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Contra o tempo
Contra o tempo
Trazendo uma mistura de Feitiço do Tempo com Matrix, e alguns elementos do próprio Lunar, primeiro filme de Duncan Jones, Contra o tempo é daqueles filmes que instiga e envolve. Claro que o nome original Código Fonte daria um ar menor de déjà vu ao público brasileiro, aliás, Déjà vu é outro filme que pode ser enquadrado na lista de inspirações da obra. Mas Contra o tempo é mesmo como o personagem de Jake Gyllenhaal está nesse thriller de ficção científica.
O capitão Colter Stevens acorda de repente em um trem, na frente de uma mulher que nunca viu e em um corpo que não é o seu. Tudo é muito confuso, ele se sente perdido, até que uma bomba explode e ele descobre que faz parte de uma missão secreta americana chamada de Código Fonte. O que é essa missão e o que está exatamente acontecendo ali, nem Stevens nem o espectador sabem direito, as informações vão sendo dadas aos poucos e cada uma vai nos surpreendendo e instigando.
O roteiro de Ben Ripley é bem feito, costurando bem as idas e vindas de Stevens a cada tentativa de descobrir o terrorista. Assim como a direção de Duncan Jones já nos conduz em cada detalhe de uma forma inteligente, dando pistas sem entregar tudo de uma vez. É preciso retornar várias vezes àquele trem para compreender tudo o que aconteceu ali. Literalmente. Somos jogados junto com o capitão Stevens naquela viagem psicológica, astral, temporal. O jogo de imagens é bem feito nesse vai e vem que poderia ser repetitivo, mas se torna cada vez mais urgente e instigante. Mais do que ficção científica, Jones se utiliza do pacote de efeitos de romance policial para prender o espectador. E funciona.
Com mais recursos do que o modesto Lunar que passou quase despercebido pelo Brasil, Contra o tempo esbanja efeitos especiais, mas nem por isso deixa de manter a marca do diretor. A tensão psicológica é grande em torno de seu protagonista que tenta entender sua situação à medida em que é cobrado pelo cumprimento da missão. E ainda que muitas situações soem repetitivas e clichês, não deixa de nos envolver a cada instante. Além de emocionar com um plano específico quase no final do filme. Simples, direto e altamente funcional. Falar mais seria entregar a trama e boa parte de seu desenvolvimento.
Jake Gyllenhaal está muito bem no papel de Colter Stevens, conseguindo trazer sensibilidade ao drama complexo que vive. Pensando nas motivações do personagem, é possível compreender o quão complexo é sua construção. Quase inimaginável, de fato. Já Michelle Monaghan é pouco exigida, da mesma forma que a ótima Vera Farmiga, que só tem a possibilidade de lembrar a atriz indicada ao Oscar por Amor sem Escalas no ato final. Ainda assim, elenco e roteiro funcionam de uma maneira orgânica, envolvendo o espectador no drama de todos aqueles personagens secundários dentro do trem.
Contra o tempo não é impactante quanto Lunar, é verdade. O primeiro filme do filho de David Bowie surpreendeu o mundo em diversos aspectos, até na forma como ele brinca com nossa expectativa em relação ao computador que ajuda o protagonista. Aqui, as referências são mais leves e muitas situações são repetitivas, trazendo pouca originalidade ainda que a premissa principal a seja. De qualquer forma é um filme envolvente, bem realizado e com uma boa dose de curiosidade e adrenalina.
Contra o tempo (Source Code: 2011 / Estados Unidos)
Direção: Duncan Jones
Roteiro: Ben Ripley
Com: Jake Gyllenhaal, Michelle Monaghan, Jeffrey Wright, Vera Farmiga.
Duração: 93 min
O capitão Colter Stevens acorda de repente em um trem, na frente de uma mulher que nunca viu e em um corpo que não é o seu. Tudo é muito confuso, ele se sente perdido, até que uma bomba explode e ele descobre que faz parte de uma missão secreta americana chamada de Código Fonte. O que é essa missão e o que está exatamente acontecendo ali, nem Stevens nem o espectador sabem direito, as informações vão sendo dadas aos poucos e cada uma vai nos surpreendendo e instigando.
O roteiro de Ben Ripley é bem feito, costurando bem as idas e vindas de Stevens a cada tentativa de descobrir o terrorista. Assim como a direção de Duncan Jones já nos conduz em cada detalhe de uma forma inteligente, dando pistas sem entregar tudo de uma vez. É preciso retornar várias vezes àquele trem para compreender tudo o que aconteceu ali. Literalmente. Somos jogados junto com o capitão Stevens naquela viagem psicológica, astral, temporal. O jogo de imagens é bem feito nesse vai e vem que poderia ser repetitivo, mas se torna cada vez mais urgente e instigante. Mais do que ficção científica, Jones se utiliza do pacote de efeitos de romance policial para prender o espectador. E funciona.
Com mais recursos do que o modesto Lunar que passou quase despercebido pelo Brasil, Contra o tempo esbanja efeitos especiais, mas nem por isso deixa de manter a marca do diretor. A tensão psicológica é grande em torno de seu protagonista que tenta entender sua situação à medida em que é cobrado pelo cumprimento da missão. E ainda que muitas situações soem repetitivas e clichês, não deixa de nos envolver a cada instante. Além de emocionar com um plano específico quase no final do filme. Simples, direto e altamente funcional. Falar mais seria entregar a trama e boa parte de seu desenvolvimento.
Jake Gyllenhaal está muito bem no papel de Colter Stevens, conseguindo trazer sensibilidade ao drama complexo que vive. Pensando nas motivações do personagem, é possível compreender o quão complexo é sua construção. Quase inimaginável, de fato. Já Michelle Monaghan é pouco exigida, da mesma forma que a ótima Vera Farmiga, que só tem a possibilidade de lembrar a atriz indicada ao Oscar por Amor sem Escalas no ato final. Ainda assim, elenco e roteiro funcionam de uma maneira orgânica, envolvendo o espectador no drama de todos aqueles personagens secundários dentro do trem.
Contra o tempo não é impactante quanto Lunar, é verdade. O primeiro filme do filho de David Bowie surpreendeu o mundo em diversos aspectos, até na forma como ele brinca com nossa expectativa em relação ao computador que ajuda o protagonista. Aqui, as referências são mais leves e muitas situações são repetitivas, trazendo pouca originalidade ainda que a premissa principal a seja. De qualquer forma é um filme envolvente, bem realizado e com uma boa dose de curiosidade e adrenalina.
Contra o tempo (Source Code: 2011 / Estados Unidos)
Direção: Duncan Jones
Roteiro: Ben Ripley
Com: Jake Gyllenhaal, Michelle Monaghan, Jeffrey Wright, Vera Farmiga.
Duração: 93 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Contra o tempo
2011-10-04T09:40:00-03:00
Amanda Aouad
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