Taça Rimet: A incrível história da Copa do Mundo
César Meneghetti, Filipo Macelloni e Lorenzo Garzella foram contratados pela RAI, televisão italiana para fazer um documentário sobre a história do futebol. A idéia era distribuir em um jornal do país durante a Copa do Mundo. Mas, como Meneghetti declarou ontem na Sala de Arte da UFBa, ele aproveitou o tema futebol para falar do que ele gosta que são questões sociais e a visão do povo. Dos três diretores, César Meneghetti é o único brasileiro que mora na Itália e foi ele, quem teve a idéia de puxar o filme para falar de uma mancha em nossa história: o sumiço da Taça Jules Rimet.
Por ser um filme encomendado, ele fica com duas vertentes. A que tem que agradar o cliente, com depoimentos de profissionais do futebol de vários países e imagens de diversas copas do mundo. E outra mais artística, onde a investigação sobre o paradeiro da Taça levanta várias dúvidas, questões pouco conhecidas e exploradas, além de algumas versões. Não é objetivo do documentário resolver o mistério, mas nos deixar a pensar sobre ele. Gostei muito de ver algumas informações que desconhecia como a participação do ourives argentino ou o depoimento sob tortura de um dos apontados como culpados.
A estética do filme é clássica de documentários, com vários depoimentos e imagens de arquivo. Em alguns momentos, no entanto, eles fazem cenas simuladas. Não há voz over, no entanto, o que gosto muito. Como disse o próprio Meneghetti, em seus filmes, as imagens e os depoimentos contam a história. Além de jornalistas, ex-esportistas e dirigentes, o diretor também dá voz ao povo, principalmente na figura de Alex, um morador de favela que estava jogando em um campo aberto e que dá o tom do documentário. Ele dá a escalação da seleção de 70, descreve gols importantes dessa copa e da copa de 82 e fala de sua paixão pela bola.
O documentário conta a história da Taça desde sua criação até seu sumiço em 1983. Dá destaque a cinco Copas do Mundo. A primeira, em 1923, onde o Uruguai foi o primeiro campeão. A de 1950, onde o Brasil perdeu o campeonato diante de um Maracanã lotado. A Copa de 1966, na Inglaterra, onde a Jules Rimet sumiu pela primeira vez, mas foi encontrada no meio do mato por um cachorro. A Copa de 1970, onde o Brasil sagrou-se tri-campeão ganhando o direito de levar a taça em definitivo para casa. E a copa de 1982, um ano antes do roubo, onde o Brasil saiu na semi-final, quando era favorito absoluto.
O filme faz ainda um paralelo de Mundiais e Guerra, destacando o fascismo italiano e a ameaça do exército de tentar pegar a Jules Rimet para ajudar na batalha. Mostra ainda o trabalho da Scotland Yard no sumiço da taça na Inglaterra. E do governo ditatorial brasileiro que não aceitaria o crime sem solução no Brasil. Conhecemos melhor ainda o cachorro inglês que encontrou a taça em 66 e seu dono. O ponto mais engraçado do filme.
No geral, o documentário é interessante por esse viés investigativo e alguns detalhes que chegam a nós, possivelmente pela primeira vez. Pena que é apenas um filme de festival e dificilmente irá estrear por aqui. Assim como os demais filmes da Mostra Italiana que a Sala de Arte está promovendo. É tanto que as legendas são feitas na hora, com um aparelho a parte. E o pior é ver a sala quase vazia, sem incentivar ações como essas. Depois reclamamos que o cinema de arte não chega à cidade. Hoje ainda tem três sessões, aproveitem.
Abaixo, reportagem da Globo de 1983. Algumas dessas cenas estão no documentário.
Por ser um filme encomendado, ele fica com duas vertentes. A que tem que agradar o cliente, com depoimentos de profissionais do futebol de vários países e imagens de diversas copas do mundo. E outra mais artística, onde a investigação sobre o paradeiro da Taça levanta várias dúvidas, questões pouco conhecidas e exploradas, além de algumas versões. Não é objetivo do documentário resolver o mistério, mas nos deixar a pensar sobre ele. Gostei muito de ver algumas informações que desconhecia como a participação do ourives argentino ou o depoimento sob tortura de um dos apontados como culpados.
A estética do filme é clássica de documentários, com vários depoimentos e imagens de arquivo. Em alguns momentos, no entanto, eles fazem cenas simuladas. Não há voz over, no entanto, o que gosto muito. Como disse o próprio Meneghetti, em seus filmes, as imagens e os depoimentos contam a história. Além de jornalistas, ex-esportistas e dirigentes, o diretor também dá voz ao povo, principalmente na figura de Alex, um morador de favela que estava jogando em um campo aberto e que dá o tom do documentário. Ele dá a escalação da seleção de 70, descreve gols importantes dessa copa e da copa de 82 e fala de sua paixão pela bola.
O documentário conta a história da Taça desde sua criação até seu sumiço em 1983. Dá destaque a cinco Copas do Mundo. A primeira, em 1923, onde o Uruguai foi o primeiro campeão. A de 1950, onde o Brasil perdeu o campeonato diante de um Maracanã lotado. A Copa de 1966, na Inglaterra, onde a Jules Rimet sumiu pela primeira vez, mas foi encontrada no meio do mato por um cachorro. A Copa de 1970, onde o Brasil sagrou-se tri-campeão ganhando o direito de levar a taça em definitivo para casa. E a copa de 1982, um ano antes do roubo, onde o Brasil saiu na semi-final, quando era favorito absoluto.
O filme faz ainda um paralelo de Mundiais e Guerra, destacando o fascismo italiano e a ameaça do exército de tentar pegar a Jules Rimet para ajudar na batalha. Mostra ainda o trabalho da Scotland Yard no sumiço da taça na Inglaterra. E do governo ditatorial brasileiro que não aceitaria o crime sem solução no Brasil. Conhecemos melhor ainda o cachorro inglês que encontrou a taça em 66 e seu dono. O ponto mais engraçado do filme.
No geral, o documentário é interessante por esse viés investigativo e alguns detalhes que chegam a nós, possivelmente pela primeira vez. Pena que é apenas um filme de festival e dificilmente irá estrear por aqui. Assim como os demais filmes da Mostra Italiana que a Sala de Arte está promovendo. É tanto que as legendas são feitas na hora, com um aparelho a parte. E o pior é ver a sala quase vazia, sem incentivar ações como essas. Depois reclamamos que o cinema de arte não chega à cidade. Hoje ainda tem três sessões, aproveitem.
Abaixo, reportagem da Globo de 1983. Algumas dessas cenas estão no documentário.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Taça Rimet: A incrível história da Copa do Mundo
2010-10-10T10:38:00-03:00
Amanda Aouad
cinema europeu|critica|documentario|Festival|
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