A morte e vida de Charlie
Não podemos dizer que seja modismo recente, já que a morte sempre instigou o ser humano e o cinema já criou milhares de histórias sobre fenômenos do além-túmulo. Mas, A morte e a vida de Charlie é mais um na linha recente de filmes espiritualistas explorando a comunicação entre os dois mundos. O filme tem direção de Burr Steers, com roteiro de Craig Pearce e Lewis Colick, baseados no livro de Ben Sherwood, "The Death and Life of Charlie St. Cloud". Interessante que o título original do filme deixou apenas o nome do personagem, enquanto a versão brasileira traz a expressão do título do livro sem o sobrenome do protagonista. Detalhes culturais a parte, é um drama humano que tem seu charme, apesar de um pouco cansativo.
Charlie St. Cloud é um rapaz bonito, inteligente e excelente velejador. Está terminando o High School (sem trocadilhos com o currículo do ator) e já tem uma bolsa garantida em uma universidade. Porém, um acidente, que quase lhe tira a vida e leva seu irmão caçula, muda todos os planos. Sam continua aparecendo para Charlie que lhe promete nunca abandoná-lo. Eles fazem um pacto sem sentido de se encontrar todos os dias ao entardecer para treinar beisebol, esporte pelo qual o garoto era apaixonado, deixando Charlie preso ao sentimento de culpa e àquele local.
Acho interessante a forma como os americanos lidam com a mediunidade. Charlie, como vários outros personagens, só passa a ver "espíritos" depois de uma experiência de quase morte. Parece que a experiência de estar entre eles, deixa o véu mais fino. Fora isso, os espíritos se materializam de uma forma incrível, já que Sam consegue jogar uma bola de beisebol para Charlie agarrar. Outros detalhes também que as almas conseguem fazer, deixo para o filme antes que tenha spoilers. Não acho isso um problema, deixo claro. Faz parte do universo ficcional de cada história e podem ser consideradas, inclusive, alucinações. É apenas por isso que sempre reforço que são filmes espiritualistas e não espíritas. Nós, brasileiros, é que temos mania de nivelar qualquer assunto que fale de vida pós morte ou reencarnação como Espírita, como se apenas a doutrina de Kardec falasse ou acreditasse nisso.
Explicações à parte, o filme de Burr Steers, mais do que vida pós-morte ou mediunidade, fala da dor da perda e da obsessão por uma promessa insana. No leito de morte de um ente querido podemos prometer muitas coisas, estamos guiados pela emoção, sem nenhum uso da razão. Porém, com o passar do tempo, vamos ponderando o que pode ou não ser feito. Um rapaz que tem um futuro pela frente passar cinco anos preso a um cemitério para jogar beisebol com o irmão morto não é algo muito racional. Ainda mais ponderando as coisas de que abre mão, como a faculdade, a namorada, o veleiro. A história fala de uma forma eficiente sobre isso, concluindo de uma maneira bastante coerente. Apesar de tentar algumas reviravoltas e surpresas, não deixa de ser previsível a solução encontrada, mas nos deixa satisfeitos. O que incomoda é a condução do drama, principalmente no meio da história. Algumas ações ficam repetitivas, como os encontros com Sam, deixando a história um pouco emperrada. O dilema com a mulher também só acontece da metade para o fim do filme. Alguns mais críticos também podem se irritar com a obsessão de Charlie em cumprir a promessa feita a Sam.
As atuações não são espetaculares, mas também não comprometem, passam verdade. Zac Efron ainda está tentando se livrar do rótulo de High School Musical e consegue nos convencer com a dor de Charlie. Destaque para as participações especiais de Kim Basinger e Ray Liotta. Ambos passam pouco tempo na tela apenas para deixar o elenco com maior peso. A trilha sonora não se destaca, mas a fotografia é muito bem realizada. O cuidado com as tomadas na água, na floresta e no cemitério dão ainda mais frescor a história, nos envolvendo no drama.
