Don Juan DeMarco
Dia 08 de março, terça-feira de Carnaval é também o Dia Internacional da Mulher. Resolvi relembrar aqui um filme que faz uma homenagem a mulher em sua essência de uma forma bastante criativa. O mito Don Juan inspirou diversas obras de arte desde pinturas, passando por peças teatrais e literatura, mas nenhum transformou o sedutor sem escrúpulo em um romântico que compreende a alma da mulher tal qual esta versão cinematográfica de 1995 dirigida e roteirizada por Jeremy Leven. O Don Juan daqui não quer apenas colecionar conquistas. O personagem vivido por Johnny Depp quer apenas amar as mulheres em sua plenitude, despertando o que melhor tem nelas. E, claro, como todo bom romântico, sofre pelo desprezo de sua amada Dona Ana.
A apresentação do personagem na abertura do filme é inesquecível. Toda a preparação na frente do espelho, as gotas de perfume, colocando as luvas, a máscara... A forma como a câmera nos mostra aos poucos o ator, os detalhes, a composição da cena, a direção de arte. Nos coloca no clima. Entra então, a voz over explicando que ele é o maior amante do mundo, mas quis o destino que a única mulher que importava o desprezou, por isso, ele iria acabar com a própria vida. Mas, antes, se dá ao direito de uma última conquista. A cena em que demonstra a desconhecida no bar como a pele da mulher é sensível e todo o desenrolar é muito bem realizada. Johnny Depp consegue nos passar tudo com o olhar.
A história começa quando o psiquiatra Dr. Jack Mickler vivido por Marlon Brando (gordo, mas ainda charmoso) é chamado para ajudar a um jovem que está prestes a se suicidar. Ao chegar perto, ele encontra um jovem que se diz Don Juan, o maior amante do mundo, caracterizado de capa, máscara e espada, e que pretende morrer pelas mãos do famoso espadachim Don Francisco da Silva. Entrando no jogo do paciente, Mickler diz que é Don Octávio Del Flores, o tio de Francisco e o convida para se hospedar em sua casa até que Don Francisco volte, enquanto isso, ele lhe conta sua história.
O jogo entre psiquiatra e paciente em delírio é deslumbrante. Por demonstrar respeito por ele, Don Juan aceita a presença do médico e fazem o tratamento como uma espécie de aposta. Se o rapaz convencê-lo de que é mesmo o maior amante do mundo, está liberado. Senão, toma remédios e aceita o tratamento. O interessante é a convivência entre médico e paciente acaba ajudando mais ao médico que ao paciente. Através do ponto de vista do rapaz, Dr. Jack Mickler começa a rever seus conceitos de vida e a forma como tratou sua esposa durante esses anos. Uma das cenas mais bonitas dessa transformação é quando Mickler pergunta a esposa, vivida por Faye Dunaway quais foram os sonhos que ela foi deixando para trás enquanto ele só se preocupava com ele.
A narração do personagem sobre como teria sido sua vida é o plus do filme. Com muito humor e clima sensual, vamos sendo apresentados a detalhes incríveis que se fecham de uma forma divertida e cruel ao mesmo tempo. O "jamais consentirei" de Dona Júlia. A brincadeira no harém, as mulheres se despedindo na praia. O encontro com Dona Ana. A história de seus pais. A gente se envolve naquele romantismo e torce pelo personagem, querendo que algo ali seja real, tal qual o psiquiatra que se encanta pelo paciente. Louco ou não, o que fascina em Don Juan é a capacidade de sonhar e despertar o melhor que temos dentro de nós, sem pudores. Afinal, todos somos românticos em nosso íntimo.
Esta é a essência de Don Juan DeMarco, ver a mulher como um ser especial, frágil e forte ao mesmo tempo, algo a ser descoberto. O que casa perfeitamente com a música tema de Bryan Adams. "Para realmente amar uma mulher você precisa conhecê-la profundamente por dentro. Ouvir cada pensamento, cada sonho e dar-lhe asas quando ela quiser voar". É esse dom que o rapaz diz ter desde pequeno: o de compreender o que a mulher precisa e dar-lhe. Com ou sem delírio, suas idéias e argumentos fazem com que o mundo fique um pouco mais fácil na relação a dois. Afinal, que mal há em sonhar um pouco e vivenciar este sonho?
