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Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
Continuando nosso passeio pelas obras de Harry Potter, chegou a vez do que muitos consideram até hoje o melhor filme da série. Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban trouxe muitas novidades para o universo bruxo, a começar pelo novo diretor Alfonso Cuarón. O mexicano consagrado por filmes como E sua mãe também e Paris, Te Amo, deu a série um ar mais adulto, com tomadas mais trabalhadas e um primor maior na direção de arte.
Não que esse mérito de amadurecer a história tenha sido apenas dele. Na verdade, o terceiro livro já pede algo menos infantil. A começar Harry Potter não é mais criança. É um adolescente de 13 anos, muito mais forte e auto-confiante após dois anos de luta contra o fantasma de Voldemort. Isso é demonstrado na cena inicial, quando ele enfrenta a tia Guida, irmã do tio Wálter ainda na rua dos Alfeneiros. O ator Daniel Radcliffe também cresceu, tem uma fisionomia menos infantil, o que ajuda no visual de um Harry Potter mais velho. Além disso, temos dois elementos fortes na trama, o procurado Sirius Black e os temidos Dementadores. Isso ajuda no clima de terror, antes mais ameno. A cena no trem quando os guardas de Azkaban aparecem pela primeira vez e são detidos pelo professor Lupin demonstra bem a atmosfera sombria, desde o gelo nos vidros, a forma de sugar as alegrias do local até a fisionomia cansada de Lupin afastando-os com seu patrono.
Mas, nem só de temor vive Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban. Temos momentos divertidos como a apresentação do Nôitibus Andante, quando Harry passeia por Londres sem rumo. A agilidade do ônibus, o motorista cabeça, o cobrador, tudo gera diversão. Da mesma forma, a sequência no Caldeirão Furado traz boas piadas com bruxos e seu universo. Em uma cena de passagem, a camareira abre a porta e vem um rugido forte, ela diz: "volto depois", como se fosse a coisa mais normal do mundo. É lá também que Harry encontra Rony e Hermione, se preparando para mais um ano na escola que considera seu verdadeiro lar. É neste filme também que somos apresentados ao "Mapa do Maroto", artefato mágico muito útil para Harry e que encanta. Desde o "juro solenemente não fazer nada de bom" até o "Mal feito, feito", muitos sonhos acontecem.
É fato que Alfonso Cuarón é muito mais autoral que Chris Columbus. Ele prima pelas imagens, criando sequências encantadoras, repletas de externas, contemplativas como o vôo de Bicuço que explora as paisagens com um visual grandioso. Há também a cena dos dementadores sobrevoando o castelo logo no início, após o anúncio de Dumbledore. Cuarón sempre busca enquadramentos diferente como quando Harry ouve a profecia da professora Trelawney. Ele sai da sala e temos um plongée com o garoto descendo a escada e a tela escurecendo aos poucos. Mas, nem o mexicano escapa de repetições tolas como a piada do vôo do pássaro azul até o salgueiro lutador. Da primeira vez é bem legal, mas Cuarón repete isso algumas vezes no filme, o que a torna cansativa.
Outro trunfo de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban é a adaptação em si, com o roteiro de Steven Kloves. Aqui, a história do livro cabe perfeitamente no tempo do filme, tendo uma boa densidade e ritmo em toda a construção da trajetória. Claro que há uma alteração ou outra, como Dumbledore não selando a porta do hospital, a explicação dos criadores do Mapa do Maroto com seus apelidos, ou a Firebolt chegando apenas na última cena. Este fato acaba sendo reflexo de outra mudança que muitos fãs lamentaram, a não existência de partidas de Quadribol no filme. No terceiro livro, há toda uma trama na liberação da vassoura para que Harry possa jogar com uma arma extra e quando finalmente McGonagall deixa, a sensação da partida é a capacidade da Firebolt voar tão rápido que o narrador da partida se perde apenas elogiando-a. É um extra divertido que compõe o ano escolar, mas não prejudica a história final. O filme consegue apresentar uma boa trama e isso é o mais importante.
No elenco, a grande novidade é a presença de Emma Thompson como a avoada professora Trelawney pela força do nome da atriz. Destaque ainda para David Thewlis com Lupin e Timothy Spall como Pedro Pettigrew. Mas, a interpretação que nos chama mais a atenção é mesmo Gary Oldman como Sirius Black, que consegue passar da loucura à sensatez com muita facilidade. Os três meninos protagonistas por sua vez continuam em uma evolução gradual, cada vez mais à vontade com seus personagens, mas Emma Watson continua sendo a melhor dos três, assim como Daniel Radcliffe é o mais fraco. Outra curiosidade fica por conta do intérprete de Dumbledore, já que o ator Richard Harris faleceu, sendo substituído por Michael Gambon. Em termos de efeitos especiais, o filme também evolui, vide a transformação do lobisomem, bastante convincente e do rato que vai se metamorfoseando aos poucos.
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban marcou a série em vários aspectos, demonstrando que o personagem e o universo criado por J.K. Rowling não era apenas uma fábula infantil, mas uma história densa de um personagem que só tende a crescer a cada dia, criando camadas cada vez mais complexas em sua trajetória. A expectativa só cresceu a partir de então, apesar de demorar para este filme ser superado nas preferências em geral.
