O Rei Leão em 3D
O Rei Leão é o último grande clássico da Disney. Daqueles contos inesquecíveis que começaram com Branca de Neve e todo ano arrastava quarteirões com suas músicas e magia que só aqueles estúdios conseguiam fazer. Mesmo Tarzan já não teve o mesmo encanto. E por mais que tenha tentado, Enrolados também não conseguiu o mesmo intento. A realidade em 3D da Pixar com roteiros com diversas camadas conquistou platéias e restou aos herdeiros de Walt Disney se juntar a eles. Mas, nem tudo ficou no passado.
Entrar no cinema em 2011 para ver novamente O Rei Leão na grande tela é uma experiência única. A desculpa é a projeção em 3D, mas a verdade é que nunca é demais assistir a essa pequena obra de arte na sala escura. O som, as imagens, as músicas que ficaram na memória nos envolvem diante da construção da história do pequeno Simba, o leãozinho que se vê em meio a uma tragédia pessoal e tem que reaprender a viver. A trama, primeiro roteiro original do estúdio, tem diversas inspirações como Hamlet de Shakespeare, Moisés da Bíblia e dizem até que foi criado como uma homenagem ao príncipe Wiliam da Inglaterra. É uma história de sucessão no "ciclo da vida", com traições, cobiças, amizades e relações familiares em um emaranhado bem elaborado.
Mas, mais do que uma história bem contada, O Rei Leão ainda hoje nos impressiona pela beleza da animação, rica em detalhes e composto de uma maneira exuberante. O que dizer da cena de abertura, onde os animais da savana se reunem para saudar o pequeno Simba que acabara de nascer? A música de Elton John, mesmo na versão em português, é imponente, grandiosa. Os detalhes dos animais se movimentando, as patas, os gritos, os olhares de expectativa. A chegada do macaco sacerdote, a forma como todos se afastam em um corredor para que ele passe. Os reis esperando com sua postura, o pequeno leão no berço. O ritual, o levantar de braços mostrando-o a todos e a vibração. É incrível.
E em 3D ficou ainda melhor, várias camadas de pássaros voando, por exemplo, para se aproximar da pedra do rei. O jogo de profundidade. O jogo de cena impressiona. Ao ver esses primeiros minutos de projeção nos parece mesmo importante a utilização de tal tecnologia. A cena que já era rica cresceu ainda mais em beleza, impacto e emoção. Pena que só faça tanta diferença aqui e no final do filme. No restante da projeção, até esquecemos o 3D, que é discreto na maior parte do tempo, quase imperceptível em alguns momentos. Mas ainda assim ficamos encantados com aquela bela construção de imagens.
A animação reconstrói a linguagem cinematográfica de forma eficiente em vários aspectos. Até mesmo nos simbólicos, como colocar sempre Scar, o irmão invejoso de Mufasa, na sombra. O pai de Simba explica em uma cena que tudo que o sol toca é o reino deles, então, vê-lo longe dos raios solares é sempre um indício interessante. As imagens falam em diversas cenas como quando Simba desobedece ao pai pela primeira vez e logo depois ele compara sua pata com a do Leão mais velho, percebendo sua fragilidade. Há ainda um bom jogo de som e imagem, como quando o leãozinho está cercado pelas hienas e tenta rugir. Na segunda tentativa, ouvimos a força do rugir de um leão e ficamos uma fração de segundos na dúvida se o pequeno cresceu até revelar que é seu pai chegando para salvá-lo.
O filme tem momentos inesquecíveis como a apresentação de Timão e Pumba com seu lema "Hakuna Matata", que consiste em viver sem problemas. A música desse momento é um marco de mudança na vida de Simba que acabara de sofrer o pior golpe de sua existência. Ali, ele abdica de tudo para viver na mata com os novos amigos. Não por acaso, a cena representa uma elipse de tempo, que salta daquele momento até vermos o personagem como um leão adulto. É uma simbologia também de que durante esse tempo em que Simba viveu na floresta sem preocupações, sua vida estacionou de uma certa maneira. Ele precisa seguir o seu destino e assumir o lugar que foi do seu pai e é seu por direito.
O Rei Leão é um clássico, uma obra inesquecível com a qual a Disney nos presenteou. É sempre bom revê-lo, ainda mais no cinema. Já O Rei Leão em 3D tem momentos impressionantes, porque ressalta a beleza que já era intrínseca ao filme. Mas não chega a trazer novidades e não se sustenta durante toda a projeção. Ainda assim, é um teste para que os estúdios Disney percebam se ainda há público para esse tipo de filme nos dias de hoje, já que muita criança vai vê-lo pela primeira vez.
