Machuca
Andrés Wood conseguiu criar um clássico moderno do cinema latino com seu Machuca. O filme que o diretor também assina o roteiro fala da perda da inocência infantil em um mundo dividido. Onde a lógica capitalista e o ideal comunista brigam por espaço em plena década de 70. É um filme que começa tranquilo, com a ilusão da igualdade e torna-se um soco no estômago com o golpe militar chileno, que destronou o presidente Salvador Allende.
A história é centrada em Gonzalo Infante, garoto da classe alta que estuda no mais conceituado colégio de Santiago, o Saint Patrick. Tudo muda em sua vida, quando o diretor, padre McEnroe, resolve abrir cotas para pessoas carentes. Uma espécie de luta de classes se inicia entre os alunos, mas entre eles está Pedro Machuca que acaba se tornando o melhor amigo de Gonzalo. Apesar do indício de que aquilo não vai dar certo, somos envolvidos pela amizade dos garotos e toda a trajetória que se segue é profunda. A amizade sincera, a ingenuidade, o envolvimento de ambos com a garota Silvana, tudo é fluido, crível. Até que os primeiros indícios de Pinochet começa a alterar a rotina no Chile.
As passeatas se tornam mais ferozes, as diferenças ficam mais nítidas. O socialismo é um mal a ser combatido e os meninos no colégio são um símbolo disso. O golpe transforma a rotina e as verdades são expostas sem dó. Não dá para transitar entre os mundos. Há força, poesia e denúncia na obra que nos envolvem e nos fazem pensar. Pedro é uma voz de protesto em meio ao caos. A cena na Igreja me lembrou o final de Sociedade dos Poetas Mortos. O problema é que com militares não se brinca. Gonzalo descobriu isso da forma mais cruel. Mas, quem pode condená-lo?
Apesar da repetição das situações, as cenas das passeatas são envolventes, nos vemos quase cantando os gritos de guerra junto aos figurantes. A movimentação de câmera, as situações escolhidas. Tudo para nos fazer perceber as duas visões distintas de um país dividido. Já as cenas entre as crianças é pura, nos dando a ilusão do mundo perfeito, sem problemas. Machuca é um filme belo, poético, envolvente e acima de tudo um momento de reflexão sobre nossos valores, atitudes e destinos.
A história é centrada em Gonzalo Infante, garoto da classe alta que estuda no mais conceituado colégio de Santiago, o Saint Patrick. Tudo muda em sua vida, quando o diretor, padre McEnroe, resolve abrir cotas para pessoas carentes. Uma espécie de luta de classes se inicia entre os alunos, mas entre eles está Pedro Machuca que acaba se tornando o melhor amigo de Gonzalo. Apesar do indício de que aquilo não vai dar certo, somos envolvidos pela amizade dos garotos e toda a trajetória que se segue é profunda. A amizade sincera, a ingenuidade, o envolvimento de ambos com a garota Silvana, tudo é fluido, crível. Até que os primeiros indícios de Pinochet começa a alterar a rotina no Chile.
As passeatas se tornam mais ferozes, as diferenças ficam mais nítidas. O socialismo é um mal a ser combatido e os meninos no colégio são um símbolo disso. O golpe transforma a rotina e as verdades são expostas sem dó. Não dá para transitar entre os mundos. Há força, poesia e denúncia na obra que nos envolvem e nos fazem pensar. Pedro é uma voz de protesto em meio ao caos. A cena na Igreja me lembrou o final de Sociedade dos Poetas Mortos. O problema é que com militares não se brinca. Gonzalo descobriu isso da forma mais cruel. Mas, quem pode condená-lo?
Apesar da repetição das situações, as cenas das passeatas são envolventes, nos vemos quase cantando os gritos de guerra junto aos figurantes. A movimentação de câmera, as situações escolhidas. Tudo para nos fazer perceber as duas visões distintas de um país dividido. Já as cenas entre as crianças é pura, nos dando a ilusão do mundo perfeito, sem problemas. Machuca é um filme belo, poético, envolvente e acima de tudo um momento de reflexão sobre nossos valores, atitudes e destinos.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Machuca
2010-11-05T09:25:00-03:00
Amanda Aouad
cinema latino|critica|drama|
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