O roteiro, assinado pela própria diretora junto a Eduardo Jardim, é didático ao extremo, é verdade, mas tem um humor sutil com várias referências interessantes. O problema é a insistência em explicá-las depois. Como no caso da música "Garota de Ipanema" que é citada e logo depois abre uma explicação sobre Vinícius e Tom. Ou a piscina de moedas do tio Patinhas que aparece na sequência mandando processar o filme. Entendo que a preocupação do longametragem é explicar um pouco do nosso país. Mas, para quem vai ao cinema, esse excesso pode ficar enfadonho, mesmo que os "professores" sejam duas criaturas tão peculiares.
Stress e Relax são dois amigos com objetivos bem diferentes. O primeiro é um empresário totalmente estressado, o nome não nega, que só pensa em lucrar cada vez mais. O segundo é um diretor de cinema bem relaxado que quer convencê-lo a investir em seus projetos. A idéia da vez é encontrar o grande Jequitibá Rosa, possivelmente a árvore mais antiga do Brasil. Stress vê nessa busca uma oportunidade de ganhar dinheiro e os dois saem a procura da tal raridade. Cada local que passam torna-se um passeio turístico misturado à aulas de história e geografia. É um projeto perfeito para ensinar não apenas aos pequenos, mas aos espectadores em geral um pouco desse nosso rico país.
Claro que é apenas uma amostra grátis já que eles só passam por Rio de Janeiro, Salvador, Porto Seguro, Foz do Iguaçu, Porto de Galinhas, Olinda, Ouro Preto, Tiradentes, Diamantina, Fortaleza, Canoa Quebrada, Jericoacoara, Gramado, Caxias do Sul, São Paulo, Amazônia, Brasília e Florianópolis (fonte). Ainda assim, é um belo passeio, diversificado, que traz algumas curiosidades. Só o fato de passear pelas regiões do Brasil, saindo do eixo Rio / São Paulo já é um avanço. As "participações especiais" também são ótimas, como Guga na praia de Floripa ou Fernando Meireles em Gramado.
A mistura de desenho com imagens reais poderia ser mais profunda, é verdade, mas a junção fica interessante, mesmo que raramente se unam totalmente na tela. A maior parte da projeção elas ficam se intercalando, mas o cuidado em desenhar um cenário quase igual ao real é bem observado. Um detalhe do desenho que pode estar fazendo o público estranhar o 3D aplicado é que a arte é em 2D. A profundidade gerada pelo 3D, então, faz parecer que estamos vendo uma maquete de papel. Eu achei divertido esse detalhe. Principalmente quando eles enquadram em um ângulo geral.
A verdade é que Brasil Animado é um filme muito bem realizado, porém para um público muito específico. Acredito que fará bastante sucesso nas escolas. Mariana Caltabiano já tem uma experiência vasta com o público infantil e sabe exatamente o que estava fazendo ao criar esse longametragem. Repito que merece todas as palmas pela iniciativa. Pioneirismo também conta nessa arte tão fascinante. Prestigiem, divulguem, ajudem. O cinema nacional precisa de ações assim.