Carros 2
Disney e Pixar formam uma dupla de sucesso que praticamente monopoliza o mercado de animação. Com os dois estúdios tendo filmes que misturam a magia com profundidade nos roteiros, os filmes nunca são apenas para crianças. O problema é que Carros 2 exagerou um pouquinho, tornando a história divertida de um carro de corrida que descobre o clima tranquilo das cidades do interior, no primeiro filme, em uma aventura de espionagem complexa que mistura James Bond, Missão Impossível e Identidade Bourne com paródias ao estilo Austin Powers. Para as crianças, só restou rir de Mater e se divertir com as cores e movimento das corridas.
Ben Queen, que assina o roteiro do filme, já começa alterando um ponto importante do primeiro para o segundo Carros, seu protagonista. Se no primeiro, Relâmpago McQueen era o herói redimido, aqui temos todos os holofotes em cima do velho guincho Mater. O atrapalhado amigo do carro de corridas vai com ele em uma excursão e acaba se envolvendo em uma trama internacional ao ser confundido com um espião americano. Toda a história de Carros 2 é pescada de vários filmes de espionagem, sempre com um toque de humor diante da presença do protagonista que está no lugar errado, na hora errada. Muita coisa é clichê, mas não deixa de divertir.
A cena inicial é bastante tensa, nem parece que estamos em uma continuação da franquia. Não há rostos, ou melhor parachoques, conhecidos. Uma cena em alto mar, clima de espionagem, uma ótima montagem com enquadramentos e simulação de movimentos de câmera incríveis que nos fazem entrar na situação misteriosa. Há uma conspiração, ainda indecifrável. Há muita ação e muito talento por parte do Finn McMissile, o espião inglês. Mas, após o prólogo incomum, somos levados à boa e velha Radiator Springs, onde Mater passeia pela estrada em busca de um carro quebrado. Passaram-se quatro anos e a cidade ganhou visibilidade graças ao sucesso de Relâmpago McQueen, vencedor de quatro Copas Pistão. A história dos dois mundos, espionagem e vida simples do interior irão se misturar na Corrida dos Campeões, ponto central da história.
Se o roteiro faz uma colcha de retalhos de vários filmes de ação, a direção de arte e as técnicas de animação acompanham com cenas eletrizantes. Tudo é muito bem pensado, organizado e construído para simular este clima. Tudo é muito ágil, com vários enquadramentos e movimentos, dando um ritmo alucinado ao filme, que pode cativar as crianças. Isso sem falar do toque de humor dado pelo personagem Mater. A ironia dos espiões que o tratam como gênio por achar ser aquele um disfarce deixa as situações ainda mais interessantes, apesar de em muitos momentos ficar pesado como a cena de bullying em que Mater visualiza toda a humilhação pela qual passou em todo o filme. A forma como John Lasseter e Brad Lewis nos mostram isso, no pensamento do personagem em tela preta é forte, provando que não é mesmo um filme apenas infantil.
Não é infantil também as várias referências, principalmente ao mundo automobilístico. Vários nomes conhecidos são re-organizados, as pistas, o "circo" da Fórmula 1, e claro, cada país representado. A versão brasileira traz Carla Veloso, uma corredora brasileira que ganhou até cartaz especial com o título "Gol de placa" e foi dublada pela cantora Cláudia Leite. Mas, não se empolguem muito, pois a participação é mínima. E nem poderia ser maior, já que o foco é mesmo na trama de espionagem. Agora, o que impressiona mesmo são as paisagens.
A corrida dos campeões acontece em três paises diferentes: Japão, Itália e Inglaterra. Há um belo clipe antes da competição começar, como se fosse uma volta ao mundo, valorizando principalmente a cultura japonesa, local onde é dada a largada. Nem precisa falar da excelência em animar dos dois estúdios. As cenas das cidades reconstruídas em suas paisagens históricas são belíssimas, com uma riqueza de detalhes incrível. Vemos pelas cenas em Paris, por exemplo, ou na típica pracinha italiana, ou ainda na sempre presente roda gigante de Londres ao fundo. A cena inicial em alto mar também assusta pelo realismo das ondas, parece que foi filmado.
Carros 2 acaba pesando a mão em alguns momentos, se tornando um filme mais adulto que infantil. Afinal, carro explodir em filme de ação é normal. Mas, quando acontece isso nesse universo, é a morte de um personagem... Tanto que em algumas cenas isso acontece no reflexo de uma porta, ao apenas no som, para não ser tão chocante. Ainda assim, ele acaba subvertendo a expectativa deixada pelo primeiro filme, podendo ser frustante para muitos. As cenas de pista mesmo, são muito poucas. E McQueen só não é um ilustre figurante porque não deixa de ser sempre o alvo, seja dos ataques dos espiões tranqueiras ou da proteção de Mater. Não digo que seja um filme ruim, mas está longe de ser uma das obras primas da dupla Disney e Pixar.
Para não deixar de falar em unanimidade, antes do filme há a exibição do curta Férias no Hawai com os personagens de Toy Story. Agora, os queridos bonecos já estão bem ambientados no quarto da pequena Bonnie que vai sair de férias. Todos estão se preparando para o que vão fazer na ausência da nova dona, mas acabam tendo que ajudar Ken que estava sonhando com as férias no Hawai ao lado da Barbie. O boneco não conseguiu ser levado na mochila como planejou e fica frustrado. O resultado é uma divertida história cheia de criatividade e piadas engraçadas.
