Cannes tomou conta dos assuntos da semana. O Festival mais charmoso do cinema não vive mais apenas de obras de arte. Rendendo-se aos blockbusters, tivemos estreias de Piratas do Caribe 4 e Kung Fu Panda 2. Nenhum causou grandes alvoroços. Entre os queridinhos do Festival, os irmãos Dardenne saem na frente com "The kid with a bike", favorito para muitos. Mas, como a imprensa adora uma polêmica, a bola da vez foi o comentário irônico de Lars Von Trier na entrevista coletiva para seu filme Melancholia. As manchetes ampliaram as declarações em que Lars Von Trier afirma ser nazista. O alemão usou do seu já conhecido humor negro para fazer uma brincadeira de mau gosto com sua origem e em momento nenhum afirmou ser anti-semita ou a favor do holocausto. Disse que compreendia Hitler: "Eu compreendo Hitler. Acho que ele fez algumas coisas erradas, sim, com certeza, mas eu consigo vê-lo sentado em seu bunker no final" (fonte UOL) e ainda completou: "Estou apenas dizendo", tentou explicar Von Trier, "que acho que entendo este homem. Ele não é o que você poderia chamar de um cara legal, mas sim, eu entendo muito a seu respeito, e sinto por ele um pouco de compaixão, sim. Mas vá lá, eu não sou a favor da Segunda Guerra Mundial. E não sou contra os judeus". Qualquer um que já viu uma entrevista de Von Trier, sabe que polêmicas são o seu forte. Foi ironia, provocação, não algo a ser levado a sério.
O Festival exigiu retratação e ele declarou ao final do dia: "Se eu magoei alguém nessa manhã com as palavras que disse durante a coletiva, sinceramente peço desculpas. Eu não sou anti-semita ou tenho qualquer tipo de preconceito racial, nem sou um nazista". Falou besteira, como muitos que não medem as consequências, mas a imprensa também colaborou a fazer de um cisco um terremoto. Resultado, mesmo com suas desculpas foi declarado persona non grata no Festival, apesar de Melancholia continuar na competição. E, com isso, não se fala mais em outra coisa. O que lamento é que com tanta coisa para se falar e discutir sobre cinema, fiquemos nessa mesmice superficial e pequena. Dia 22, ficaremos sabendo quem levou a melhor. Aqui uma lista de todos que concorrem a Palma de Ouro este ano.
De 24 a 29 de maio Salvador recebe a quarta edição da Mostra Possíveis Sexualidades e nesta edição, pela primeira vez veremos uma mostra competitiva. O público poderá votar no melhor curta-metragem nacional durante o evento. Idealizada por Fernanda Bezerra e Rodrigo Barreto, a mostra procura valorizar a diversidade sexual e discutir conceitos e preconceitos. Este ano, promoverá uma campanha de combate à homofobia em Salvador. Na programação: 35 filmes, encontros com diretores nacionais e internacionais, debates, prêmios e lançamentos. Vejam maiores detalhes no site.
Mas, para o público pouco afeito à blockbusters uma boa notícia. Finalmente chega a Salvador o candidato Canadense a melhor filme estrangeiro no Oscar. Incêndios estreia no Circuito Sala de Arte três meses após sua estreia no Brasil. Adaptado da peça de Wajdi Mouawad, o filme narra a história da viagem de dois irmãos gêmeos ao Oriente Médio para atender ao último desejo de sua mãe.