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Os Trapalhões na Guerra dos Planetas
Os Trapalhões na Guerra dos Planetas
Como já fizemos um especial sobre Star Wars, resolvi comemorar a chegada do Blu-Ray da Saga de uma forma diferente. E assim, puxar o gancho também do próximo CineSaladaClube que acontece dia 01 de outubro na livraria Saraiva do Shopping Iguatemi (Salvador-Ba). Por isso, falo aqui do primeiro filme dos Trapalhões com a formação completa do quarteto: Didi, Dedé, Mussum e Zacarias.
Os Trapalhões na Guerra dos Planetas, dirigido por Adriano Stuart, é uma paródia de Star Wars. Lançado um ano após o primeiro filme da Saga de George Lucas, sua intenção clara de pegar carona no sucesso de Hollywood acaba tornando-a uma aventura vazia e com poucos momentos de graça propriamente dita. É inegável o talento do grupo, que mesmo no início já demonstra bom entrosamento e tempo nas piadas. Principalmente entre os novatos, Mussum e Zacarias, verdadeiras almas do quarteto, esbanjando naturalidade. A história de Adriano Stuart, feita provavelmente a toque de caixa, fica aquém de tanto talento.
Comparando esse filme com as demais paródias feitas posteriormente pelo grupo, percebe-se a pobreza aqui, sem nenhuma compreensão ainda do que significava Star Wars, Stuart cria uma história absurda que serve apenas de desculpa para a ação e imitação de roupas e cenários daquela galáxia muito, muito distante. Após uma cena inicial quase interminável de perseguição, o grupo se deita para dormir em um descampado. No meio da noite, uma nave espacial pousa, de onde sai o príncipe Flick, um protótipo de Luke Skywalker misturado a Han Solo, que precisa de ajuda para enfrentar o malvado Zuco, que de Darth Vader só tem a roupa preta e a máscara parecida. Para completar, a missão do grupo é ajudar Flick a recuperar metade de um computador que está nas mãos de Zuco, pois juntando as duas partes, a pessoa que possuir a máquina controla a galáxia.
Nem entrarei no mérito que de que o tal computador parece um console de Atari, nem nos parcos recursos da produção tupiniquim que constrói máquinas voadoras de papel, efeitos de luz quase mambembes e cenários de planetas com bolas de gude. A imaginação e vontade de fazer, aliados ao momento em que o filme fora lançado perdoa estes problemas técnicos. O que incomoda de fato em Os Trapalhões na Guerra dos Planetas é a falta de um enredo consistente, ou mesmo de personagens bem desenvolvidos. O filme se desenvolve em uma sucessão de cenas de ação com uma trilha sonora datada e repetitiva, com pequenas pausas para diálogos completamente soltos. A situação é tão complicada que a resolução se torna das mais absurdas já vistas, principalmente no que diz respeito à princesa Myrna sequestrada por Zuco, o príncipe Flick, Didi e a moça do planeta que lembra Tatooine.
Porém, mesmo com tantos problemas, Os Trapalhões na Guerra dos Planetas têm uma função, ainda que precária. Ele entretem as crianças, que ficam maravilhadas com as piruetas do grupo acostumado ao trabalho circense. As cenas em que os Trapalhões lutam com os seres invisíveis, por exemplo, é bem orquestrada, assim como os momentos de fuga na areia, ou a prisão deles pelos soldados de Zuco. Mesmo entre absurdo, é engraçado ver Didi com uma arma que tem diversas funções e transforma Zuco em uma estátua para ser ridicularizada. É ainda mais engraçado que temos Vader como referência e todo o seu significado.
Os personagens, no entanto, não parecem ter alma. São meros executores de ação, a começar pelo príncipe Flick que funciona como uma mistura de Luke com Han Solo apenas em suas funções. Ele mora num planeta igual a Tatooine, é noivo da princesa Myrna, tem uma nave em companhia de Bonzo, uma espécie tosca de wookie e é sério ao extremo como um príncipe chato de contos de fadas. Mas, ao mesmo tempo é um personagem vazio, suas motivações são frágeis, sem emoção e a prova disso é como encara a resolução de sua história. E Flick é apenas um exemplo da construção de todos os personagens no filme, sem nenhum embasamento para uma história que funcione.
Na verdade, Os Trapalhões na Guerra dos Planetas parece apenas um projeto oportunista que pega carona no talento para fazer rir do grupo com o sucesso de um filme que ainda se tornaria lenda. Uma paródia frágil diante das possibilidades existentes e que os Trapalhões demonstraram ter capacidade de fazer em todos os outros filmes da série, seja parodiando clássicos da literatura, filmes ou peças teatrais com enorme sucesso e talento. Verdadeiros bálsamos do nosso cinema, em uma época em que cinema nacional começava a descer a ladeira.
Surpreendentemente, achamos o filme completo no Youtube e colocamos abaixo.
