
Por ser um filme encomendado, ele fica com duas vertentes. A que tem que agradar o cliente, com depoimentos de profissionais do futebol de vários países e imagens de diversas copas do mundo. E outra mais artística, onde a investigação sobre o paradeiro da Taça levanta várias dúvidas, questões pouco conhecidas e exploradas, além de algumas versões. Não é objetivo do documentário resolver o mistério, mas nos deixar a pensar sobre ele. Gostei muito de ver algumas informações que desconhecia como a participação do ourives argentino ou o depoimento sob tortura de um dos apontados como culpados.

O documentário conta a história da Taça desde sua criação até seu sumiço em 1983. Dá destaque a cinco Copas do Mundo. A primeira, em 1923, onde o Uruguai foi o primeiro campeão. A de 1950, onde o Brasil perdeu o campeonato diante de um Maracanã lotado. A Copa de 1966, na Inglaterra, onde a Jules Rimet sumiu pela primeira vez, mas foi encontrada no meio do mato por um cachorro. A Copa de 1970, onde o Brasil sagrou-se tri-campeão ganhando o direito de levar a taça em definitivo para casa. E a copa de 1982, um ano antes do roubo, onde o Brasil saiu na semi-final, quando era favorito absoluto.

No geral, o documentário é interessante por esse viés investigativo e alguns detalhes que chegam a nós, possivelmente pela primeira vez. Pena que é apenas um filme de festival e dificilmente irá estrear por aqui. Assim como os demais filmes da Mostra Italiana que a Sala de Arte está promovendo. É tanto que as legendas são feitas na hora, com um aparelho a parte. E o pior é ver a sala quase vazia, sem incentivar ações como essas. Depois reclamamos que o cinema de arte não chega à cidade. Hoje ainda tem três sessões, aproveitem.
Abaixo, reportagem da Globo de 1983. Algumas dessas cenas estão no documentário.