Nárnia, a viagem do Peregrino da Alvorada
C.S. Lewis era cristão e suas obras são extremamente religiosas. Não há nenhuma novidade nisso, mas relembro esse fato antes de falar do novo capítulo de As Crônicas de Nárnia que chega aos cinemas, porque é nesse livro, e consequentemente, nesse filme, que a doutrinação Bíblica fica mais explícita. Não estamos apenas falando de Feiticeiras, Leões ou inimigos do rei. A aventura agora é o bem contra o mal no sentido mais bíblico da frase. São as suas atitudes e escolhas que te levam no caminho correto ou não. Trocando em miúdos, você cai na tentação e sucumbe ou resiste e tem seu lugar garantido no país de Aslan. E para deixar bem claro, o leão ainda lembra que no mundo real ele tem outro nome, mas está lá, é só procurar. Não acho isso ruim, é bom deixar claro. Apenas uma observação, para que os menos adeptos não estranhem algumas passagens.
Edmundo e Lúcia Pevensie estão sós, morando de favor na casa de uns parentes. Como foi avisado ao final de O Príncipe Caspian, Susana e Pedro cresceram e não podem mais voltar a Nárnia, a separação física dos quatro irmãos, deixando os dois menores na Europa, enquanto os dois maiores estão nos Estados Unidos só facilita as coisas na hora em que Nárnia chama novamente seus reis. Resta aos irmãos menores mais uma vez serem levados ao mundo de aventuras, dessa vez em companhia do chato primo Eustáquio Mísero. Aparentemente Nárnia está em paz, mas logo aparece o perigo. Uma névoa verde que está levando pessoas para um lugar desconhecido. Cabe aos heróis encontrar os sete Lordes de Telmar, ou melhor, as sete espadas deles que foram dadas por Aslan para proteger Nárnia e colocar sobre a mesa deste em uma ilha que eles encontrarão seguindo a estrela azul. Só assim, o mal se dissipará. E eles são avisados que, no caminho, serão tentados e devem resistir para conseguir completar a missão.
Andrew Adamson, que dirigiu os dois primeiros filmes, fica apenas com a produção executiva, deixando a cargo de Michael Apted a construção do filme. O autor de filmes como Na montanha dos gorilas, dirige o longametragem com entusiasmo tornando a jornada épica e bela. Os personagens já bem construídos estão a serviço da ação, tornando a aventura de auto-descoberta ainda mais profunda. Christopher Markus, Stephen McFeely e Michael Petroni assinam o roteiro e consegue trazer unidade para uma história que poderia ser episódica se construísse apenas a ação entre uma ilha e outra que o grupo visita. O fato de o navio em que os personagens viajam ser um personagem a parte, a ponto de ter seu nome no título do filme, ajuda. Afinal, estamos vendo a história da viagem do Peregrino da Alvorada até o fim do mundo.
O elenco continua afinado, destaque para a menina Georgie Henley que cresceu bastante, em todos os sentidos, desde o primeiro filme. Apesar de ser a caçula ela prova que é a alma dos irmãos Pevensie, sem ela, eles jamais chegariam a Nárnia e é ela quem sempre demonstra maior sintonia com Aslan. Destaque ainda para a pequena, mas sempre marcante aparição de Tilda Swinton como a Feiticeira. Gostaria de ter visto o filme em seu áudio original, afinal, apesar de animações pontuais como o leão Aslan e o rato Ripchip, é um filme com atores e a dublagem sempre soa artificial. Mas, pré-estreia com indicação livre acabou nos levando a uma cópia dublada até na cabine de imprensa. O que não chega a comprometer a imersão naquele mundo fantástico. A trilha sonora de David Arnold é outro destaque que ajuda a tornar o filme apoteótico.
Mesmo com alguns momentos maçantes, repetitivos e didáticos, Nárnia tem seu valor. A viagem do Peregrino da Alvorada retoma a magia construída no primeiro que se perdeu com a continuação O Príncipe Caspian. E a parte final é emocionante, podendo levar as lágrimas os mais sensíveis. Resta a certeza da passagem do tempo, do destino que espera a todos, mas com a esperança de que Aslan estará lá, no fim do mundo, olhando por todos nós. Basta não cairmos em tentação, porque os que caem serão castigados.
Edmundo e Lúcia Pevensie estão sós, morando de favor na casa de uns parentes. Como foi avisado ao final de O Príncipe Caspian, Susana e Pedro cresceram e não podem mais voltar a Nárnia, a separação física dos quatro irmãos, deixando os dois menores na Europa, enquanto os dois maiores estão nos Estados Unidos só facilita as coisas na hora em que Nárnia chama novamente seus reis. Resta aos irmãos menores mais uma vez serem levados ao mundo de aventuras, dessa vez em companhia do chato primo Eustáquio Mísero. Aparentemente Nárnia está em paz, mas logo aparece o perigo. Uma névoa verde que está levando pessoas para um lugar desconhecido. Cabe aos heróis encontrar os sete Lordes de Telmar, ou melhor, as sete espadas deles que foram dadas por Aslan para proteger Nárnia e colocar sobre a mesa deste em uma ilha que eles encontrarão seguindo a estrela azul. Só assim, o mal se dissipará. E eles são avisados que, no caminho, serão tentados e devem resistir para conseguir completar a missão.
Andrew Adamson, que dirigiu os dois primeiros filmes, fica apenas com a produção executiva, deixando a cargo de Michael Apted a construção do filme. O autor de filmes como Na montanha dos gorilas, dirige o longametragem com entusiasmo tornando a jornada épica e bela. Os personagens já bem construídos estão a serviço da ação, tornando a aventura de auto-descoberta ainda mais profunda. Christopher Markus, Stephen McFeely e Michael Petroni assinam o roteiro e consegue trazer unidade para uma história que poderia ser episódica se construísse apenas a ação entre uma ilha e outra que o grupo visita. O fato de o navio em que os personagens viajam ser um personagem a parte, a ponto de ter seu nome no título do filme, ajuda. Afinal, estamos vendo a história da viagem do Peregrino da Alvorada até o fim do mundo.
O elenco continua afinado, destaque para a menina Georgie Henley que cresceu bastante, em todos os sentidos, desde o primeiro filme. Apesar de ser a caçula ela prova que é a alma dos irmãos Pevensie, sem ela, eles jamais chegariam a Nárnia e é ela quem sempre demonstra maior sintonia com Aslan. Destaque ainda para a pequena, mas sempre marcante aparição de Tilda Swinton como a Feiticeira. Gostaria de ter visto o filme em seu áudio original, afinal, apesar de animações pontuais como o leão Aslan e o rato Ripchip, é um filme com atores e a dublagem sempre soa artificial. Mas, pré-estreia com indicação livre acabou nos levando a uma cópia dublada até na cabine de imprensa. O que não chega a comprometer a imersão naquele mundo fantástico. A trilha sonora de David Arnold é outro destaque que ajuda a tornar o filme apoteótico.
Mesmo com alguns momentos maçantes, repetitivos e didáticos, Nárnia tem seu valor. A viagem do Peregrino da Alvorada retoma a magia construída no primeiro que se perdeu com a continuação O Príncipe Caspian. E a parte final é emocionante, podendo levar as lágrimas os mais sensíveis. Resta a certeza da passagem do tempo, do destino que espera a todos, mas com a esperança de que Aslan estará lá, no fim do mundo, olhando por todos nós. Basta não cairmos em tentação, porque os que caem serão castigados.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Nárnia, a viagem do Peregrino da Alvorada
2010-12-09T08:48:00-03:00
Amanda Aouad
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