Ontem, Salvador sediou pela primeira vez a premiação do Prêmio Brasil de Cinema Infantil, com a presença da cineasta Carla Camurati e a diretora do grupo Labocine, Silvia Rabello. Em sua quarta edição, o prêmio surgiu com idéia de tornar o Festival ainda mais atrativo. Carla Camurati ressaltou o receio de não ter produção brasileira suficiente com o tema, mas que foram surpreendidos pela quantidade. Segundo a cineasta, falta verba no Brasil para produções, sem dúvidas, mas que dinheiro é apenas um capítulo, o que precisa ser discutido são formatos e bons roteiros que possam ser feitos com muita verba, pouca verba ou até com verba nenhuma. E entre os finalistas, podemos ver que a afirmação da responsável pela retomada do Cinema Brasileiro com Carlota Joaquina, tem toda razão. Havia filmes bancados por leis de incentivos, como também produções completamente independentes e idéias simples, mas bem resolvidas.
O júri formado por crianças do ensino médio de escolas baianas escolheu entre os 27 filmes classificados, os vencedores premiados na tarde de ontem. Ao todo, foram apresentados nove finalistas em três categorias. Na categoria Mostra Teen, o grande vencedor foi Naiá e a Lua de Leandro Tadashi de São Paulo, o filme é inspirado na fábula do surgimento da Vitória-régia e mistura muito bem animação com live action, em uma boa produção que tem uma garotinha índia como protagonista. Mereceu o prêmio, apesar de eu ter ficado mais impressionada com o bom O Acaso e a Borboleta, uma animação sobre a passagem da vida, que tem simbologias interessantes como os contornos vazios dos figurantes que passam na direção contrária diferenciados da protagonista colorida. Cada pessoa que entra em sua vida, fica colorida como ela, assim como as que saem ficam contornos vazios. Na categoria, teve ainda o curta, Picolé, Pintinho e Pipa que faz parte do projeto Nós no Morro, gravado no Vidigal. 
Na categoria Histórias Curtas, o vencedor foi As férias de Lord Lucas, uma divertida história de Tatiana Nequete do Rio Grande do Sul. A trama traz a aventura de Lucas, um garoto que não compreende as mudanças de sua irmã que está crescendo e começa a imaginar algo bem mais complicado e fantasioso. O roteiro é muito bem desenvolvido, com uma linguagem fácil, que diverte, ensina e envolve crianças e adultos. Foi uma categoria difícil, Lápis de Cor, é outra trama que chama a atenção, principalmente pelo recurso da imagem em preto e branco, enquanto o garoto não tem cor para os seus desenhos, depois a imagem vai ficando no tom da cada cor básica (vermelha, amarelo e azul) até conseguir a coloração natural. A mistura de desenho e live action também é bem feita. O terceiro concorrente, O Filho do Vizinho, tem um ótimo argumento e uma boa direção de cena, o que peca é apenas o texto da narração, bastante frágil.
Na categoria Animação, o grande vencedor foi Tadinha, animação baiana de Maria Luiza Barros, Ducca Rios e Leonardo Copello que traz a divertida história de uma menina que vê o mundo de uma forma bem simples e direta. Seu pai tenta fazer com que ela minta para um vizinho chato, dizendo que não está em casa, ela não consegue e vai para o castigo. Em seu quarto, ela imagina a situação em sua forma particular dever o mundo. O filme conta ainda com uma música fácil de cantar que cativa as crianças. Ainda nessa categoria teve Mocó Jack, uma aventura de um jacaré com rabo e boca curta, feito em 3D, sem falas, o filme tem uma boa movimentação e situações engraçadas. Já Tromba Trem: Vizinho das Estrelas, foi o vencedor do projeto piloto do AnimaTV de 2009. O curta apresentado é um episódio onde Gajah, Duda e os Cupins chegam ao Deserto do Atacama e conhecem dois flamingos que se odeiam, porque tem hábitos completamente opostos. Criativo e que funciona bem como uma série. Com quase todos os representantes dos filmes presentes, o evento se encerrou com a entrega dos troféus e prêmios aos vencedores. Todos os finalistas levaram troféus para casa e puderam expressar um pouco da felicidade de estar ali tendo seu trabalho reconhecido. Um bom exemplo para que novos eventos como esse possam surgir por todo o país. É a terceira vez que acompanho o FICI aqui em Salvador e fico feliz de ver uma diversidade tão boa de produções nacionais e internacionais voltadas para crianças. Pena que a maioria delas nunca entra em exibição comercial no país, nem mesmo em DVD.
Aqui, seguem mais alguns trailers e até os curtas completos que achamos espalhados por aí. É só relaxar e deixar a lista rodar, mas, se quiser, tem um controle para adiantar e voltar do lado da marca do Youtube. Bom divertimento!