A Morte e da vida de Charlie é daqueles dramas feitos para emocionar. O amor entre irmãos, a dor da separação, a obsessão por cumprir promessas, o desejo de seguir seus sonhos. Pena que não seja tão bem realizado como Além da Vida, outro filme que está em cartaz atualmente. Não acredito que vá se tornar um clássico do gênero. Ser baseado em um best seller ajuda na divulgação, claro, gerando boas bilheterias. Mas, não chega a trazer nada de novo, surpreendente ou genial. É apenas mais uma história que envolve "realidades" pós-morte.
Charlie St. Cloud é um rapaz bonito, inteligente e excelente velejador. Está terminando o High School (sem trocadilhos com o currículo do ator) e já tem uma bolsa garantida em uma universidade. Porém, um acidente, que quase lhe tira a vida e leva seu irmão caçula, muda todos os planos. Sam continua aparecendo para Charlie que lhe promete nunca abandoná-lo. Eles fazem um pacto sem sentido de se encontrar todos os dias ao entardecer para treinar beisebol, esporte pelo qual o garoto era apaixonado, deixando Charlie preso ao sentimento de culpa e àquele local.
Acho interessante a forma como os americanos lidam com a mediunidade. Charlie, como vários outros personagens, só passa a ver "espíritos" depois de uma experiência de quase morte. Parece que a experiência de estar entre eles, deixa o véu mais fino. Fora isso, os espíritos se materializam de uma forma incrível, já que Sam consegue jogar uma bola de beisebol para Charlie agarrar. Outros detalhes também que as almas conseguem fazer, deixo para o filme antes que tenha spoilers. Não acho isso um problema, deixo claro. Faz parte do universo ficcional de cada história e podem ser consideradas, inclusive, alucinações. É apenas por isso que sempre reforço que são filmes espiritualistas e não espíritas. Nós, brasileiros, é que temos mania de nivelar qualquer assunto que fale de vida pós morte ou reencarnação como Espírita, como se apenas a doutrina de Kardec falasse ou acreditasse nisso.
Explicações à parte, o filme de Burr Steers, mais do que vida pós-morte ou mediunidade, fala da dor da perda e da obsessão por uma promessa insana. No leito de morte de um ente querido podemos prometer muitas coisas, estamos guiados pela emoção, sem nenhum uso da razão. Porém, com o passar do tempo, vamos ponderando o que pode ou não ser feito. Um rapaz que tem um futuro pela frente passar cinco anos preso a um cemitério para jogar beisebol com o irmão morto não é algo muito racional. Ainda mais ponderando as coisas de que abre mão, como a faculdade, a namorada, o veleiro. A história fala de uma forma eficiente sobre isso, concluindo de uma maneira bastante coerente. Apesar de tentar algumas reviravoltas e surpresas, não deixa de ser previsível a solução encontrada, mas nos deixa satisfeitos. O que incomoda é a condução do drama, principalmente no meio da história. Algumas ações ficam repetitivas, como os encontros com Sam, deixando a história um pouco emperrada. O dilema com a mulher também só acontece da metade para o fim do filme. Alguns mais críticos também podem se irritar com a obsessão de Charlie em cumprir a promessa feita a Sam.
As atuações não são espetaculares, mas também não comprometem, passam verdade. Zac Efron ainda está tentando se livrar do rótulo de High School Musical e consegue nos convencer com a dor de Charlie. Destaque para as participações especiais de Kim Basinger e Ray Liotta. Ambos passam pouco tempo na tela apenas para deixar o elenco com maior peso. A trilha sonora não se destaca, mas a fotografia é muito bem realizada. O cuidado com as tomadas na água, na floresta e no cemitério dão ainda mais frescor a história, nos envolvendo no drama.
A Morte e da vida de Charlie é daqueles dramas feitos para emocionar. O amor entre irmãos, a dor da separação, a obsessão por cumprir promessas, o desejo de seguir seus sonhos. Pena que não seja tão bem realizado como Além da Vida, outro filme que está em cartaz atualmente. Não acredito que vá se tornar um clássico do gênero. Ser baseado em um best seller ajuda na divulgação, claro, gerando boas bilheterias. Mas, não chega a trazer nada de novo, surpreendente ou genial. É apenas mais uma história que envolve "realidades" pós-morte.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A morte e vida de Charlie
2011-01-14T15:38:00-03:00
Amanda Aouad
critica|drama|livro|Zac Efron|
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