O Rei Leão em 3D (The Lion King: 1994 / Remasterização: 2011 - EUA)
Direção: Roger Allers, Rob Minkoff
Roteiro: Irene Mecchi, Jonathan Roberts e Linda Woolverton
Com: Matthew Broderick, Rowan Atkinson, Niketa Calame, Jim Cummings.
Duração: 88 min.
Entrar no cinema em 2011 para ver novamente O Rei Leão na grande tela é uma experiência única. A desculpa é a projeção em 3D, mas a verdade é que nunca é demais assistir a essa pequena obra de arte na sala escura. O som, as imagens, as músicas que ficaram na memória nos envolvem diante da construção da história do pequeno Simba, o leãozinho que se vê em meio a uma tragédia pessoal e tem que reaprender a viver. A trama, primeiro roteiro original do estúdio, tem diversas inspirações como Hamlet de Shakespeare, Moisés da Bíblia e dizem até que foi criado como uma homenagem ao príncipe Wiliam da Inglaterra. É uma história de sucessão no "ciclo da vida", com traições, cobiças, amizades e relações familiares em um emaranhado bem elaborado.
Mas, mais do que uma história bem contada, O Rei Leão ainda hoje nos impressiona pela beleza da animação, rica em detalhes e composto de uma maneira exuberante. O que dizer da cena de abertura, onde os animais da savana se reunem para saudar o pequeno Simba que acabara de nascer? A música de Elton John, mesmo na versão em português, é imponente, grandiosa. Os detalhes dos animais se movimentando, as patas, os gritos, os olhares de expectativa. A chegada do macaco sacerdote, a forma como todos se afastam em um corredor para que ele passe. Os reis esperando com sua postura, o pequeno leão no berço. O ritual, o levantar de braços mostrando-o a todos e a vibração. É incrível.
E em 3D ficou ainda melhor, várias camadas de pássaros voando, por exemplo, para se aproximar da pedra do rei. O jogo de profundidade. O jogo de cena impressiona. Ao ver esses primeiros minutos de projeção nos parece mesmo importante a utilização de tal tecnologia. A cena que já era rica cresceu ainda mais em beleza, impacto e emoção. Pena que só faça tanta diferença aqui e no final do filme. No restante da projeção, até esquecemos o 3D, que é discreto na maior parte do tempo, quase imperceptível em alguns momentos. Mas ainda assim ficamos encantados com aquela bela construção de imagens.
A animação reconstrói a linguagem cinematográfica de forma eficiente em vários aspectos. Até mesmo nos simbólicos, como colocar sempre Scar, o irmão invejoso de Mufasa, na sombra. O pai de Simba explica em uma cena que tudo que o sol toca é o reino deles, então, vê-lo longe dos raios solares é sempre um indício interessante. As imagens falam em diversas cenas como quando Simba desobedece ao pai pela primeira vez e logo depois ele compara sua pata com a do Leão mais velho, percebendo sua fragilidade. Há ainda um bom jogo de som e imagem, como quando o leãozinho está cercado pelas hienas e tenta rugir. Na segunda tentativa, ouvimos a força do rugir de um leão e ficamos uma fração de segundos na dúvida se o pequeno cresceu até revelar que é seu pai chegando para salvá-lo.
O filme tem momentos inesquecíveis como a apresentação de Timão e Pumba com seu lema "Hakuna Matata", que consiste em viver sem problemas. A música desse momento é um marco de mudança na vida de Simba que acabara de sofrer o pior golpe de sua existência. Ali, ele abdica de tudo para viver na mata com os novos amigos. Não por acaso, a cena representa uma elipse de tempo, que salta daquele momento até vermos o personagem como um leão adulto. É uma simbologia também de que durante esse tempo em que Simba viveu na floresta sem preocupações, sua vida estacionou de uma certa maneira. Ele precisa seguir o seu destino e assumir o lugar que foi do seu pai e é seu por direito.
O Rei Leão é um clássico, uma obra inesquecível com a qual a Disney nos presenteou. É sempre bom revê-lo, ainda mais no cinema. Já O Rei Leão em 3D tem momentos impressionantes, porque ressalta a beleza que já era intrínseca ao filme. Mas não chega a trazer novidades e não se sustenta durante toda a projeção. Ainda assim, é um teste para que os estúdios Disney percebam se ainda há público para esse tipo de filme nos dias de hoje, já que muita criança vai vê-lo pela primeira vez.
O Rei Leão em 3D (The Lion King: 1994 / Remasterização: 2011 - EUA)
Direção: Roger Allers, Rob Minkoff
Roteiro: Irene Mecchi, Jonathan Roberts e Linda Woolverton
Com: Matthew Broderick, Rowan Atkinson, Niketa Calame, Jim Cummings.
Duração: 88 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Rei Leão em 3D
2011-08-31T23:56:00-03:00
Amanda Aouad
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