chegue logo ao país. Talvez se ficar entre os cinco finalistas da festa norte-americana, mas nunca se sabe. Muitos filmes candidatos ao Oscar estrangeiro se perderam no caminho e nunca puderam ser vistos no Brasil. Confirmado mesmo, só se fosse o vencedor da estatueta, mas aí não acho que seja para tanto.
O título original do filme, La Prima Cosa Bella, vem da música de Nicola Di Bari, uma velha canção italiana que o trio sempre cantava em momentos difíceis. No longametragem, ela ganha uma versão nova na voz de Malika Ayane que ajuda na construção do tom da narrativa. Vejam o clipe aqui.
OBS. Crítica feita durante a Mostra Italiana da Sala de Arte em Salvador.
A Primeira Coisa Bela (La Prima Cosa Bella, 2010 / Itália)
Direção: Paolo Virzì
Roteiro: Paolo Virzì
Com: Valerio Mastandrea, Micaela Ramazzotti e Stefania Sandrelli
Duração: 122 min.
Anna é uma mãe pouco convencional. Bela e sem muita noção de limites, vence um concurso de Mamãe Mais Bela, despertando o ciúme de seu marido e as fofocas alheias da vizinhança. A história se concentra na relação dessa mãe, seus filhos e a forma como as maledicências vão destruindo a vida de todos. Bruno, o filho mais velho, é o que parece mais se incomodar com a situação. Vive separado da família, sem nenhum contato, chegando a fugir da irmã quando ela aparece de surpresa em seu trabalho. Valéria, a irmã menor, ficou na cidade natal, casou com um bom homem e cuida da mãe que agora está doente, em fase terminal. Da notícia, o filme se constrói com presente e passado montados em paralelo para nos conduzir aos poucos nos segredos daquela família.
Mas não pense que você vai chorar, nem que este é um daqueles dramalhões sem limites. Há cenas tristes, mas sempre sucedidas de piadas e situações inusitadas. Um único momento, as lágrimas quase caíram de meus olhos. Nem por isso, deixei de me envolver com a trajetória de Anna. É mesmo uma mulher encantadora, interpretada pela bela Micaela Ramazzotti na juventude e por Stefania Sandrelli no presente. Ponto negativo para maquiagem em Ramazzotti em uma determinada passagem de tempo. A tentativa de deixar Anna um pouco mais madura ficou estranho.
A construção de Bruno também é bastante interessante. Ele é o protagonista do filme, que sente viver uma vida vazia, sem objetivos nem prazeres, mesmo tendo um bom emprego, uma mulher bonita e amável e uma casa aconchegante. Falta algo. A convivência com a família e as lembranças do passado, ajudam a explicar o porquê dele ter ficado assim. Mas, a solução para a depressão parece mais simples do que tudo isso, gerando uma bela cena final.
O filme é simples, singelo e recheado de emoções. Bem construído, envolvente, faz bem a quem assiste. Torço para que chegue logo ao país. Talvez se ficar entre os cinco finalistas da festa norte-americana, mas nunca se sabe. Muitos filmes candidatos ao Oscar estrangeiro se perderam no caminho e nunca puderam ser vistos no Brasil. Confirmado mesmo, só se fosse o vencedor da estatueta, mas aí não acho que seja para tanto.
O título original do filme, La Prima Cosa Bella, vem da música de Nicola Di Bari, uma velha canção italiana que o trio sempre cantava em momentos difíceis. No longametragem, ela ganha uma versão nova na voz de Malika Ayane que ajuda na construção do tom da narrativa. Vejam o clipe aqui.
OBS. Crítica feita durante a Mostra Italiana da Sala de Arte em Salvador.
A Primeira Coisa Bela (La Prima Cosa Bella, 2010 / Itália)
Direção: Paolo Virzì
Roteiro: Paolo Virzì
Com: Valerio Mastandrea, Micaela Ramazzotti e Stefania Sandrelli
Duração: 122 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Primeira Coisa Bela
2010-10-16T10:32:00-03:00
Amanda Aouad
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