A construção do personagem
Em 2008 a revista Empire divulgou uma lista do que seriam os cem melhores personagens do cinema. Entre polêmicas e acertos, trouxe Tyler Durden, interpretado por Brad Pitt em Clube da Luta no topo da lista e deixou de fora ícones como Carlitos do eterno Charles Chaplin. Fico me perguntando, ao ver listas como essas o que seria um bom personagem. Recorrendo à teoria, encontramos diversas definições.
O personagem é físico, social e psicológico, mas só se completa no processo vivo, na ação. Hegel definiu que o personagem é o portador do subjetivo, que se objetiva na ação dramática porque é o conflito, é a força que move a ação. Então, podemos concluir que em toda história o personagem principal está buscando resolver algo. E como define Luiz Carlos Maciel, utilizando-se da poética de Aristóteles, existem três tipos de conflitos: o conflito interno, onde o maior obstáculo está dentro do próprio personagem; o conflito externo, onde um outro personagem é o obstáculo; e o conflito abstrato, onde o obstáculo é algo maior como uma sociedade, uma instituição.
Para Aristóteles em sua Poética, o personagem tem que ser bom, convincente, semelhante, coerente e necessário. Bom, não no sentido de bondade, e, sim, no sentido de bem feito. Convincente no que rege suas intenções, suas vontades, se tem características que nos convençam de ser como é. Ser semelhante no sentido de pertencer a um senso comum. O espectador tem que conhecer ou ter alguma referência daquele mundo, daquela história ou não criará uma relação de empatia. Coerente na trama significa ser crível. Um personagem pode até mesmo ser impossível, contanto que seja verossímil na realidade da história. Ou seja, super-homem pode voar, um cachorro pode falar e assim por diante. Por fim, o personagem tem que ser necessário. O que significa ser importante para a trama.
No processo de construção do personagem, Syd Field diz que temos que conhecê-lo, pois só assim teremos controle do que ele faz e por quê. Para tornar o personagem multidimensional, Field desenha três etapas de conhecimento do mesmo. Na primeira etapa, o conhecimento é superficial, que Syd Field chamou de nível profissional, onde conhecemos apenas as características externas do personagem. Onde ele trabalha, com quem se relaciona, o que faz da vida. Na segunda etapa, temos um conhecimento mais próximo, que Syd Field chamou de nível pessoal, onde conhecemos um pouco mais do personagem, sua vida social, suas necessidades básicas, seu caráter, seu humor. Porém, apenas na terceira etapa temos um conhecimento íntimo de quem seja o personagem, que Syd Field chamou de nível privado, onde sabemos os anseios mais íntimos do personagem, suas ambições, seus desejos, seus segredos. Assim deve ser o conhecimento de um personagem protagonista.
Pensando em todos os personagens do cinema, uma lista com os melhores seria leviano. Como encaixá-los nas definições? Muitos seriam deixados de fora. Afinal, são mais de cem anos de personagens eternos. Para uma escolha acadêmica, digamos assim, precisaria realmente listar pelo menos todos os protagonistas e analisar prós e contras de suas construções. Isso seria quase impossível. Pensei então, em listar aqui aqueles que considero ícones cinematográficos, sem ordem de importância mesmo. Os rostos que se me pedissem para fazer um cartaz que representasse o cinema, não poderiam deixar de estar lá.
O personagem é físico, social e psicológico, mas só se completa no processo vivo, na ação. Hegel definiu que o personagem é o portador do subjetivo, que se objetiva na ação dramática porque é o conflito, é a força que move a ação. Então, podemos concluir que em toda história o personagem principal está buscando resolver algo. E como define Luiz Carlos Maciel, utilizando-se da poética de Aristóteles, existem três tipos de conflitos: o conflito interno, onde o maior obstáculo está dentro do próprio personagem; o conflito externo, onde um outro personagem é o obstáculo; e o conflito abstrato, onde o obstáculo é algo maior como uma sociedade, uma instituição.
Para Aristóteles em sua Poética, o personagem tem que ser bom, convincente, semelhante, coerente e necessário. Bom, não no sentido de bondade, e, sim, no sentido de bem feito. Convincente no que rege suas intenções, suas vontades, se tem características que nos convençam de ser como é. Ser semelhante no sentido de pertencer a um senso comum. O espectador tem que conhecer ou ter alguma referência daquele mundo, daquela história ou não criará uma relação de empatia. Coerente na trama significa ser crível. Um personagem pode até mesmo ser impossível, contanto que seja verossímil na realidade da história. Ou seja, super-homem pode voar, um cachorro pode falar e assim por diante. Por fim, o personagem tem que ser necessário. O que significa ser importante para a trama.
No processo de construção do personagem, Syd Field diz que temos que conhecê-lo, pois só assim teremos controle do que ele faz e por quê. Para tornar o personagem multidimensional, Field desenha três etapas de conhecimento do mesmo. Na primeira etapa, o conhecimento é superficial, que Syd Field chamou de nível profissional, onde conhecemos apenas as características externas do personagem. Onde ele trabalha, com quem se relaciona, o que faz da vida. Na segunda etapa, temos um conhecimento mais próximo, que Syd Field chamou de nível pessoal, onde conhecemos um pouco mais do personagem, sua vida social, suas necessidades básicas, seu caráter, seu humor. Porém, apenas na terceira etapa temos um conhecimento íntimo de quem seja o personagem, que Syd Field chamou de nível privado, onde sabemos os anseios mais íntimos do personagem, suas ambições, seus desejos, seus segredos. Assim deve ser o conhecimento de um personagem protagonista.
Pensando em todos os personagens do cinema, uma lista com os melhores seria leviano. Como encaixá-los nas definições? Muitos seriam deixados de fora. Afinal, são mais de cem anos de personagens eternos. Para uma escolha acadêmica, digamos assim, precisaria realmente listar pelo menos todos os protagonistas e analisar prós e contras de suas construções. Isso seria quase impossível. Pensei então, em listar aqui aqueles que considero ícones cinematográficos, sem ordem de importância mesmo. Os rostos que se me pedissem para fazer um cartaz que representasse o cinema, não poderiam deixar de estar lá.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A construção do personagem
2011-06-04T08:26:00-03:00
Amanda Aouad
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