E foi diante da curiosidade por esse filme, que conseguimos por e-mail uma entrevista exclusiva com Javier Drolas, o protagonista desta comédia romântica. Vamos ver o que ele nos contou sobre o filme, sua interpretação e os bastidores deste longa premiado. O filme tem estreia prevista no Brasil em 2 de setembro.
Medianeras: entrevista com Javier Drolas
Na 39º edição do Festival de Cinema de Gramado, um filme argentino foi um dos grandes vencedores. Medianeras - Buenos Aires na era do Amor Virtual ganhou três prêmios: Melhor Longa-metragem Estrangeiro, Prêmio do Júri Popular e Melhor Diretor. Este filme argentino de Gustavo Taretto conta a história de Martin, Mariana e seus desencontros. Eles vivem na mesma cidade, na mesma quadra, em apartamentos um de frente para o outro mas nunca conseguem se encontrar. Se conhecem online, na internet, mas na vida offline se cruzam sem saber da existência um do outro. Nas palavras de Gustavo Taretto, “Medianeras é o resultado de minhas observações e da minha curiosidade sobre Buenos Aires e seus habitantes que muitas vezes vivem suas vidas mais na internet do que fora dela”.
E foi diante da curiosidade por esse filme, que conseguimos por e-mail uma entrevista exclusiva com Javier Drolas, o protagonista desta comédia romântica. Vamos ver o que ele nos contou sobre o filme, sua interpretação e os bastidores deste longa premiado. O filme tem estreia prevista no Brasil em 2 de setembro.
E foi diante da curiosidade por esse filme, que conseguimos por e-mail uma entrevista exclusiva com Javier Drolas, o protagonista desta comédia romântica. Vamos ver o que ele nos contou sobre o filme, sua interpretação e os bastidores deste longa premiado. O filme tem estreia prevista no Brasil em 2 de setembro.
Você veio a Gramado representando Medianeras, como define o filme?
Para mim o filme é uma comedia romântica que faz o espectador rir em silêncio, intimamente.Fale um pouco do seu personagem, Martin, como foi a composição dele?
Martin é um “fóbico em vias de recuperação”. É um homem sensível, com muita vida interior, para quem é difícil exteriorizar seus sentimentos. Está se recuperando de uma separação que o deixou deprimido e com medo de não poder se relacionar novamente com o mundo. Para compor o personagem o diretor me deu algumas referências. Elas tinham em comum justamente isso: personagens carismáticos e que tem dificuldade em tomar decisões que quebram com o estado das coisas que o amedrontam. Tecnicamente, trabalhei muito a sutileza. O pequeno gesto. Durante a atuação trabalhei sem temer que Martin se tornasse excessivamente sensível em sua intimidade, acreditando que essa ‘sinceridade” o tornasse ainda mais carismático. Isso era algo que era indispensável ao personagem.Você já tinha trabalhado com Gustavo Taretto em um curta-metragem que deu origem ao longa, como foi trabalhar com ele?
Trabalhar com Gustavo foi muito fácil as duas vezes. A segunda, apesar de ter mais responsabilidade por ser um longa-metragem, e mesmo tendo baixo orçamento, o víamos como um grande filme, então não tivemos problema. O personagem já tinha sido testado (o curta-metragem ganhou 40 prêmios no mundo todo). Em primeiro lugar, Gustavo me escolheu novamente. Isso é um voto de confiança (frequentemente, os curtas que tornam-se longas trocam os atores originais por atores mais conhecidos, garantindo um maior êxito do filme no mercado local). Por outro lado, ele dá muita confiança aos atores : quando ele gosta da cena, não repete a tomada (isso aconteceu muitas vezes), se não gosta, filma de novo. Isso de não fazer 10 tomadas “por via das dúvidas” faz com que os atores sintam que o diretor sabe o que quer, e isto é muito importante para dar segurança aos atores.Fale um pouco sobre a relação com Pilar López de Ayala, a atriz que faz a Mariana, e como foi não poder falar com ela durante as filmagens?
