Atenção que na explicação de por que chorei e nos links, há alguns SPOILERS. Então, se não viu o filme, pule.
Filmes que me fizeram chorar
Pegando o gancho do Podcast bem legal que participei (se ainda não ouviu clique aqui) a convite de Rodrigo Carreiro do Café com Pop, que teve também a participação de Márcio Melo do Porra Man, queria falar aqui um pouco mais sobre essa história de chorar em filme. Devo confessar que sou uma chorona, assim como Zeca Baleiro, "qualquer beijo de novela me faz chorar". E a gente fica se perguntando porque é que a gente chora diante de uma tela, em realidades tão diversas e uma variedade de filmes tão grande. Teóricos e psicólogos dizem que é algo com o qual nos identificamos, somos envolvidos por aquela história e algo nela nos reporta a um determinado aspecto de nossa vida. As vezes algo que realmente passamos, as vezes algo que desejamos para nós ou temos medo que um dia nos aconteça. Uma catarse. É natural, então, que todos nós já tenhamos chorado pelo menos uma vez na vida diante de uma boa história. Não sei dizer qual foi a primeira vez que chorei vendo um filme. Talvez em O Cão e a Raposa, quando era ainda uma criancinha. Não sei... Sei que fui ficando cada vez mais chorona. E resolvi fazer um esforço aqui para lembrar os dez filmes que mais chorei na vida. Se quiserem ouvir a explicação dos dois primeiros, não esqueça de acessar o terceiro Café com Popcast.
Atenção que na explicação de por que chorei e nos links, há alguns SPOILERS. Então, se não viu o filme, pule.
Atenção que na explicação de por que chorei e nos links, há alguns SPOILERS. Então, se não viu o filme, pule.
Dançando no Escuro (2000)
Lars Von Trier é um cineasta polêmico que gosta de nos deixar à flor da pele. Nesse musical dramático, digamos assim, que ele fez com a cantora Björk, ele chega a ser cruel, mostrando o desespero de Selma Jezkova em juntar dinheiro para que seu filho faça uma operação em uma determinada idade, porque sofre de uma mesma doença rara que ela, onde vai perdendo a visão aos poucos. Selma faz de tudo para esconder seu segredo dos demais e continuar trabalhando em uma fábrica, só assim conseguirá o tal dinheiro. Conta os passos, decora letras, repete gestos. E vai confiar seu segredo logo a um vizinho inescrupuloso que acaba roubando-a. A postura ética da moça de preferir ser presa a contar o segredo do vizinho que a enganou. A coragem de enfrentar seu destino sem discutir, pois tudo que importava era a operação do filho. A recusa de usar o dinheiro com um advogado, vai nos angustiando aos poucos. Quando chegamos finalmente na execução, dá um nó na garganta. Eu não consegui segurar e me debulhei em lágrimas. Quem viu, sabe do que estou falando. Toy Story 3 (2010)
Chorar com desenho pode parecer estranho para adultos, mas é um preconceito bobo, na verdade. Afinal, a emoção pode ser manifestada em qualquer estilo. E nesse filme em particular o que me emocionou não foi os brinquedos em si, mas essa sensação gostosa e ruim ao mesmo tempo de constatar a passagem da vida. Muita gente fala daquela cena dos brinquedos se dando a mão. É bonita, mas não chegou a me emocionar tanto. A cena final é que nos derruba. Quando Andy leva seus brinquedos para a menininha, há muitas emoções envolvidas. Toda criança tem um apego por seus brinquedos preferidos. Doá-los é doloroso, por mais que tenhamos a certeza de que outra criança brincar com ele é melhor do que deixá-lo em um baú empoeirado. Desapego... É lindo. O Carteiro e o Poeta (1994)
Mais uma vez a emoção vem pela pureza e ingenuidade de um protagonista. A forma como o carteiro Mario se entrega a amizade com Pablo Neruda, sua espera por uma resposta, a paixão por poesia, principalmente pelas "metáforas", é lindo. A cena que me fez chorar é aquela em que ele grava as belas coisas que encontra na ilha. É de arrepiar a sensibilidade daquele homem. Sensibilidade que Neruda com toda erudição nunca conseguiu ter. Sociedade dos Poetas Mortos (1989)