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Harry Potter and the Prisoner of Azkaban: 2004 /EUA)
Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Steven Kloves
Com: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Robbie Coltrane, Michael Gambon, Emma Thompson, David Thewlis, Gary Oldman, Timothy Spall, Alan Rickman.
Duração: 139 min
Não que esse mérito de amadurecer a história tenha sido apenas dele. Na verdade, o terceiro livro já pede algo menos infantil. A começar Harry Potter não é mais criança. É um adolescente de 13 anos, muito mais forte e auto-confiante após dois anos de luta contra o fantasma de Voldemort. Isso é demonstrado na cena inicial, quando ele enfrenta a tia Guida, irmã do tio Wálter ainda na rua dos Alfeneiros. O ator Daniel Radcliffe também cresceu, tem uma fisionomia menos infantil, o que ajuda no visual de um Harry Potter mais velho. Além disso, temos dois elementos fortes na trama, o procurado Sirius Black e os temidos Dementadores. Isso ajuda no clima de terror, antes mais ameno. A cena no trem quando os guardas de Azkaban aparecem pela primeira vez e são detidos pelo professor Lupin demonstra bem a atmosfera sombria, desde o gelo nos vidros, a forma de sugar as alegrias do local até a fisionomia cansada de Lupin afastando-os com seu patrono.
Mas, nem só de temor vive Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban. Temos momentos divertidos como a apresentação do Nôitibus Andante, quando Harry passeia por Londres sem rumo. A agilidade do ônibus, o motorista cabeça, o cobrador, tudo gera diversão. Da mesma forma, a sequência no Caldeirão Furado traz boas piadas com bruxos e seu universo. Em uma cena de passagem, a camareira abre a porta e vem um rugido forte, ela diz: "volto depois", como se fosse a coisa mais normal do mundo. É lá também que Harry encontra Rony e Hermione, se preparando para mais um ano na escola que considera seu verdadeiro lar. É neste filme também que somos apresentados ao "Mapa do Maroto", artefato mágico muito útil para Harry e que encanta. Desde o "juro solenemente não fazer nada de bom" até o "Mal feito, feito", muitos sonhos acontecem.
É fato que Alfonso Cuarón é muito mais autoral que Chris Columbus. Ele prima pelas imagens, criando sequências encantadoras, repletas de externas, contemplativas como o vôo de Bicuço que explora as paisagens com um visual grandioso. Há também a cena dos dementadores sobrevoando o castelo logo no início, após o anúncio de Dumbledore. Cuarón sempre busca enquadramentos diferente como quando Harry ouve a profecia da professora Trelawney. Ele sai da sala e temos um plongée com o garoto descendo a escada e a tela escurecendo aos poucos. Mas, nem o mexicano escapa de repetições tolas como a piada do vôo do pássaro azul até o salgueiro lutador. Da primeira vez é bem legal, mas Cuarón repete isso algumas vezes no filme, o que a torna cansativa.
Outro trunfo de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban é a adaptação em si, com o roteiro de Steven Kloves. Aqui, a história do livro cabe perfeitamente no tempo do filme, tendo uma boa densidade e ritmo em toda a construção da trajetória. Claro que há uma alteração ou outra, como Dumbledore não selando a porta do hospital, a explicação dos criadores do Mapa do Maroto com seus apelidos, ou a Firebolt chegando apenas na última cena. Este fato acaba sendo reflexo de outra mudança que muitos fãs lamentaram, a não existência de partidas de Quadribol no filme. No terceiro livro, há toda uma trama na liberação da vassoura para que Harry possa jogar com uma arma extra e quando finalmente McGonagall deixa, a sensação da partida é a capacidade da Firebolt voar tão rápido que o narrador da partida se perde apenas elogiando-a. É um extra divertido que compõe o ano escolar, mas não prejudica a história final. O filme consegue apresentar uma boa trama e isso é o mais importante.
No elenco, a grande novidade é a presença de Emma Thompson como a avoada professora Trelawney pela força do nome da atriz. Destaque ainda para David Thewlis com Lupin e Timothy Spall como Pedro Pettigrew. Mas, a interpretação que nos chama mais a atenção é mesmo Gary Oldman como Sirius Black, que consegue passar da loucura à sensatez com muita facilidade. Os três meninos protagonistas por sua vez continuam em uma evolução gradual, cada vez mais à vontade com seus personagens, mas Emma Watson continua sendo a melhor dos três, assim como Daniel Radcliffe é o mais fraco. Outra curiosidade fica por conta do intérprete de Dumbledore, já que o ator Richard Harris faleceu, sendo substituído por Michael Gambon. Em termos de efeitos especiais, o filme também evolui, vide a transformação do lobisomem, bastante convincente e do rato que vai se metamorfoseando aos poucos.
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban marcou a série em vários aspectos, demonstrando que o personagem e o universo criado por J.K. Rowling não era apenas uma fábula infantil, mas uma história densa de um personagem que só tende a crescer a cada dia, criando camadas cada vez mais complexas em sua trajetória. A expectativa só cresceu a partir de então, apesar de demorar para este filme ser superado nas preferências em geral.
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Harry Potter and the Prisoner of Azkaban: 2004 /EUA)
Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Steven Kloves
Com: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Robbie Coltrane, Michael Gambon, Emma Thompson, David Thewlis, Gary Oldman, Timothy Spall, Alan Rickman.
Duração: 139 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
2011-06-19T15:04:00-03:00
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