Os Trapalhões na Guerra dos Planetas (Os Trapalhões na Guerra dos Planetas / Brasil: 1978)
Direção: Adriano Stuart
Roteiro: Adriano Stuart
Com: Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum, Zacarias, Pedro Aguinaga, Carlos Bucka, Wilma Dias, Carlos Kurt, Maria Cristina, Emil Rached.
Duração: 88 min.
Os Trapalhões na Guerra dos Planetas, dirigido por Adriano Stuart, é uma paródia de Star Wars. Lançado um ano após o primeiro filme da Saga de George Lucas, sua intenção clara de pegar carona no sucesso de Hollywood acaba tornando-a uma aventura vazia e com poucos momentos de graça propriamente dita. É inegável o talento do grupo, que mesmo no início já demonstra bom entrosamento e tempo nas piadas. Principalmente entre os novatos, Mussum e Zacarias, verdadeiras almas do quarteto, esbanjando naturalidade. A história de Adriano Stuart, feita provavelmente a toque de caixa, fica aquém de tanto talento.
Comparando esse filme com as demais paródias feitas posteriormente pelo grupo, percebe-se a pobreza aqui, sem nenhuma compreensão ainda do que significava Star Wars, Stuart cria uma história absurda que serve apenas de desculpa para a ação e imitação de roupas e cenários daquela galáxia muito, muito distante. Após uma cena inicial quase interminável de perseguição, o grupo se deita para dormir em um descampado. No meio da noite, uma nave espacial pousa, de onde sai o príncipe Flick, um protótipo de Luke Skywalker misturado a Han Solo, que precisa de ajuda para enfrentar o malvado Zuco, que de Darth Vader só tem a roupa preta e a máscara parecida. Para completar, a missão do grupo é ajudar Flick a recuperar metade de um computador que está nas mãos de Zuco, pois juntando as duas partes, a pessoa que possuir a máquina controla a galáxia.
Nem entrarei no mérito que de que o tal computador parece um console de Atari, nem nos parcos recursos da produção tupiniquim que constrói máquinas voadoras de papel, efeitos de luz quase mambembes e cenários de planetas com bolas de gude. A imaginação e vontade de fazer, aliados ao momento em que o filme fora lançado perdoa estes problemas técnicos. O que incomoda de fato em Os Trapalhões na Guerra dos Planetas é a falta de um enredo consistente, ou mesmo de personagens bem desenvolvidos. O filme se desenvolve em uma sucessão de cenas de ação com uma trilha sonora datada e repetitiva, com pequenas pausas para diálogos completamente soltos. A situação é tão complicada que a resolução se torna das mais absurdas já vistas, principalmente no que diz respeito à princesa Myrna sequestrada por Zuco, o príncipe Flick, Didi e a moça do planeta que lembra Tatooine.
Porém, mesmo com tantos problemas, Os Trapalhões na Guerra dos Planetas têm uma função, ainda que precária. Ele entretem as crianças, que ficam maravilhadas com as piruetas do grupo acostumado ao trabalho circense. As cenas em que os Trapalhões lutam com os seres invisíveis, por exemplo, é bem orquestrada, assim como os momentos de fuga na areia, ou a prisão deles pelos soldados de Zuco. Mesmo entre absurdo, é engraçado ver Didi com uma arma que tem diversas funções e transforma Zuco em uma estátua para ser ridicularizada. É ainda mais engraçado que temos Vader como referência e todo o seu significado.
Os personagens, no entanto, não parecem ter alma. São meros executores de ação, a começar pelo príncipe Flick que funciona como uma mistura de Luke com Han Solo apenas em suas funções. Ele mora num planeta igual a Tatooine, é noivo da princesa Myrna, tem uma nave em companhia de Bonzo, uma espécie tosca de wookie e é sério ao extremo como um príncipe chato de contos de fadas. Mas, ao mesmo tempo é um personagem vazio, suas motivações são frágeis, sem emoção e a prova disso é como encara a resolução de sua história. E Flick é apenas um exemplo da construção de todos os personagens no filme, sem nenhum embasamento para uma história que funcione.
Na verdade, Os Trapalhões na Guerra dos Planetas parece apenas um projeto oportunista que pega carona no talento para fazer rir do grupo com o sucesso de um filme que ainda se tornaria lenda. Uma paródia frágil diante das possibilidades existentes e que os Trapalhões demonstraram ter capacidade de fazer em todos os outros filmes da série, seja parodiando clássicos da literatura, filmes ou peças teatrais com enorme sucesso e talento. Verdadeiros bálsamos do nosso cinema, em uma época em que cinema nacional começava a descer a ladeira.
Surpreendentemente, achamos o filme completo no Youtube e colocamos abaixo.
Os Trapalhões na Guerra dos Planetas (Os Trapalhões na Guerra dos Planetas / Brasil: 1978)
Direção: Adriano Stuart
Roteiro: Adriano Stuart
Com: Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum, Zacarias, Pedro Aguinaga, Carlos Bucka, Wilma Dias, Carlos Kurt, Maria Cristina, Emil Rached.
Duração: 88 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Os Trapalhões na Guerra dos Planetas
2011-09-19T08:06:00-03:00
Amanda Aouad
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