Esse é um filme emocionante do começo ao fim. A relação dos alunos naquele colégio castrador, a determinação do professor Keating em despertá-los para a vida, a entrega de alguns desses alunos. Tudo é lindo e se resume naquela cena final. Mesmo com toda a tragédia, com a punição severa, com a aparente retomada da ordem, quando Todd, o mais tímido de todos, na aula do diretor do colégio, se levanta subindo na cadeira para dizer "Oh, captain, my captain..", ele consegue resumir em um gesto a vitória daquele professor. Sim, ele cresceu e compreendeu que mesmo em uma aparente prisão, será sempre livre graças ao seu capitão. Não tem como não chorar.Cinema Paradiso (1988)
A amizade é um sentimento que sempre me emociona profundamente. E a amizade de um velho rabugento com um garotinho apaixonado por filmes nessa obra belíssima é mesmo encantador. A forma como Alfredo incentiva Totó a crescer é fantástica. E quando ele retorna e recebe o rolo com todos os beijos cortados pelo padre na história do Paradiso é um lindo. Aquela cena simboliza todo o amor de ambos pelo cinema. Hair (1979)
Ideais. Esse é um filme que resume a filosofia hippie dos anos 70. Uma história forte, envolvente, principalmente pelas músicas inesquecíveis. E o final é uma espécie de vitória da moral. George era um cara totalmente pacífico que só queria viver cada dia como se fosse o último. Talvez o mundo quisesse dizer que tudo tem consequência nessa vida, mas George serviu como exemplo do quão imbecil é uma guerra. Um rapaz como ele, acabar indo lutar no Vietnã por engano, e lá morrendo, é doloroso. Aquela cena dele entrando no avião, cantando "Let The Sunshine In" enquanto Bukowski corre para tentar alcançá-lo é mesmo de chorar. À Espera de um Milagre (1999)
Outro filme de injustiça. Assim como Dançando no Escuro há uma execução de um inocente e isso sempre dói. Mas, o que mais me comove nesse filme é a construção desse personagem. Um verdadeiro anjo na Terra, com um dom de cura incrível. É um desperdício, ficamos até o fim igual ao personagem de Tom Hanks esperando literalmente um milagre. E quando ele não vem, não tem como não conter as lágrimas. O Cão e a Raposa (1981)
Já falei que amizade é uma coisa que mexe comigo. E uma amizade proibida como o de Toby e Dodó é mesmo uma pérola rara. Esse filme da Disney é especial para mim. Marcou a minha infância, foi a primeira fita VHS que ganhei e assistia a esse filme milhares de vezes. Já conhecia a história daqueles disquinhos coloridos e ver o desenho animado foi emocionante. Cuioso é que a cena que me fez chorar não é com os dois protagonistas. E sim, quando Dodó é deixado por sua dona na reserva florestal. "É triste a despedida, adeus parece o fim, mas guardarei pra sempre você em meu coração". Em Busca da Terra do Nunca (2004)
O filme da história do autor de Peter Pan é mesmo muito emocionante. Esse é um filme envolvente em todos os sentidos. Mas, o engraçado é que a cena que me fez chorar traz, na verdade, um gesto de amor e cuidado maior que tudo que vimos antes. É quando a mãe das crianças, Sylvia, já doente recebe a peça dentro de sua casa de surpresa. Aquilo derruba até os mais insensíveis. Em Algum Lugar do Passado (1980)
E para não dizer que não falei de amor, cito a história de amor que dói na alma. A obsessão de Richard por conseguir encontrar Elise é linda. Amor separado pelo tempo e espaço, tudo tão simbólico, tão belo. E a trilha sonora, então. Quem não quer viver um grande amor?Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Filmes que me fizeram chorar
2011-03-27T16:50:00-03:00
Amanda Aouad
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