Carros 2 (Cars 2: 2011 / EUA)
Direção: John Lasseter, Brad Lewis
Roteiro: Ben Queen
Duração: 90 min
Ben Queen, que assina o roteiro do filme, já começa alterando um ponto importante do primeiro para o segundo Carros, seu protagonista. Se no primeiro, Relâmpago McQueen era o herói redimido, aqui temos todos os holofotes em cima do velho guincho Mater. O atrapalhado amigo do carro de corridas vai com ele em uma excursão e acaba se envolvendo em uma trama internacional ao ser confundido com um espião americano. Toda a história de Carros 2 é pescada de vários filmes de espionagem, sempre com um toque de humor diante da presença do protagonista que está no lugar errado, na hora errada. Muita coisa é clichê, mas não deixa de divertir.
A cena inicial é bastante tensa, nem parece que estamos em uma continuação da franquia. Não há rostos, ou melhor parachoques, conhecidos. Uma cena em alto mar, clima de espionagem, uma ótima montagem com enquadramentos e simulação de movimentos de câmera incríveis que nos fazem entrar na situação misteriosa. Há uma conspiração, ainda indecifrável. Há muita ação e muito talento por parte do Finn McMissile, o espião inglês. Mas, após o prólogo incomum, somos levados à boa e velha Radiator Springs, onde Mater passeia pela estrada em busca de um carro quebrado. Passaram-se quatro anos e a cidade ganhou visibilidade graças ao sucesso de Relâmpago McQueen, vencedor de quatro Copas Pistão. A história dos dois mundos, espionagem e vida simples do interior irão se misturar na Corrida dos Campeões, ponto central da história.
Se o roteiro faz uma colcha de retalhos de vários filmes de ação, a direção de arte e as técnicas de animação acompanham com cenas eletrizantes. Tudo é muito bem pensado, organizado e construído para simular este clima. Tudo é muito ágil, com vários enquadramentos e movimentos, dando um ritmo alucinado ao filme, que pode cativar as crianças. Isso sem falar do toque de humor dado pelo personagem Mater. A ironia dos espiões que o tratam como gênio por achar ser aquele um disfarce deixa as situações ainda mais interessantes, apesar de em muitos momentos ficar pesado como a cena de bullying em que Mater visualiza toda a humilhação pela qual passou em todo o filme. A forma como John Lasseter e Brad Lewis nos mostram isso, no pensamento do personagem em tela preta é forte, provando que não é mesmo um filme apenas infantil.
Não é infantil também as várias referências, principalmente ao mundo automobilístico. Vários nomes conhecidos são re-organizados, as pistas, o "circo" da Fórmula 1, e claro, cada país representado. A versão brasileira traz Carla Veloso, uma corredora brasileira que ganhou até cartaz especial com o título "Gol de placa" e foi dublada pela cantora Cláudia Leite. Mas, não se empolguem muito, pois a participação é mínima. E nem poderia ser maior, já que o foco é mesmo na trama de espionagem. Agora, o que impressiona mesmo são as paisagens.
A corrida dos campeões acontece em três paises diferentes: Japão, Itália e Inglaterra. Há um belo clipe antes da competição começar, como se fosse uma volta ao mundo, valorizando principalmente a cultura japonesa, local onde é dada a largada. Nem precisa falar da excelência em animar dos dois estúdios. As cenas das cidades reconstruídas em suas paisagens históricas são belíssimas, com uma riqueza de detalhes incrível. Vemos pelas cenas em Paris, por exemplo, ou na típica pracinha italiana, ou ainda na sempre presente roda gigante de Londres ao fundo. A cena inicial em alto mar também assusta pelo realismo das ondas, parece que foi filmado.
Carros 2 acaba pesando a mão em alguns momentos, se tornando um filme mais adulto que infantil. Afinal, carro explodir em filme de ação é normal. Mas, quando acontece isso nesse universo, é a morte de um personagem... Tanto que em algumas cenas isso acontece no reflexo de uma porta, ao apenas no som, para não ser tão chocante. Ainda assim, ele acaba subvertendo a expectativa deixada pelo primeiro filme, podendo ser frustante para muitos. As cenas de pista mesmo, são muito poucas. E McQueen só não é um ilustre figurante porque não deixa de ser sempre o alvo, seja dos ataques dos espiões tranqueiras ou da proteção de Mater. Não digo que seja um filme ruim, mas está longe de ser uma das obras primas da dupla Disney e Pixar.
Para não deixar de falar em unanimidade, antes do filme há a exibição do curta Férias no Hawai com os personagens de Toy Story. Agora, os queridos bonecos já estão bem ambientados no quarto da pequena Bonnie que vai sair de férias. Todos estão se preparando para o que vão fazer na ausência da nova dona, mas acabam tendo que ajudar Ken que estava sonhando com as férias no Hawai ao lado da Barbie. O boneco não conseguiu ser levado na mochila como planejou e fica frustrado. O resultado é uma divertida história cheia de criatividade e piadas engraçadas.
Carros 2 (Cars 2: 2011 / EUA)
Direção: John Lasseter, Brad Lewis
Roteiro: Ben Queen
Duração: 90 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Carros 2
2011-06-22T08:20:00-03:00
Amanda Aouad
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