Este é outro filme analisado a pedido de Cristiano Contreiras.
Don Juan DeMarco (Don Juan DeMarco: 1994/EUA)
Direção: Jeremy Leven
Roteiro: Jeremy Leven
Com: Johnny Depp, Marlon Brando, Faye Dunaway, Géraldine Pailhas
Duração: 97 min
A apresentação do personagem na abertura do filme é inesquecível. Toda a preparação na frente do espelho, as gotas de perfume, colocando as luvas, a máscara... A forma como a câmera nos mostra aos poucos o ator, os detalhes, a composição da cena, a direção de arte. Nos coloca no clima. Entra então, a voz over explicando que ele é o maior amante do mundo, mas quis o destino que a única mulher que importava o desprezou, por isso, ele iria acabar com a própria vida. Mas, antes, se dá ao direito de uma última conquista. A cena em que demonstra a desconhecida no bar como a pele da mulher é sensível e todo o desenrolar é muito bem realizada. Johnny Depp consegue nos passar tudo com o olhar.
A história começa quando o psiquiatra Dr. Jack Mickler vivido por Marlon Brando (gordo, mas ainda charmoso) é chamado para ajudar a um jovem que está prestes a se suicidar. Ao chegar perto, ele encontra um jovem que se diz Don Juan, o maior amante do mundo, caracterizado de capa, máscara e espada, e que pretende morrer pelas mãos do famoso espadachim Don Francisco da Silva. Entrando no jogo do paciente, Mickler diz que é Don Octávio Del Flores, o tio de Francisco e o convida para se hospedar em sua casa até que Don Francisco volte, enquanto isso, ele lhe conta sua história.
O jogo entre psiquiatra e paciente em delírio é deslumbrante. Por demonstrar respeito por ele, Don Juan aceita a presença do médico e fazem o tratamento como uma espécie de aposta. Se o rapaz convencê-lo de que é mesmo o maior amante do mundo, está liberado. Senão, toma remédios e aceita o tratamento. O interessante é a convivência entre médico e paciente acaba ajudando mais ao médico que ao paciente. Através do ponto de vista do rapaz, Dr. Jack Mickler começa a rever seus conceitos de vida e a forma como tratou sua esposa durante esses anos. Uma das cenas mais bonitas dessa transformação é quando Mickler pergunta a esposa, vivida por Faye Dunaway quais foram os sonhos que ela foi deixando para trás enquanto ele só se preocupava com ele.
A narração do personagem sobre como teria sido sua vida é o plus do filme. Com muito humor e clima sensual, vamos sendo apresentados a detalhes incríveis que se fecham de uma forma divertida e cruel ao mesmo tempo. O "jamais consentirei" de Dona Júlia. A brincadeira no harém, as mulheres se despedindo na praia. O encontro com Dona Ana. A história de seus pais. A gente se envolve naquele romantismo e torce pelo personagem, querendo que algo ali seja real, tal qual o psiquiatra que se encanta pelo paciente. Louco ou não, o que fascina em Don Juan é a capacidade de sonhar e despertar o melhor que temos dentro de nós, sem pudores. Afinal, todos somos românticos em nosso íntimo.
Esta é a essência de Don Juan DeMarco, ver a mulher como um ser especial, frágil e forte ao mesmo tempo, algo a ser descoberto. O que casa perfeitamente com a música tema de Bryan Adams. "Para realmente amar uma mulher você precisa conhecê-la profundamente por dentro. Ouvir cada pensamento, cada sonho e dar-lhe asas quando ela quiser voar". É esse dom que o rapaz diz ter desde pequeno: o de compreender o que a mulher precisa e dar-lhe. Com ou sem delírio, suas idéias e argumentos fazem com que o mundo fique um pouco mais fácil na relação a dois. Afinal, que mal há em sonhar um pouco e vivenciar este sonho?
Este é outro filme analisado a pedido de Cristiano Contreiras.
Don Juan DeMarco (Don Juan DeMarco: 1994/EUA)
Direção: Jeremy Leven
Roteiro: Jeremy Leven
Com: Johnny Depp, Marlon Brando, Faye Dunaway, Géraldine Pailhas
Duração: 97 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Don Juan DeMarco
2011-03-07T08:43:00-03:00
Amanda Aouad
critica|drama|Johnny Depp|Marlon Brando|romance|
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