Na verdade nos relacionamos pouco durante a filmagem. Tivemos poucos dias em comum no set. Me parece que é uma mulher bonita, tímida e um pouco misteriosa. E como eu sou também um pouco tímido... não interagimos muito. Suponho que se tivéssemos tido mais dias e mais cenas juntos, nós teríamos nos dado muito bem. A ideia original do diretor era que nos conhecêssemos só no dia em que fossemos filmar a cena em que os personagens se veem pela primeira vez no filme. Ele queria que a câmera capturasse a surpresa “real” de nos vermos pela primeira vez. Entretanto, isso não foi possível. Talvez pudesse ter acontecido se filmássemos em Hollywood. Mas não na Argentina, com baixo orçamento, subordinados aos caprichos do clima e com muitos dias filmando em externas. Tivemos que adaptar o cronograma de filmagem ao tempo (que é dinheiro) para que ele rendesse ao máximo. Por isso o cronograma original foi descartado e Pilar e eu compartilhamos uma semana durante a metade das filmagens.Medianeras fala de solidão e relações virtuais, como você vê essa realidade hoje? O mundo está mesmo se recolhendo cada vez mais atrás da tela do computador?
Eu tenho uma vida nada virtual. Cultivo as amizades e os encontros, os almoços e jantares em minha casa e na casa dos meus amigos. Cheguei ao auge de meus relacionamentos virtuais no verão passado quando eu tive que ficar na cama por uma operação no joelho. Mas isso foi tudo. Você já teve experiências de conhecer pessoas pela internet e depois ter relacionamentos mais próximos, no mundo off line?
Na verdade já aconteceu o contrário: mantenho contato com pessoas que conheci em viagens e com amigos que vivem fora do país através do computador.Como definiria a internet na sua vida?
Para mim é um entretenimento e um meio de difusão para meus projetos teatrais. Você é um ator com uma experiência maior no teatro. Quer se dedicar mais à carreira cinematográfica? Quais são seus planos?
Eu gosto muito de atuar no cinema. Tive a sorte de protagonizar Medianeras sem ter tido muita experiência com a câmera anteriormente. Aprendi na prática. Minha experiência maior é no teatro. Adoraria experimentar mais no cinema, com personagens diferentes e poder utilizar outras formas de interpretação.O cinema argentino é reconhecidamente bom, principalmente pelo trabalho de Juan José Campanella. O mercado cinematográfico argentino é favorável?
A Argentina é um país artisticamente muito prolífico, levando em consideração as condições econômicas e a baixa população (algo em torno de 40.000.000 de pessoas em 2.700.000 de km2). De qualquer forma, é difícil que um filme argentino tenha seu verdadeiro sucesso no mercado local. Os filmes de Campanella são um bom exemplo. A tendência dos distribuidores é a de apostar em produções norte-americanas. Acho que pouco a pouco a tendência pode ir mudando a favor de filmes nacionais. Acredito que Medianeras pode obter bastante sucesso e comprovar essa nova tendência.E em relação ao estilo, como você definiria o cinema argentino?
Acho que estamos tentando criar uma identidade da qual ainda não somos muito conscientes. Você já veio ao Brasil algumas vezes, que cidades visitou? Conhece Salvador, na Bahia? Se sim, o que achou? Se não, qual a cidade que mais gostou?
Estive muitas vezes no Brasil. Conheço Florianópolis, Porto Alegre, Gramado, Rio, Brasília, Foz do Iguaçu, São Paulo, São Sebastião, Ilha Bela, Arraial d’ajuda, Bahia, Arraial do Cabo e outros lugares que agora não me lembro. Eu sou fã do Brasil. Adoro a diversidade geográfica, as pessoas, a música, a comida. Na Bahia só estive de passagem, uma pena. Só visitei o Pelourinho. Adorei suas ruas e a quantidade enorme de igrejas barrocas. Igrejas fechadas...isso me pareceu muito curioso. Seria um pouco injusto dizer que conheço bem a Bahia, porque só visitei o lugar mais turístico. O lugar que mais gostei foi o Rio de Janeiro, mas isso está muito ligado aos momentos que eu passei lá. Tenho amigos que vivem no Rio e sempre é bom ter um anfitrião que conhece bem a cidade para nos mostrar suas belezas.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Medianeras: entrevista com Javier Drolas
2011-08-30T08:37:00-03:00
Amanda Aouad
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