Enterrado Vivo
O CinePipocaCult adverte: se você sofre de claustrofobia, síndrome do pânico ou problemas cardíacos é melhor evitar esse filme. Brincadeiras à parte, Rodrigo Cortés conseguiu fazer um filme angustiante e altamente interessante com apenas um ator, um mini-cenário e alguns acessórios. Impressionante como o roteiro de Chris Sparling consegue nos prender por uma hora e meia naquela situação. Claro que as escolhas da direção, o trabalho da equipe de fotografia e o ator ajudaram. Enterrado Vivo é daqueles filmes ousados que dão certo. O impacto ao final da projeção é inevitável. Quer dizer, se você ignorar aquela música dos créditos.
Paul Conroy é um motorista americano no Iraque que trabalhava na parte de suprimento das tropas. Um dia ele acorda em um caixão velho de madeira com um celular e um isqueiro. Sem ter a menor noção de onde está enterrado, ele precisa convencer as autoridades de seu país a pagar um resgate e ser localizado ou morrerá com falta iminente de ar. A premissa é ótima e os recursos que ele utiliza durante os noventa minutos de projeção também. Até a questão de um celular ter sinal embaixo da terra é justificado já que uma das pessoas que conversa com Paul diz que ele deve estar próximo da superfície para ter sinal. Em alguns momentos, esse sinal também cai e Paul tem que ficar se mexendo dentro do caixão em busca de uma posição que o aparelho pegue.
O que não se justifica é o gasto de oxigênio através da utilização do isqueiro em boa parte do filme, principalmente em um determinado momento em que o fogo aumenta consideravelmente. Queima significa utilização de oxigênio e liberação de gás carbônico, ficaria meio impossível respirar daquele jeito. Mas, nem tudo é perfeito, então, vamos esquecer esse detalhe e nos concentrar na construção da situação.
A tela começa totalmente escura, apenas com a respiração de Paul. Primeiro apenas o isqueiro ilumina o local, depois temos o celular e por último lâmpadas fluorescentes e uma lanterna que Paul encontra no canto do caixão. É tudo muito bem construído e o jogo de imagens interessante. A gente se sente dentro do caixão junto com o protagonista. Não há como não se identificar com ele e se irritar com cada receptor do outro lado da linha. O caminho que Paul vai seguindo na lista de ligações é totalmente coerente, assim como as respostas. Os plots são bem organizados, a curva crescente vai se encaminhando bem e a virada final é de cair o queixo. Era algo assim que esperava em Demônio, mas John Erick Dowdle e equipe acabaram se afastando do elevador e criaram um filme mediano.
Outra coisa interessante em Enterrado Vivo é que o filme não se trata simplesmente de um homem enterrado em um caixão, mas de política internacional, guerra do Iraque e posicionamento dos Estados Unidos diante das situações. Há nos diálogos muitas críticas e a história aponta para alguns detalhes bem interessantes, principalmente na atitude do terrorista exigindo vídeos para colocar no Youtube como forma de pressão e as respostas dos representantes do governo americano.
Ryan Reynolds pode não ser um dos melhores atores da atualidade, mas não faz feio ao defender um personagem em uma situação extrema. Pela pouca experiência, Rodrigo Cortés também surpreende. Os demais atores que apenas aparecem com suas vozes ajudam a criar o clima de tensão. Posso dizer que Enterrado Vivo é um dos filmes mais corajosos que já vi. Ousadia na medida certa para construir um bom suspense com doses de sadismo. Merece ser visto no cinema, ou, se esperar para ver em DVD, não deixe de criar um clima, apagando as luzes e fazendo absoluto silêncio.
Paul Conroy é um motorista americano no Iraque que trabalhava na parte de suprimento das tropas. Um dia ele acorda em um caixão velho de madeira com um celular e um isqueiro. Sem ter a menor noção de onde está enterrado, ele precisa convencer as autoridades de seu país a pagar um resgate e ser localizado ou morrerá com falta iminente de ar. A premissa é ótima e os recursos que ele utiliza durante os noventa minutos de projeção também. Até a questão de um celular ter sinal embaixo da terra é justificado já que uma das pessoas que conversa com Paul diz que ele deve estar próximo da superfície para ter sinal. Em alguns momentos, esse sinal também cai e Paul tem que ficar se mexendo dentro do caixão em busca de uma posição que o aparelho pegue.
O que não se justifica é o gasto de oxigênio através da utilização do isqueiro em boa parte do filme, principalmente em um determinado momento em que o fogo aumenta consideravelmente. Queima significa utilização de oxigênio e liberação de gás carbônico, ficaria meio impossível respirar daquele jeito. Mas, nem tudo é perfeito, então, vamos esquecer esse detalhe e nos concentrar na construção da situação.
A tela começa totalmente escura, apenas com a respiração de Paul. Primeiro apenas o isqueiro ilumina o local, depois temos o celular e por último lâmpadas fluorescentes e uma lanterna que Paul encontra no canto do caixão. É tudo muito bem construído e o jogo de imagens interessante. A gente se sente dentro do caixão junto com o protagonista. Não há como não se identificar com ele e se irritar com cada receptor do outro lado da linha. O caminho que Paul vai seguindo na lista de ligações é totalmente coerente, assim como as respostas. Os plots são bem organizados, a curva crescente vai se encaminhando bem e a virada final é de cair o queixo. Era algo assim que esperava em Demônio, mas John Erick Dowdle e equipe acabaram se afastando do elevador e criaram um filme mediano.
Outra coisa interessante em Enterrado Vivo é que o filme não se trata simplesmente de um homem enterrado em um caixão, mas de política internacional, guerra do Iraque e posicionamento dos Estados Unidos diante das situações. Há nos diálogos muitas críticas e a história aponta para alguns detalhes bem interessantes, principalmente na atitude do terrorista exigindo vídeos para colocar no Youtube como forma de pressão e as respostas dos representantes do governo americano.
Ryan Reynolds pode não ser um dos melhores atores da atualidade, mas não faz feio ao defender um personagem em uma situação extrema. Pela pouca experiência, Rodrigo Cortés também surpreende. Os demais atores que apenas aparecem com suas vozes ajudam a criar o clima de tensão. Posso dizer que Enterrado Vivo é um dos filmes mais corajosos que já vi. Ousadia na medida certa para construir um bom suspense com doses de sadismo. Merece ser visto no cinema, ou, se esperar para ver em DVD, não deixe de criar um clima, apagando as luzes e fazendo absoluto silêncio.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Enterrado Vivo
2011-01-04T08:52:00-03:00
Amanda Aouad
critica|Rodrigo Cortés|Ryan Reynolds|suspense|
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